Jatos executivos da EMBRAER avançam no mercado à medida que linhas de produtos rendem ‘colheita’, segundo o CEO, em 29.05.24


A EEJ – EMBRAER Executive Jets (EMBRAER Aviação Executiva) está na “época de colheita” à medida que ganha impulso com a série de atualizações em sua linha de produtos existente, de acordo com o presidente e CEO da fabricante brasileira, Michael Amalfitano, para artigo Kerry Lynch, editora da revista mensal AIN, no portal da mídia no dia 27, em maio da agenda da EBACE 2024 (feira da associação da aviação executiva européia).

Abordando os rumores sobre qual seria o próximo avião de sua linha e se seria maior, Amalfitano disse: “Faremos algo maior quando pudermos ser disruptivos com algo diferenciado”, apontando como a EMBRAER migrou para a tecnologia Fly-by-wire introduzida na classe de jatos executivos médios. 

Enquanto isso, Amalfitano classificou o impulso que a EMBRAER (EEJ) está experimentando como “muito forte”. Isso ocorre no momento em que o mercado parece estar se normalizando desde o pico pós-Covid. “Estamos aproveitando isso … ainda estamos capturando vendas”, revelou Amalfitano. Ele destacou que o jato leve Phenom 300 é a aeronave mais entregue em sua classe há 12 anos consecutivos e o jato bimotor mais entregue em quatro anos. Também foi o jato executivo (transporte privado) mais voado no EUA em 2023, Amalfitano acrescentou. “O que é interessante nisso é que ele desbancou a categoria [Cessna] Citation XLS, que ocupou a posição por 10 anos consecutivos”, disse Amalfitano. “Então, obviamente, isso é um grande impulsionador em termos de dinâmica do mercado. Mas vimos um crescimento semelhante em termos de penetração de mercado em todos os nossos produtos”, destacou Amalfitano. 

O Phenom 100 cresceu em participação de mercado de 12% para 19%, enquanto o Phenom 300 ganhou um ponto adicional para 34%. O jato médio Praetor 500 aumentou sua participação no mercado de 26% para 33%, enquanto o Praetor 600, na competitiva categoria supermédio, permaneceu estável em 19%. 

Apoiando isso está uma backlog (carteira de encomendas) que atingiu nível o que Amalfitano caracterizou como historicamente alto de US$ 4,6 bilhões, e uma book-to-bill (relação encomenda : entrega/faturamento) que excedeu 1,3:1 no final de 2023 e saltou para 2:1 no primeiro trimestre à medida que essa proporção recuou para perto de 1:1 para muitas fabricantes. “Muito significativo em termos de impulso da backlog”, Amalfitano ressaltou.

A EMBRAER (EEJ) está vendendo agora no segundo semestre de 2026 as linhas Phenom e Praetor. Especificamente para o Phenom 300 e o Praetor 600, a EMBRAER prevê o quarto trimestre de 2026 e o primeiro trimestre de 2027, respectivamente. 

Quanto ao perfil de clientes, Amalfitano disse que a demanda está equilibrada na maioria dos segmentos de aeronaves, lembrando que embora o mercado de compartilhamento seja forte, o Phenom 100 não tem esse cliente – ao invés desse perfil, trata-se de uma aeronave a jato de nível básico, pilotada pelo proprietário. “Estávamos obtendo um grande impulso em termos de crescimento dessa linha de produtos”, Amalfitano observou, especialmente com o lançamento do Phenom 100EX em outubro de 2023.

O Phenom 300 tem se beneficiado com pedidos constantes das operadoras NetJets e da Flexjet, mas as vendas são mistas, Amalfitano afirmou. “Temos um forte departamento de vôo corporativo. Temos indivíduos de elevado patrimônio líquido. Temos compartilhados e temos clientes de frota em todos os níveis. Portanto, essa é uma boa balança comercial”, divulgou Amalfitano.

Quanto aos modelos médios Praetor 500 e 600, Amalfitano disse que “o que é interessante é a crescente adoção dos departamentos de vôo corporativo em nossa linha de produtos. Obtivemos o benefício das empresas [do ranking] Fortune 50, 100, 500 e dos clientes dos departamentos de vôos corporativos que estavam em um ciclo de substituição. Esse ciclo de substituição tem sido muito forte, não só durante o período pandêmico, mas desde então ainda mais forte. Isso realmente nos beneficiou”, Amalfitano revelou.

Embora este seja mais um fenômeno do mercado norte-americano, Amalfitano observou: “Tivemos um crescimento igual de segmentos na base individual na América Latina e na Europa. Portanto, há muitas oportunidades de ver nossos produtos sendo atendidos não apenas no crescimento total da participação de mercado, mas também no crescimento regional nos segmentos que atendemos”, Amalfitano.

Quanto a novos compradores da aviação executiva que entraram no mercado durante a pandemia Covid, Amalfitano disse: “Não diria que seja único como foi durante [aquele] período. Foi esse efeito de boom e o bolo ficou maior. Um monte de gente entrou”. A EMBRAER (EEJ) se beneficiou disso durante a pandemia. “Agora, à medida que o mercado se normaliza, o mesmo ocorre com os compradores de primeira viagem que estão comprando a aeronave”, Amalfitano disse, estimando que esses clientes se ajustaram em participação [numericamente] equivalente a adolescência média-alta como porcentagem de compradores. “Não é mais baseado em fenômeno. É mais estável em termos de crescimento”, avaliou Amalfitano.

