Aeroporto de Eindhoven (Holanda) anuncia sua proibição de operação da aviação privada a partir de 2026, em 21.11.23
O Aeroporto de Eindhoven (EHEH), na Holanda, anunciou seu plano de proibir vôos da aviação privada a partir de 2026, como parte alegada de uma estratégia para reduzir as emissões de dióxido de carbono e o ruído das aeronaves em 30% – em comparação com os níveis de 2019 – até 2030.
Outras medidas confirmadas no início deste mês incluem um limite no número de vôos anuais e um requisito de mistura de combustível de aviação sustentável com parcela de SAF muito superior à parcela mínima instruída pela União Européia (UE).
O anúncio consiste no segundo aeroporto holandês a excluir a aviação executiva por alegadas razões ambientais, após o Aeroporto Schiphol (EHAM), em Amsterdã.
“Como os vôos privados têm um ruído e uma pegada de CO2 relativamente elevado por passageiro e apenas atendem marginalmente às necessidades de mobilidade da nossa região, decidimos não permiti-los no Aeroporto de Eindhoven a partir de 2026”, afirmou o aeroporto num comunicado. A administração/operadora aeroportuária ainda acrescentou que continua disposta a aceitar aeronaves elétricas, incluindo eVTOL.
O aeroporto quer reduzir o número total de vôos por ano de 41.500 para um máximo de 40.500 em 2026 e 2027, uma redução de 1.000 vôos/ano (2,4%).
O aeroporto prometeu que não realocará a capacidade aberta pela eliminação dos vôos privados ao tráfego do transporte comercial. No entanto, concordou em permitir 500 movimentos por ano para o que chama de “tráfego social”, que poderia incluir missões médicas e vôos de desenvolvimento para uma aviação sustentável.
Com única pista (03/21), de 45 x 3.000 m., o Aeroporto de Eindhoven (EHEH) registrou 41.439 movimentos (decolagem/pouso) em 2019 e 40.252 movimentos (decolagem/pouso) em 2022. Vôos comerciais operados por companhias aéreas de baixo custo ou de fretamento (charteres), como a Transavia , Ryanair, Wizz Air, Corendon e TUI, são responsáveis pela maior parte do seu tráfego no aeroporto.
Eindhoven (EHEH) é classificado como o terceiro aeroporto mais movimentado do país em termos de tráfego de aviação executiva, com 2.132 movimentos em 2022, de acordo com dados da EBAA – European Business Aviation Association (associação da aviação executiva européia). O aeroporto localiza-se próximo do centro de desenvolvimento tecnológico do grupo holandês de eletrônica Philips. O departamento de vôo da Philips é membro-fundador da EBAA.
O gerente-sênior de comunicações da EBAA, Roman Kok, falou que a associação ficou intrigada com a declaração do Aeroporto de Eindhoven e suas motivações ambientais para proibição da operação de jatos do transporte privado. “A decisão parece ser uma decisão comercial impulsionada pela perspectiva de lucros mais elevados através de taxas de aterrissagem mais elevadas de aeronaves de fuselagem estreita versus jatos executivos, o que acabará por levar a níveis mais elevados de CO2 e de ruído. Estamos perplexos com isso”, disse Roman para a mídia AIN, para artigo postado por Cathy Buyck, colaboradora da mídia para assuntos de aviação na Europa. Roman também questionou a meta declarada do aeroporto Eindhoven de que as cias. aéreas precisarão usar uma mistura de 20% de SAF no local a partir de 2030. “Essas quantidades de SAF não estarão disponíveis no mercado”, ele observou.
De acordo com o regulamento ReFuelEU, da União Européia, recentemente adotado, os fornecedores de combustível de aviação terão de fornecer uma mistura de SAF de 6% em 2030. A obrigatoriedade de mistura de SAF com QAv (JET-A) começa em 2025 com uma fração mínima (de SAF) de 2%.
Eindhoven é o segundo aeroporto da Holanda a agir ativamente para proibição de vôos do transporte privado-aviação executiva. O Grupo Royal Schiphol já revelou seu plano de proibir jatos particulares e aviação executivos de pequenos em Amsterdã – Aeroporto Schiphol (EHAM) a partir de 2026.
Essa movimentação faz parte de uma estratégia mais ampla para reduzir drasticamente o número de vôos para alcançar a redução estrutural de ruído e emissões de CO2 em linha com o acordo climático de Paris.
Segundo a operadora aeroportuária (Grupo Royal Schiphol), cujo acionista majoritário é o governo holandês, os vôos da aviação executiva causam uma “quantidade desproporcional de incômodo sonoro e emissões de CO2 por passageiro”.
O Grupo Royal Schiphol detém uma participação de 51% no Aeroporto de Eindhoven. E também é proprietário do Aeroporto de Haia (EHRD), em Rotterdã, que ainda não anunciou a proibição para operação do transporte privado, de jatos particulares, e que movimentou 7.561 movimentos de vôos da aviação executiva em 2022.
O plano do grupo para reduzir os movimentos aéreos em Schiphol está em sincronia com as exigências do governo holandês para que a principal porta de entrada do país reduza a sua atividade aérea devido à poluição sonora para os residentes locais.
Operadores de todos os segmentos criticaram a decisão de reduzir a capacidade de vôo em Amsterdã – Aeroporto Schiphol (EHAM), o aeroporto mais movimentado da Holanda, e iniciaram vários processos judiciais contra os planos do governo.
O governo do EUA também se opõe aos cortes planeados vendo-os como uma violação da relação UE-EUA no Acordo Open Skies (céus abertos-livres).
Sob as iminentes restrições de capacidade do governo holandês no Aeroporto de Schiphol, a JetBlue deverá perder seus slots no aeroporto para a temporada de verão de 2024.
Uma reunião de alto nível entre o Departamento de Transportes dos EUA (DoT), a Comissão Européia e o governo holandês teve lugar em Bruxelas no dia 13, mas nenhuma resolução foi anunciada.
Como resultado do chamado “esquema experimental” do governo holandês para o aeroporto Schiphol, a proporção de “tráfego executivo pequeno”, incluindo o número de vôos privados permitidos, diminuirá em cerca de 40 na temporada de verão de 2024, confirmou recentemente o Grupo Royal Schiphol. O novo limite para todo o ano operacional é de no máximo 12.000 vôos, com mais de 7.200 vôos durante o verão. Esse número foi de 17.000 vôos no ano operacional anterior.
“Este desenvolvimento está em linha com o objetivo de Schiphol de eventualmente ter uma proibição total de vôos privados de/para Schiphol”, afirmou o aeroporto. Além da proibição de jatos particulares, Schiphol quer introduzir um “toque de recolher” noturno e proibir a chegada dos aviões mais ruidosos no aeroporto.
Após o colapso do governo de coligação holandês em julho, a EBAA e outras associações industriais apelaram à suspensão dos planos para reduzir o número de vôos permitidos em Amsterdã-Schiphol até que um novo governo holandês tome posse, nas eleições de 22 de novembro.
“Aguardamos ansiosamente o resultado das eleições”, disse o gerente-sênior de comunicações da EBAA, Roman Kok. No entanto, é amplamente esperado que o clima político holandês – no que diz respeito à aviação – continue a ser desafiante, porque os três partidos que lideram as sondagens, de alguma forma, apoiam um estrangulamento na indústria. [EL] – c/ fonte