CCR acelera em rodovias e deixa os planos de aeroportos “na pista” – grupo de infraestutura vai focar em rodovias e mobilidade urbana e pode reavaliar exposição ao modal de aeroportos, em 29.09.23


Fonte: InfoMoney – 28/09/2023
Um crescimento rentável e seletivo: esse foi o primeiro pilar estratégico apresentado pelo Grupo CCR em evento para investidores realizado na manhã desta quinta (28).

Com este foco, mais “pé no chão”, Miguel Setas, CEO da empresa, explicou a ausência de participação da CCR nos leilões dos lotes 1 e 2 do Paraná. “Temos um pipeline extenso, mas seremos seletivos nas nossas escolhas”, afirma. Isso, explica Setas, tem relação com uma rigorosa alocação de capital, foco na criação de valor de otimização de portfólio.

A alocação de capital inclui uma execução de CAPEX de forma rigorosa.

Hoje, a companhia possui um saldo de investimentos com R$ 33 bilhões a serem executados. Desse valor, R$ 28 bilhões [85%] estão no modal rodoviário, R$ 3 bi [9%] em mobilidade urbana e R$ 2 bi [6%]em aeroportos.

“Temos um estudo de plataformas por modal que visam gerar valor, otimizar capital, acelerar crescimento e simplificar gestão e estamos estudando cada uma delas”, afirma Setas.

Oportunidades de reciclagem de capital também serão avaliadas principalmente nos ativos que se enquadram em uma classificação de ‘desafiadores’ que não agregam ao portfólio, e os maduros “não-âncoras”, que são bons geradores de caixa mas não têm potencial de agregação de valor.

Setas disse que a diretoria já tem ideia de que ativos podem ser desinvestidos, mas que nenhuma decisão foi tomada pelo Conselho.

Um setor que parece estar mais próximo de uma cristalização de valor na companhia é o aeroportuário. Para esse modal, o termo mais repetido foi de-risking, uma redução de risco de investimento.

“Estamos muito atentos a movimentos de consolidação que podem trazer criação de valor”, afirma Setas, que não deixou claro se a CCR será compradora ou vendedora neste modal (aeroportuário), embora reconheça que irá prezar por um limite de exposição. “Temos uma agenda de cristalização de valor no modal aeroportuário (…). A CCR vai cumprir suas obrigações e fazer um de-risking”, prossegue o CEO.

Questionado também sobre uma possível oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) da vertical de aeroportos, Miguel Setas diz que a empresa não definiu o tema, mas que estuda todas formas de financiamento.

Embora a companhia esteja priorizando uma otimização de seu portfólio, a CCR mostrou aos investidores algumas concessões que estão sendo monitoradas pelo grupo.

No modal rodoviário, destaque para os lotes 3 e 6 das estradas federais do Paraná e as BRs 341 e 040.

No transporte coletivo, as oportunidades no radar estão no Trem Intercidades (TIC), que pretende conectar a capital paulista a Campinas e Sorocaba, além de assumir outras linhas de trens e metrôs da cidade – a empresa já opera as linhas 4, 5, 8 e 9 no Estado.

Em outra frente, com uma área estruturada apenas para avaliar a acompanhar a agenda regulatória, a empresa realizou, desde 2020, 17 “reequilíbrios” contratuais.

“Os contratos de concessão são os principais ativos da companhia. A gente espera que eles sejam seguidos até o fim. Mas eles são de 20, 30 anos, então é natural que haja mudanças”, afirma Roberto Penna, vice-presidente jurídico. Algumas dessas negociações incluíram o encerramento de brigas na justiça que se arrastavam há mais de 10 anos.

A empresa também vai buscar negócios adjacentes. Um dos focos será em energia.

“É quase inevitável”, diz o executivo que já comandou a EDP. Isso porque a CCR é a 40ª maior consumidora de energia do Brasil. Outro ponto de diversificação é a busca de receitas complementares no entorno dos ativos, como rodovias e mobilidade urbana. “Do lado de receitas complementares, estamos falando de uma projeção potencial de quadruplicar [de R$ 50 milhões para R$ 200 milhões] em receitas complementares”, afirma.

Em outra frente, uma parceria com a Secretaria da Fazenda ajudou no combate à fraude no transporte rodoviário com uso de eixos suspensos pelos caminhões. “Conseguimos aumentar nossa receita em uma média de 3,5%. Essa foi a primeira alavanca de valor que já estamos capturando”, diz Eduardo Camargo, vice-presidente do negócio de rodovias.

Ainda segundo Camargo, a empresa está trabalhando para não ter mais arrecadação em dinheiro em pedágios até 2026. Hoje, 70,4% dos pagamentos pedagiados são em forma de tag. Dos realizados em cabines, 30,5% são feitos com cartão. “Até 2026 vamos migrar para uma praça totalmente automática. No sandbox que estamos fazendo com a ANTT na Rio-Santos, conseguimos uma inadimplência de 13% – é um valor alto, mas bem menor do que esperávamos”, afirma. O free flow que não depende de cabines para pagamento de pedágios também deve começar a funcionar na região metropolitana de São Paulo em 2025.

De acordo com Setas, o investimento em infraestrutura, no Brasil, segue uma tendência abaixo do necessário. “Deveria estar em torno de 4% do PIB brasileiro e está em 2%”, resume Setas. Isso, segundo o executivo, dá um gap de US$ 80 bilhões em investimento nos próximos 10 anos. “Esse é um contexto muito construtivo para o nosso futuro e está beneficiado pelo cenário macro: em um momento de inflação controlada, regressão de taxa de juros e PIB consolidado. Nosso plano [de crescimento] alavanca esta realidade”, afirma.