Mas, como resultado desse crescimento, a EEJ conseguiu desenvolver a marca da controladora EMBRAER, hoje com 55 anos, segundo Amalfitano. Esta é uma parte fundamental do seu ‘pilar’ de manter uma filosofia centrada no cliente, resumiu Amalfitano. 

Amalfitano observou que as restrições de fornecimento serão um foco crítico, à medida que a EMBRAER (EEJ) trabalha para cumprir sua meta (guidance) de 125 a 135 entregas de jatos executivos neste ano, contra 115 no ano passado, o que implicará um crescimento de 13%. “Estamos muito focados no nivelamento da produção para que você tenha a capacidade de gerenciar o tempo de entrega mais longo que a backlog atendeu”, Amalfitano disse, para emendar: “Isto requer investimentos de longo prazo para manter os aumentos de volume”.

A cadeia de fornecimento em geral se recuperou, observou Amalfitano, “mas quando você é específico em determinados segmentos, ainda é muito desafiador e não tem nada a ver com algo exclusivo da EMBRAER”.

Amalfitano apontou os parabrisas como um desafio da indústria. “A mesma coisa com propulsão, tudo relacionado a motores, tudo relacionado a APU, tudo relacionado a compressores”. Amalfitano também revelou que pode haver desafios específicos das aeronaves, como envolver trem de pouso numa aeronave e atuadores em outra. Amalfitano citou as resinas como uma área “sistêmica”, acrescentando que elas estão em parabrisas, pneus e peças internas.

“Há muita coisa acontecendo em termos de gerenciamento de sua cadeia de suprimentos”, Amalfitano disse. A EMBRAER tem vantagem em conversar com fornecedores devido a sua sólida carteira de pedidos, destacou o executivo.

“Não há problemas especulativos com os ciclos típicos da cadeia de abastecimento. Eles podem apostar tudo porque você pode mostrar a eles uma carteira de pedidos. Isso lhes permite fazer os investimentos necessários para aumentar seu pessoal, aumentar suas ferramentas e aumentar sua base de fornecimento para apoiar esse crescimento. Mas isso leva tempo”, disse Amalfitano.

A EMBRAER (EEJ) tem uma agenda ambiciosa de pesquisa e desenvolvimento, focada na exploração de uma gama de tecnologias sustentáveis e autônomas. Mas quaisquer que sejam essas soluções, acrescentou, elas têm de ser centradas no cliente. “Precisamos ter certeza de que, para qualquer novo produto que criamos, esses são tipos de pilares que são realmente poderosos em termos de nossas características de design”, disse Amalfitano.

Qualquer novo produto deve ter “desempenho incomparável, tecnologia disruptiva, conforto superior e serviços de suporte de ponta”, ressaltou Amalfitano. “Estamos ativamente em fases de estudo conceitual para observar os mercados que acreditamos que melhor servirão essas propostas de valor em cada um desses pilares de valor para que, quando chegarmos ao mercado, continuemos a capturar participação, a ser a primeira escolha do cliente, e impulsionar o futuro da mobilidade aérea através da inovação”, revelou Amalfitano.

Mas, observando a especulação em torno do seu próximo produto, Amalfitano sublinhou: “Temos de reconhecer que estamos a colher. Esta é a época da colheita, como a chamamos; estamos colhendo os benefícios da liderança nas categorias que atendemos”.

EMBRAER Phenom 300E e Praetor 600 na EBACE, como aeronaves adequadas para operadores europeus
A EMBRAER está marcando presença na EBACE 2024 com a exposição dos jatos Phenom 300E e Praetor 600. A fabricante brasileira declarou que trouxe essas aeronaves – das categorias leve e supermédio – para a feira uma vez que são adequadas para operadores europeus.

“O 300 é o jato mais vendido em 12 anos no segmento. E um fato interessante que observamos no ano passado: ele se tornou o jato mais voado no EUA nos últimos 12 meses. No ano anterior, tornou-se o avião que mais decolagens e pousos teve”, disse o diretor de engenharia de vendas da EMBRAER Ricardo Carvalhal para a mídia AIN, cobrindo a feira. “Mais de 360.000 horas de vôo em 12 meses, o que o tornou o jato executivo mais voado no EUA – um produto extremamente bem-sucedido sob essa perspectiva”, Carvalhal acrescentou.

Carvalhal disse que a EMBRAER também destaca na feira a versatilidade do Praetor 600 para o mercado europeu. “O Praetor 600 tem uma autonomia de cerca de nove horas que é perfeita para o cenário europeu, ligando Londres a Nova Iorque [e] Londres a Dubai, que são pares de cidades muito importantes para a região”, afirmou Carvalhal. “Outra coisa que destacamos sobre o 600 é que ele é definitivamente o líder tecnológico em sua classe. Então é um avião que, por causa dessa liderança tecnológica, costuma ser uma referência muito boa para empresas e clientes que operam aviões maiores”, Carvalhal acrescentou.

Em relação à especulação de que a EMBRAER poderá desenvolver uma aeronave maior no futuro, Carvalhal foi tímido em detalhes. “Historicamente, a EMBRAER sempre está tentando encontrar novas formas de disrupção de novos segmentos, encontrando novas oportunidades de negócios. Estudamos ativamente todas as oportunidades do mercado, seja acima do que fazemos, seja abaixo do que fazemos, em termos de tamanho de aeronaves. Mas neste momento não temos anúncios a fazer”, Carvalhal falou. [EL]