EMBRAER: UBS BB vê mercado excessivamente otimista – analistas dizem que o mercado está precificando altas expectativas para 2025, com entregas comerciais superiores às estimativas – e aponta para riscos para um programa de aeronave comercial no segmento de mais de 150 assentos, e rebaixa recomendação de ação para venda, em 22.11.24
Fonte: InfoMoney – 19/11/2024
A reação do mercado foi imediata, com as ações da EMBRAER (EMBR3) liderando o ranking de maiores baixas no índice Ibovespa nesta terça-feira (19), refletindo o receio dos investidores quanto às perspectivas da fabricante para os próximos anos, após o banco UBS BB rebaixar sua recomendação para a ação da fabricante neutra para venda.
A principal justificativa para o rebaixamento é, segundo o banco, que o “mercado está excessivamente otimista” em relação às perspectivas de desempenho da fabricante de aeronaves, especialmente após o Investidor Day realizado pela EMBRAER.
Durante o pregão, a ação da EMBRAER no BOVESPA (EMBR3) chegou a “desabar” mais de 5% mas ainda amenizou a perda, mas ainda assim fechou em queda de 2,19% (a segunda maior perda do pregão), com último negócio a R$ 54,44, com cotação média no pregão de R$ 53,54, com máxima no dia de R$ 55,19 e mínima de R$ 52,44 (uma variação de R$ 2,75, ou de 5,24%), após abertura em R$ 55,19 (máxima), com volume negociado de R$ 502.329.947 (3,34% do total). No fecho do pregão de véspera (18), a R$ 55,66 (+0,43%), a ação acumulou altas de 148,19% no ano e de 179,39% em 12 meses. Nos últimos dias, a ação performou na “contramão” e registrou as maiores altas na Bolsa.
Na análise do UBS BB, o mercado está precificando altas expectativas para 2025, com entregas de aeronaves comerciais superiores às estimativas (90 entregas versus as 80 projetadas pela instituição), margens mais altas (4,5% contra 2%) e pedidos sólidos, além de uma performance forte no segmento de Defesa, com receitas esperadas de US$ 900 milhões para o próximo ano, acima dos US$ 750 milhões estimados anteriormente.
Entretanto, o UBS BB acredita que essas projeções são excessivas, considerando o cenário competitivo e as dificuldades enfrentadas pela EMBRAER. Os analistas dizem que o Brasil e outros países da América Latina não oferecem vantagens competitivas suficientes para a EMBRAER no segmento de aeronaves de fuselagem estreita (corredor único) de mais de 150 assentos, o que coloca em dúvida um plano da fabricante de se tornar um “terceiro player” nesse mercado dominado pelas fabricantes Airbus e Boeing. O UBS BB também mencionou que, embora alguns investidores estrangeiros vejam grande potencial para a EMBRAER caso avance no mercado mundial de aeronaves comerciais dominado hoje no duopólio Airbus-Boeing, os desafios de CAPEX (investimentos em capital), o balanço patrimonial e a cadeia de suprimentos são barreiras consideráveis para que isso se torne uma realidade. O ambiente competitivo no setor de aviação também foi destacado como um ponto de atenção. O UBS BB afirma que a demanda pelos jatos do transporte comercial E2 (EJets de segunda geração, da EMBRAER) pode ser limitada pela crescente concorrência com a Airbus e seu modelo A220 (ex-CSeries, da Bombardier), que tem conquistado maior participação de mercado desde 2018. A análise sublinha que a Airbus, com sua forte presença global, portfólio de ativos e expertise na cadeia de suprimentos, tem uma vantagem sobre a EMBRAER.
Em relação ao programa do jato transportador C-390, o banco se mostrou conservador, citando a baixa quantidade de pedidos firmes para a aeronave, que não ultrapassou os 37 contratos desde seu lançamento, apesar de 60 declarações de intenção feitas em 2011. Isso indica uma perspectiva menos otimista para o segmento de Defesa no curto prazo.
Assim, a avaliação da EMBRAER foi revista para venda, com o preço-alvo do ADR (American Depositary Receipt, ação negociado na Bolsa americana), aumentado 10,3% de US$ 29 para US$ 32, com base na revisão dos múltiplos de avaliação para 2025. Os estrategistas explicam no documento (tese de investimento) que o preço-alvo foi ajustado com base na análise do EV/Ebitda, que representa o valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA), projetando um múltiplo de 8x para 2025, em comparação com 7,6x anteriormente.