Operadoras da África Oriental (Quênia) Safarilink e Yellow Wings Air Services assinam MoU com a Surf Air Mobility para conversão em propulsão elétrica de Cessna Caravan em 08.01.24


As operadoras da África Oriental – do Quênnia – Safarilink e Yellow Wings Air Services acordaram em converter seus monomotores turboélice Cessna Caravan para o sistema de propulsão elétrica que está sendo desenvolvido pela Surf Air Mobility e parceiros. Em Memorando de Entendimento (MoU) anunciados no dia 04, as duas operadoras africana não se comprometem com quantidade específica de conversões. Mas o “horizonte” do acordo está na atual frota em operação de cada uma das operadoras – entre 4 a 15 aviões Cessna Caravan.

A americana (de Los Angeles, na Califórnia) Surf Air pretende ser a cliente lançadora do ‘pacote’ de conversão, no qual está trabalhando para a obtenção de um STC – Certificado Tipo Suplementar  da FAA. A Surf Air planeja oferecer motores híbridos-elétricos e totalmente elétricos, sendo que este último deverá proporcionar economias de custos operacionais entre 40 e 50% em comparação com a motorização original (motor turboélice) bem como eliminar as emissões de dióxido de carbono.

Até o momento, a Surf Air está trabalhando com a desenvolvedora de motores elétricos MagniX, bem como com a integradora de sistemas AeroTec. No entanto, a Surf Air ainda não confirmou a fornecedora sistema de propulsão elétrica e espera nomear dois potenciais parceiros nos próximos meses.

Sediada no Quênia, a Yellow Wings oferece vôos charteres para mais de 500 aeródromos em toda a África Oriental.

Também sediada no Quênia, a Safarilink opera serviços domésticos regulares no Quênia e na Tanzânia.

As duas operadoras quenianas potenciais clientes da conversão de seus Cessna Caravan  para propulsão elétrica indicaram que as questões ambientais são fatores fortes na sua decisão de parceria com a Surf Air.

As preocupações com as emissões de carbono provenientes do turismo de luxo são apenas uma faceta da mudança para a descarbonização dos vôos nos mercados mundiais em desenvolvimento. O governo do Quênia comprometeu-se a substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis já em 2030.

“Estamos empenhados em fazer todo o possível para preservar a beleza natural dos países em que operamos”, disse o CEO da Safarilink, Alex Avedi. “A implementação da tecnologia de trem de força elétrico da Surf Air Mobility nos ajudará a reduzir o ruído e minimizar o impacto climático de nossos vôos, à medida que ajudamos pessoas de todo o mundo a vivenciar o incrível ecossistema de nossa região”, completou Avedi.

“Acreditamos fortemente na propulsão alternativa para viagens aéreas”, disse Christian Strebel, CEO da Yellow Wings. “Sempre fomos pioneiros na adoção de novos sistemas e inovações. O Quénia, com 91% de produção de energia livre de carbono, é o país ideal para liderar este movimento”, acrescentou Strebel.

De acordo com Stan Little, CEO da Surf Air Mobility, a propulsão elétrica estabelecerá as bases econômicas para o que ele espera ser um ressurgimento das viagens aéreas de curta distância. A Surf Air Mobility prevê que a versão totalmente elétrica do Cessna Caravan operará em setores de até cerca de 100 SM (160 km, ou 87 MN), o que, segundo a desenvolvedora americana, é comparável a cerca de 30% dos vôos comerciais atuais com o modelo.

Sob um acordo em vigor com a Textron, a Surf Air Mobility fez pedidos de 100 novos Cessna Caravan, com opções para outros 50 aviões. A Surf Air Mobility planeja começar a adicionar essas aeronaves a sua frota de 50 unidades a partir de abril, com uma taxa de entrega prevista de 20 Caravan por ano. A Textron tem planos de instalar o sistema de propulsão elétrica nos Caravan subsequentes.