CCR foca em rigor de capital e ficará de fora de leilão de rodovias do Paraná, diz CEO
Fonte: Reuters/InfoMoney – 28/09/2023
O presidente-executivo da CCR, Miguel Setas, afirmou nesta quinta (28) que a companhia, maior gestora de concessões de infraestrutura de transporte do país, não vai participar do leilão do segundo lote de rodovias do Paraná, marcado para sexta.

“Estamos focados em rigor de gestão de capital … Já temos R$ 33 bilhões em CAPEX contratado, que são nossas obrigações de investimento”, afirmou o executivo em reunião com investidores. “O foco número um é executar esse CAPEX (investimento) de maneira rigorosa para crescimento”, acrescentou.

O executivo afirmou ainda que a empresa quer obter receitas complementares ao redor dos ativos que já administra, o que poderia ser obtido por meio de investimentos menores.

CCR: foco em eficiência e lucratividade marca narrativa no Investor Day
Fonte: InfoMoney – 29/09/2023
A CCR realizou seu Investor Day com investidores e acionistas para anunciar seus novos planos estratégicos.

Entre as novidades, o anúncio que era aguardado com expectativa: a companhia informou que não participará do leilão de rodovias do Paraná, que teve início 25 de setembro e terá decisão anunciada hoje (29) às 14h.

“Estamos focados em rigor de gestão de capital … Já temos R$ 33 bilhões em CAPEX contratado, que são nossas obrigações de investimento”, afirmou o CEO da companhia, Miguel Setas, em reunião com investidores.

O novo foco da companhia, de acordo com o executivo, é executar o investimento de forma rigorosa para promoção de crescimento. “A Administração restabeleceu o foco da CCR nos seus três modais. Rodovias, mobilidade urbana e aeroportos continuam sendo os segmentos fundamentais de foco da CCR”, comenta a XP.

Em relatório realizado pelo Bradesco BBI sobre o encontro, os analistas do banco apontaram que a mensagem clara passada foi que o “novo lema é focar em lucratividade e eficiência”. A iniciativa poderá reduzir custos operacionais em dinheiro para 38% das receitas líquidas em 5 anos, em comparação com os 41% anteriores.

Para o JP Morgan, a principal mensagem foram os 6 pilares que sustentarão a estratégia da CCR, de acordo com o CEO. Entre eles, estão o foco no crescimento sustentável e seletivo, com alocação estratégica de capital em regiões metropolitanas no Brasil, e a busca por portfólio otimizado, com reciclagem de capital e desalavancagem de ativos.

No relatório do Citi, há menção a esforços da companhia para consolidar aeroportos na América Latina, não somente no Brasil.

Além disso, de acordo com a análise, a gestão busca ampliar a eficiência, otimizar a estrutura de capital e buscar um retorno atrativo. A busca por liderança em ESG será feita através da neutralidade de carbono e na inclusão social, segundo a companhia.

“Os investimentos relacionados à energia estão sendo considerados, mas sempre como uma atividade adjacente, com os objetivos de: (i) otimizar custos (a CCR é um dos 40 maiores consumidores de energia no Brasil) e (ii) melhorar a pegada de carbono”, destaca a XP.

Como sexto pilar, estará a busca por competências em uma equipe comprometida e diversificada.

“A CCR também observou que existem ativos maduros não âncora em seu portfólio atual, que poderiam potencialmente ser reciclados para abrir espaço para outras oportunidades de crescimento”, destacou o Goldman Sachs.

A avaliação do JP Morgan é que empresa deixou clara a busca pelo equilíbrio entre eventuais oportunidades de crescimento, alavancagem e retornos, durante o processo de decisão de participar de novos projetos.

“A empresa reforçou que deve equilibrar oportunidades de crescimento, alavancagem e retornos durante o processo de decisão de participar de novos projetos. A CCR poderia vender ativos não essenciais, usar sua geração de fluxo de caixa livre ou até mesmo buscar parceiros estratégicos para participar dos próximos leilões, se necessário” sugere JP Morgan.

O objetivo, para obtenção do crescimento buscado, é manter a alavancagem em até 3,5 vezes da dívida liquida sobre lucro antes de juros, depreciação e amortização (ou Ebitda, na sigla em inglês). Ainda assim, alguns projetos oferecem retornos atrativos, é possível que o valor ultrapasse 4 vezes. Na visão do JPMorgan, se isso acontecer, é importante que seja elaborado um plano para retorno aos 3,5 vezes nos próximos 24 meses.

“Além disso, a CCR destacou que planeja reduzir a dívida líquida no nível da holding em cerca de 50% em 2023 (o que, em nossa opinião, poderia potencialmente melhorar a eficiência tributária)”, destaca o Goldman Sachs.

Entre os riscos para o nome destacados pelo Citi, está a contração econômica, eventuais greves e organização de trabalhadores, fatores exógenos que possam afetar o trânsito aéreo, como aumento de preços de combustíveis, e juros elevados. Para a divisão de rodovias da companhia, o aumento de custos de materiais poderia impactar.

O BBI mantém classificação outperform (desempenho acima da média, similar à compra), com preço-alvo da ação (CCRO3) de R$ 18 para 2024, de R$ 17 em 2023.

A visão do Goldman Sachs é equivalente, classificação o papel como compra. A motivação do banco é a oferta atrativa da taxa de retorno (TIR) de capital próprio do nome, em torno de 11%, ante 6% de títulos indexados à inflação.

O Citi considera o nome como compra, com preço-alvo de R$ 15,50, mesma meta de preço do JP Morgan, que classifica o papel como Neutro.

A XP tem visão neutra para o nome, com R$ 15,00 como preço-alvo.