Carteiras de encomendas com entregas pendentes acumuladas (acima de US$ 50 bi) proporcionando perspectivas otimistas – para aumento de entregas de 12,5% neste ano, segundo analista de mercado JetNet iQ, em 30.05.24

Durante seu briefing sobre o atual estado do mercado no dia 17, na abertura da feira da associação executiva européia EBACE, em Genebra (Suíça), Rollie Vincent, presidente da consultoria Rolland Vincent Associates e criador/diretor da analista de mercado JetNet iQ, observou que as entregas de jatos executivos deverão aumentar 12,5% (91 unidades) neste ano, para 820 unidades, acima de 729 em 2023. E a expectativa é que esse número cresça em 2025, mas a um ritmo mais lento, aumentando 3% (25 unidades), para 845 entregas de jatos.

Neste cenário para entregas, as encomendas com atraso para entrega de jatos executivos atingiram, pelo menos, o maior nível em 16 anos, com estas encomendas das cinco principais fabricantes somando mais de US$ 51 bilhões no primeiro trimestre, de acordo com os dados mais recentes da analista do setor JetNet.

No acumulado do ano, 186 jatos foram entregues, com a seguinte distribuição na liderança de 84 entregas (45,2% das entregas totais):
Cirrus Vision SF50 G2+ com 23 entregas (12,4%),
– EMBRAER Phenom 300E com 18 entregas (9,7%),
– Bombardier Challenger e Cessna Citation Latitude com 15 cada (8,1%), e,
– Pilatus PC-24 com 13 entregas (7%).

Por fabricantes, somando 171 entregas (91,9%), a Textron Aviation liderou o ranking de entregas com 52 jatos entregues (28%), seguido pela Gulfstream com 34 entregas (18,3%), pela Bombardier com 32 entregas (17,2%), pela EMBRAER e Ciurrs, com 23 entregas 12,4%) cada uma e pela Dassault com 7 entregas (3,8%).

No segmento dos turboélices, a JetNet iQ espera que as entregas cresçam 9,3% (36 unidades), para 425 aeronaves, neste ano, acima das 389 em 2023, e diminuam 2,4% (10 unidades), para 415 entregas m 2025.

O Pilatus PC-12 NGX continua sendo um dos turboélices mais vendidos até agora em 2024, respondendo por 20 (24,4%) dos 82 turboélices entregues, seguido pelo Daher TBM-960 com 17 entregas (20,7%) e o Cessna Caravan 208B EX com 16 entregas (19,5%), estes três modelos somando 53 entregas (64,6%) do total do segmento.

No geral, Vincent avalia que a indústria está desfrutando de “bons momentos”, e apontou para as carteiras de encomendas (backlogs) saudáveis que duram dois anos para a maioria das fabricantes. “Temos backlogs pendentes e isso é uma boa notícia”, declarou Vincent. Também encorajador, ele acrescentou, é que, apesar da atenção dada às encomendas de frotas, os atrasos são suportados por encomendas simples ou compostas substanciais de uma série de clientes.

Vincent também apontou para a book-to-bill (relação entre as ordens recebidas e o valor faturado) que também subiu um pouco, mas ele alertou que as entregas tendem a cair no primeiro trimestre, elevando assim o índice.

A perspectiva otimista surge em um momento em que o sentimento dos proprietários/operadores na América do Norte, que tem sido um mercado forte para encomendas (de aeronaves novas), se mantém em baixa desde o terceiro trimestre. Este sentimento pode ter durado um pouco mais do que o esperado – Vincent disse que isto pode ser sazonal – mas “se o clima melhorar no EUA, poderá ver uma continuação da procura que nos surpreenderá e que nos manterá realmente ocupados”.

Ele acrescentou que a JetNet iQ espera ver um aumento na produção e está atenta a outros sinais antes de alterar sua previsão no longo prazo.

Quanto às aeronaves usadas, o estoque disponível aumentou desde o ponto mais baixo em 2022. Mas Vincent observou que, apesar da porcentagem geral de jatos à venda em todo o mundo atingir 7,5% em todo o mundo, esse número diminui para 1,3% para aeronaves entregues a partir de 2014 (com 10 anos) e para 0,5% para aeronaves com cinco anos ou menos.

Embora a indústria esteja florescendo, as opiniões tendem a variar regionalmente. Quando questionados sobre os principais desafios da indústria nos próximos cinco anos, tanto os operadores norte-americanos como os europeus listaram as cadeias de abastecimento entre as suas duas principais preocupações. No entanto, na Europa, as questões de sustentabilidade ambiental foram a segunda questão mais desafiadora, mas não chegaram às cinco principais questões na América do Norte.

Na verdade, quando questionados se considerariam a utilização de combustíveis de aviação sustentáveis, apenas 9,2% dos entrevistados na América do Norte disseram que concordavam fortemente que sim e 26,2% disseram que concordavam de certa forma. Isto compara-se com a Europa, onde 57,6% indicaram planos fortes ou um pouco fortes para usar SAF. Vincent disse que isso mostra que a indústria ainda tem muito trabalho a fazer.

Por outro lado, quando questionados sobre a vontade de promover a indústria, os entrevistados na América do Norte registraram uma pontuação líquida de promotores de 49% (aqueles que promoveriam versus os detratores), enquanto a Europa teve uma pontuação de apenas 15%. Vincent disse que isso pode contribuir para atrair novos profissionais. [EL] – c/ fonte