“Queremos implantar o maior número possível de [Cessna] Caravan hoje para estarmos prontos para a conversão para [propulsão] elétrica e começar a abrir mercados adicionais”, disse Little para a mídia AIN. Ele exemplificou que a Surf Air concordou em iniciar vôos para a Universidade Purdue, nos arredores de Chicago, que não tem serviço comercial há mais de duas décadas; a universidade está subscrevendo e subsidiando a operação. Como operadora, a Surf Air Mobility vê outras oportunidades, como fornecer novas conexões entre Los Angeles e San Diego utilizando aeroportos menores. Little disse que muitas outras comunidades poderiam beneficiar da economia operacional de Cessna Caravan elétrico, utilizando aeroportos que são “demasiado pequenos para um [Boeing] 737, mas demasiado grandes para não terem serviço aéreo”.

A Surf Air não está anunciando publicamente um cronograma para obter da FAA o seu STC  para Cessna Caravan elétrico e iniciar as conversões, mas Little sugeriu que, com uma fuselagem já certificada (ou seja, uma um Tipo já certificado, para ser apenas remotorizado), a Surf Air tem um caminho mais fácil para o mercado do que startups rivais que trabalham em projetos de aeronave do “zero”. Várias empresas européias, incluindo a Heart Aerospace, a Aura Aero e a Maeve, estão envolvidas em projetos de novos aviões regionais híbridos-elétricos e, no EUA, a Eviation está desenvolvendo uma aeronave totalmente elétrica para nove passageiros, denominada “Alice”.

Nos próximos oito a 12 meses, a Surf Air espera estar pronta para anunciar o preço para a conversão de Cessna Caravan para sistema de propulsão elétrica. Fred Reid, chefe global de desenvolvimento de negócios da Surf Air, sugeriu que o custo previsto de menos de US$ 1 milhão parecerá um bom valor no contexto das revisões obrigatórias dos atuais motores Pratt & Whitney PT6A que equipam o Caravan, que podem envolver um gasto por parte dos operadores entre US$ 400.000 e US$ 700.000. Reid acrescentou que os custos de aquisição de novos aviões Caravan são marcadamente inferiores aos preços previstos para novos aviões sub-regionais em desenvolvimento.

De acordo com Reid, África, Ásia e América do Sul são regiões prósperas em oportunidades para novos serviços aéreos regionais baseados na propulsão elétrica. Ele disse que em países como o Quênia e a Tanzânia, onde a Safrilink e a Yellow Wings operam, infra-estruturas terrestres limitadas – combinadas com pressões econômicas e ambientais – serão fortes impulsionadores da procura de soluções como aviões Cessna Caravan elétrico.

A Surf Air também possui acordo de conversão de frota com a cia. aérea brasileira Azul, para a subsidiária Azul Conecta.

A Surf Air pretende fornecer as aeronaves convertidas através de uma rede de organizações de manutenção/MRO.

Reid previu que entre 2027 e 2035, a procura por aeronaves elétricas superará a oferta, numa tendência que recompensará os primeiros a adotar a tecnologia.

O avanço do plano no momento depende dos atrasos na cadeia de suprimento que tornarão mais lento o lançamento da opção de propulsão elétrica-híbrida no mercado do que a opção totalmente elétrica.

Em julho de 2023, a Surf Air Mobility conseguiu listagem na Bolsa de Valores de Nova York após concluir uma fusão com a transportadora regional Southern Airways Express. Através de um acordo de subscrição de ações com o grupo financeiro GEM, a empresa tem acesso a pelo menos US$ 100 milhões em financiamento, com mais US$ 300 mi potencialmente disponíveis em tranches subsequentes. De acordo com Little, até agora a Surf Air só utilizou cerca de US$ 9,3 milhões desse financiamento para avançar seus planos para a aeronave elétrica Cessna Caravan.

Em 2022, a Surf Air gerou receitas pro forma de pouco mais de US$ 100 milhões e, com base nos resultados recentes do terceiro trimestre, parece estar no caminho certo para exceder esse valor no ano de 2023.

Muitos dos serviços aéreos fornecidos pela plataforma de reserva de vôos Surf Air são fornecidos por outras transportadoras, com cerca de 200 operadoras apoiando seus negócios em 2023.

A Surf Air também se comprometeu a adicionar o planador de asa com efeito solo da Regent a sua frota para serviços costeiros no Havaí, Flórida, Bahamas e Caribe. [EL] – c/ fonte