Após acidente com aeronave da Azerbaijan Airlines, em vôo de Baku para Grozny, em dezembro, EASA emite Boletim Informativo de Zona de Conflito relativamente à operações em espaço aéreo da Federação Russa, em 15.01.25
A EASA emitiu um Boletim Informativo de Zona de Conflito (CZIB – Conflict Zone Information Bulletin) revisado, atualizando suas orientações de segurança sobre vôos no espaço aéreo russo. A atualização foi emitida no dia 09 de janeiro e especificamente recomenda contra operações em todos os níveis de vôo no espaço aéreo da Federação Russa a oeste da longitude 60 graus leste (060°E), aplicável a operadores aéreos. A validade do Boletim é de 31/07/2025.
O Boletim – CZIB 2025-01 – estabelece como Espaços Aéreos afetados todas latitudes e Níveis de vôo no espaço aéreo da Federação Russa a oeste da 60 graus leste (060°E), compreendendo as FIR (Região de Informação de Vôo):
- FIR Moscou (UUWV),
- FIR Rostov-na Donu (URRV),
- FIR Sankt-Petersburg (ULLL),
- FIR Yekatarinburg (USSV), e,
- FIR Samara (UWWW).
O país afetado é a Rússia.
O Boletim aplica-se a operadores aéreos:
– sujeito às disposições do Regulamento da Comissão (UE) 965/2012, planejando conduzir operações no espaço aéreo afetado (operadores da EASA), e,
– de países terceiros autorizados pela EASA, ao conduzir operações sob sua autorização TCO para, de e dentro da UE (operadores TCO).
Recomendações – a EASA recomenda não operar dentro do espaço aéreo afetado da Federação Russa localizado a oeste da longitude 60°E em todas as altitudes e níveis de vôo. Os operadores aéreos devem monitorar de perto os desenvolvimentos do espaço aéreo e seguir todas as publicações aeronáuticas disponíveis emitidas pela Federação Russa, incluindo informações compartilhadas por meio da Plataforma Européia de Compartilhamento e Cooperação de Informações sobre Zonas de Conflito, juntamente com as orientações ou instruções disponíveis de suas autoridades nacionais.
Descrição – o CZIB 2025-1 está emitido com base em informações atualmente disponíveis para os Estados-Membros da União Européia, Comissão Europeia e EASA para compartilhar as informações necessárias para garantir a segurança dos vôos sobre zonas de interesse e indicar áreas de alto risco.
O conflito em andamento após a invasão russa da Ucrânia representa o risco de aeronaves civis serem involuntariamente alvejadas no espaço aéreo da Federação Russa, devido a possíveis deficiências de coordenação civil-militar e ao potencial de identificação incorreta.
Em particular, a ativação de sistemas de defesa aérea russos, capazes de operar em todas as altitudes, em resposta a lançamentos de mísseis e drones ucranianos, que se estenderam profundamente dentro do território russo, pode ter um impacto direto nas operações de vôo em vários locais, incluindo grandes aeroportos internacionais.
A maioria dos incidentes ocorreu em espaço aéreo não-fechado pela Federação Russa durante ataques de drones ou ativação de sistemas de defesa aérea. Isso representa um alto risco para as operações de vôo, conforme demonstrado pelo acidente envolvendo o vôo 8243 da Azerbaijan Airlines em 25 de dezembro de 2024.
Em termos de gerenciamento do espaço aéreo, o Estado em questão não demonstrou total proficiência para lidar com os riscos existentes no espaço aéreo implementando uma abordagem eficiente e proativa para a desconflituação do espaço aéreo. Como resultado, há fatores de mitigação limitados, nos quais os operadores aéreos podem confiar no momento.
Além disso, a falsificação e o bloqueio dos Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS) também estão presentes, particularmente nas áreas ao redor da zona de conflito e locais visados pelos lançamentos de drones.
A EASA continuará monitorando de perto a situação, com o objetivo de avaliar se há um aumento ou diminuição do risco devido à evolução da ameaça e da situação de risco.
A EASA recomenda não operar dentro do espaço aéreo afetado da Federação Russa localizado a oeste da longitude 60° Leste (060°E) em todas as altitudes e níveis de vôo.
Os operadores aéreos devem monitorar de perto os desenvolvimentos do espaço aéreo e seguir todas as publicações aeronáuticas disponíveis emitidas pela Federação Russa, incluindo informações compartilhadas por meio da Plataforma Europeia de Compartilhamento de Informações e Cooperação em Zonas de Conflito, juntamente com as orientações ou instruções disponíveis de suas autoridades nacionais.
CZIBS 2025-01 – Espaço Aéreo da Federação Russa – 09/01/2025:
https://www.easa.europa.eu/en/domains/air-operations/czibs/2025-01
Relativamente ao acidente com o vôo 8243 da Azerbaijan Airlines (25/12/2024), a IATA divulgou em 30/12/2024 uma declaração: “Aeronaves civis nunca devem ser alvos intencionais ou acidentais de operações militares. O forte potencial de que o vôo 8243 da Azerbaijan Airlines pode ter sido vítima de operações militares, conforme indicado por vários governos, incluindo Rússia e Azerbaijão, coloca a mais alta prioridade na condução de uma investigação completa, transparente e imparcial. O mundo aguarda ansiosamente a publicação necessária do relatório provisório dentro de 30 dias, em linha com as obrigações internacionais acordadas na Convenção de Chicago. E se a conclusão for que esta tragédia foi responsabilidade dos combatentes, os perpetradores devem ser responsabilizados e levados à Justiça”.
