Tráfego de aviação executiva aumenta superando marca pré-covid no sudeste asiático, com a recuperação atrasada da pandemia, pelos dados da WingX, em 17.02.24


À medida que a pandemia global de Covid retrocedeu ainda mais no ano passado, o tráfego da aviação executiva no sudeste asiático registrou uma forte recuperação.

Em Cingapura, as partidas de aeronaves executivas dos aeroportos Changi (WSSS) e Seletar (WSSL) no ano passado aumentaram quase 28% acima dos níveis de 2019, de acordo com a provedoras de dados por rastreamento do setor WingX Advance.

“Os hábitos de viagem retornaram aos níveis anteriores à Covid, com a demanda no tráfego da aviação executiva continuando a aumentar”, explicou Faizal Khan, diretor de operações da FBO Jet Aviation em Cingapura. “Isso também é auxiliado pelo papel estratégico e pela localização de Cingapura na região Ásia-Pacífico”, observou Khan.

Dos dois aeroportos da cidade-Estado, o Seletar domina claramente o tráfego de aviação executiva- privada. Com base nos dados da WingX, o aeroporto dedicado à aviação geral recebeu 93% do tráfego da aviação executiva com destino a Singapura em 2023.

A discrepância levou outra grande fornecedora de serviços apoio logístico-aeroportuário de aviação executiva (FBO), Signature Aviation, a descontinuar recentemente sua representação de vôo no Changi. Embora não mantivesse um escritório físico lá, a provedora disponibilizava funcionários no Changi para acomodar qualquer um de seus clientes que voasse para o principal aeroporto comercial da ilha.

“Era um homem em uma van, literalmente porque você tem que usar a infraestrutura do aeroporto”, explicou o CEO da Signature Aviation, Tony Lefebvre, acrescentando que os funcionários encontrariam os passageiros que chegavam na rampa e os conduziriam pela alfândega e os ajudariam com quaisquer pedidos na partida.

“Eu adentrei no mercado, então aprecio por que os clientes escolhem o Seletar em vez do Changi”, disse Lefebvre para a mídia AIN, e completou: “Também fica mais perto da cidade, então faz sentido”.

A Signature mantém parceria com uma das operadoras de serviços de apoio handling do Seletar a quem pode encaminhar clientes e também mantém uma participação no Hong Kong Business Aviation Centre (HKBAC), a única base de serviços logístico-aeroportuário (FBO) no Aeroporto Internacional de Hong Kong (VHHH).

Lefebvre levantou a possibilidade de um FBO na Seletar se juntar à rede global de mais de 200 empresas. “Eu diria que é uma área na qual estamos interessados e, pela oportunidade certa, iríamos buscá-la”, ele disse.

Para o sudeste asiático em geral, “os desafios de infraestrutura persistem, especialmente porque os aeroportos da região não foram originalmente projetados para a aviação executiva”, explicou Yvonne Chan, diretora regional da Universal Weather and Aviation para a região. “Isso inclui instalações limitadas e jatos maiores levando a restrições de parqueamento [de aeronaves]”, explicou Yvonne.

Na verdade, os jatos de cabine larga dominam os modelos de aeronaves executivas utilizados na região.

“Os recursos de desempenho que a Gulfstream introduziu com o G650 provaram ser ideais para clientes no sudeste asiático e na região APAC [Ásia-Pacífico], à medida que o interesse continua crescendo”, disse Michael Swift, vice-presidente de vendas da Gulfstream para EMEA [Europa, Oriente Médio e África] e APAC. “Estamos vendo agora uma demanda crescente pelo nosso jato-chefe G700 e pelo G800 de alcance ultralongo, já que a altas velocidade e o longo alcance que essas aeronaves oferecem são desejáveis para os operadores da região que desejam viajar sem escalas para a Europa e outras partes do mundo”, explicou Swift.

Isso também vale para concorrente a fabricante canadense Bombardier. “Continuamos a ver um forte interesse em nossas aeronaves da Índia, Austrália e sudeste asiático e atualmente temos aeronaves Global 7500 baseadas em toda a região [APAC] no Japão, Austrália, Índia, Grande China, Cingapura, Indonésia e Malásia”, observou Matthew Nicholls, consultor sênior de comunicações e assuntos públicos da Bombardier.

“Grande parte da duração da etapa [do vôo] também está relacionada a isso”, observou Lefebvre. “Há um pouco de cabine média lá, mas não muitos jatos leves”, disse Lefebvre, acrescentando que a maior parte da infraestrutura da aviação geral em construção na região suportará mais jatos de cabine larga.

Apenas dois guichês servem de instalações alfandegárias, de imigração e de quarentena no Seletar, representando um desafio que se tornará mais agudo com os aumentos esperados da procura.

“Há um burburinho com novos participantes no mercado de propriedade e fretamento de aeronaves, e agora fala-se sobre novos negócios de táxi-aéreo com aeronaves de médio alcance”, observou Yvonne. “Portanto, a concorrência no negócio de fretamento está esquentando – uma ótima notícia para clientes e participantes do setor”, ela completou.

Com a aviação executiva em ascensão, a Autoridade de Aviação Civil de Cingapura está tentando apoiar proprietários e operadores aéreos.

Yvonne observou que a emissão de uma autorização de operação leva tempo devido ao programa de vigilância da autoridade para operadores estrangeiros, que segue uma metodologia baseada no risco para avaliar transportadoras estrangeiras e jatos executivos. A avaliação considera fatores como a capacidade de supervisão da segurança do estado do operador, o estado de registo, a capacidade operacional da transportadora e os registos de segurança da aeronave e tipo de aeronave específicos. “Entendemos e apoiamos a decisão da CAAS [Autoridade de Aviação Civil de Cingapura] de revisar os registros de segurança dos operadores e das aeronaves”, disse Yvonne.

A maior parte do tráfego que se dirige para Cingapura tem origem na região da ASEAN, (Associação das Nações do Sudeste Asiático), notadamente na Indonésia, Tailândia e Malásia. O aumento do tráfego proveniente dessas áreas compensou o mal-estar contínuo observado na China continental, que ainda não registou a mesma recuperação.

Lefebvre – que integra o Conselho de Administração do HKBAC através da participação acionária da Signature -, ofereceu para a mídia AIN uma perspectiva do mercado de Hong Kong. “A Ásia, certamente a China, ainda estava nesse modo de recuperação e por isso estamos começando a ver os benefícios resultantes das várias restrições que existiam”, disse Lefebvre para a AIN, para emendar: “Foram bons 12 meses e a tendência não voltou totalmente, mas certamente está tendendo na direção certa”.

Como um fator atrativo, o combustível de aviação sustentável (SAF) está disponível no Seletar por meio do FBO Jet Aviation, que mantém o fornecimento desde 2022.

“Também estamos fazendo parceria para oferecer misturas personalizadas de SAF, permitindo que os clientes escolham uma mistura percentual para atender às suas necessidades específicas”, disse Faizal Khan, diretor de operações da FBO Jet Aviation em Cingapura.

A Signature Aviation fornece SAF ao centro de serviços de propriedade da Bombardier no Seletar sob um acordo firmado entre as duas empresas em 2021. A Signature também espera oferecer créditos SAF em Hong Kong por meio de sistema book-and-claim até o final do ano. [EL] – c/ fonte