Ao momento, com investigação aeronáutico em curso, as informações de conhecimento são que o jato EMBRAER ERJ-190AR de matrícula 4K-AZ65 (registro de produção sn 19000630 e ano de fabricação 2013), cumprindo o vôo internacional regular J2-8243 – de Baku/Aeroporto Internacional Heydar Aliyev (UBBB), no Azerbaijão, para Grozny (URMG), na Rússia (a 820 MN a sudeste de Moscou) -, com 67 ocupantes (sendo 62 passageiros e 5 tripulantes), alternou de Grozny para Aktau (Cazaquistão) por razão meteorológica e, subsequentemente, para Makhachkala (Rússia), onde abortou a aproximação devido à meteorologia (nevoeiro) e seguiu para Aktau (UATE), onde a tripulação tentou um pouso de emergência, por problemas técnicos da aeronave, na pista 11, às 06:28Z (11:28LT), cerca de 1 hora depois da tentativa de aproximação abortada em Grozny. O avião colidiu com terreno fora do aeródromo, em pouso mal sucedido, em ponto a 5 km (2,7 MN) a noroeste do aeroporto de Aktau (UATE). Os vídeos mostram que a aeronave colidiu com o terreno em uma altitude baixa de asa direita, ‘nariz’ para baixo. Na colisão, a aeronave se partiu e um incêndio irrompeu. Fotos pós-acidente mostram que a área da cabine principal foi consumida pelo incêndio resultante do acidente. A seção da cauda parou de cabeça para baixo, longe dos destroços principais, e estava livre de danos causados pelo fogo. 29 ocupantes (incluindo os 3 comissários) sobreviveram.
No dia 25 de dezembro, o vôo 8243 decolou do Aeroporto Internacional de Baku (UBBB), no Azerbaijão, às 03:55Z, com destino do Aeroporto de Grozny (URMG), na Rússia, a 262 MN a noroeste, um vôo que normalmente leva cerca de uma hora.
A Agência Federal Russa de Transporte Aéreo (Rosaviatsiya) declarou que durante aquela manhã a situação na área do aeroporto de Grozny era “muito difícil”. Drones militares ucranianos estavam realizando ataques nas cidades de Grozny e Vladikavkaz. A Rosaviatsiya informa que o espaço aéreo foi fechado como resultado, sem declarar o prazo do fechamento em relação ao vôo 8243.
Adicionalmente, havia “névoa densa” na área do Aeroporto de Grozny, de acordo com Rosaviatsiya.
Dados de METAR Grozny de 05:02Z informam tempo presente de bruma, com céu fechado com Teto de 800 pés, com visibilidade de 3.500 m. Às 05:28Z, o teto subiu para 1.200 pés.
A Rosaviatsiya informou que o jato ERJ-190 fez duas tentativas de pouso em Grozny, que não tiveram sucesso. Ao vôo foi então oferecido outros aeroportos alternativos e a tripulação decidiu prosseguir para o Aeroporto de Aktau.
De acordo com uma transcrição não-verificada e não-confirmada de órgão de controle de tráfego (ATC), supostamente das comunicações entre a Torre Grozny e o vôo J28243, a tripulação solicitou uma aproximação NDB para a pista 26 devido à perda da navegação GNSS. A tripulação foi posteriormente liberada para uma aproximação NDB “V” através do procedimento de chegada Remka1X. Às 04:50Z, o vôo foi liberado para pousar. O jato EMBRAER então abortou a aproximação e recebeu vetores para uma segunda aproximação NDB para a pista 26. O vôo foi liberado para pousar às 05:10Z. Após uma segunda aproximação perdida, a tripulação comunicou que estava retornando para Baku. Às 05:16Z, a tripulação comunicou que tinha uma “falha de controle” devido a uma “colisão de pássaros na cabine”. E reportou sua intenção de desviar para Mineralnye Vody (225 km/122 MN a noroeste de Grozny) e solicitaram as últimas informações meteorológicas dessa localidade. Após recebimento da informação meteorológica de Mineralnye Vody, a tripulação comunicou intenção de desviar o vôo para Makhachkala. Às 05:22Z, a tripulação reportou que o sistema hidráulico havia falhado. Às 05:27Z, a tripulação foi instruída a contatar o Controle de Rostov.
Os dados ADS-B do sistema de rastreamento Flightradar24 interrompem às 04:25Z e reaparecem às 06:07Z quando o vôo voa sobre o Mar Cáspio, com transponder transmitindo com código 7700 (de emergência). Dados de altitude e velocidade disponíveis a partir das 05:14Z mostram altitude e velocidade flutuantes conforme a aeronave se desloca para Aktau. De acordo com a mídia local, a tripulação reportou problemas no controle da aeronave.
Vários vídeos e fotos mostram vários pequenos furos na deriva do jato bem como no estabilizador horizontal, e um furo no “trilho” (flap track fairing) de flape da asa esquerda. Um passageiro foi supostamente entrevistado após sobreviver ao acidente e afirmou ter ouvido uma explosão durante a descida ou aproximação e ter observado que estilhaços perfuraram seu colete salva-vidas.
Em 28 de dezembro, de acordo com a RT News, “o presidente russo Vladimir Putin ligou para seu colega azerbaijano, Ilham Aliyev, para expressar condolências pelo acidente aéreo que ocorreu no Cazaquistão”, segundo informado pelo Kremlin. Putin ofereceu um pedido de desculpas pelo fato de que um incidente “ocorreu no espaço aéreo russo”, acrescentando que “o mesmo ocorreu durante um ataque de drones ucranianos, que estava sendo repelido por defesas aéreas”. [EL]