Políticas “debilitantes” – como impostos na Europa, tarifas na importação de produtos e obstáculos regulatórios – ‘obscurecem’ e ameaçam indústria próspera, divulga a GAMA, defendendo o setor da aviação geral, em 28.02.25
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Na plataforma on line no dia 21, a editora da revista mensal AIN Kerry Lynch postou artigo repercutindo a atualização de um estudo de impacto econômico da indústria da aviação geral para a economia do EUA, a cargo da multinacional de auditoria e consultora financeira PwC (ex-PricewaterhouseCoopers), pela divisão tributária americana.
Os líderes das entidades patrocinadoras do estudo, como –
GAMA – General Aviation Manufacturers Association (associação de fabricantes da aviação geral),
AEA – Aircraft Electronics Association (associação de eletrônica aeronáutica),
AOPA – Aircraft Owners and Pilots Association (associação de proprietários-pilotos de aeronaves), EAA – Experimental Aircraft Association (associação de aeronaves experimentais),
NASAO – National Association of State Aviation Officials (Representantes da Associação Nacional de Oficiais de Aviação do Estado),
NATA – National Air Transportation Association (associação do transporte aéreo nacional),
NBAA – National Business Aviation Association (associação da aviação executiva americana), e,
VAI – Vertical Aviation International (aviação vertical internacional – ex-HAI – Helicopter Association International)
– foram encorajados pela descrição do estudo sobre a contribuição significativa que a indústria da aviação geral tem na economia do EUA.
O estudo, intitulado “Contribution of General Aviation to the US Economy in 2023” (Contribuição da Aviação Geral para a Economia do EUA 2023”, de fevereiro de 2025, revelou que a indústria da aviação geral um total de US$ 339,2 bilhões em produção econômica total no EUA e gera um total de 1.330.200 empregos. Para determinar o impacto econômico total da aviação geral para o EUA, o estudo calculou os impactos econômicos diretos, indiretos, induzidos e possibilitados, com base nos dados mais recentes disponíveis de 2023.
As entidades divulgaram a publicação do estudo no dia 19, e seus líderes repercutiram as conclusões.
Também no dia 19, a GAMA publicou relatório de entregas e faturamento por aeronaves entregues da aviação geral no 4T24 e no ano 2024, reportando aumento nas entregas em quase todos os segmentos de aeronaves e no faturamento pelas entregas. Na comparação com 2023, as entregas de aeronaves foram de 4.118 unidades (uma alta de 97 unidades, ou 2,4%), divididos em [1] 3.162 aviões (uma alta de 93 unidades, ou 3%), com a participação 76,8% (versus 76,3%) e [2] 956 helicópteros (uma alta de 4 unidades, ou 44%). O faturamento pelas entregas somou valor apurado preliminarmente de US$ 31,179 bilhões (uma alta de 13,3%), nas parcelas de US$ 26,725 bi (+14,1%) para aviões (85,6% do total, versus 85,1%) e US$ 4,454 bi (+9,8%) para helicópteros (14,4% do total).
Representantes da GAMA ‘pintaram’, na semana da publicação do estudo e do relatório da associação de entregas e faturamento das entregas, um futuro brilhante para a indústria com faturamentos acima de US$ 30 bilhões e um estudo econômico mostrando que ela contribui com mais de US$ 450 bilhões para as economias do EUA e da Europa combinadas. Mas várias questões ameaçam “obscurecer” esse quadro, incluindo impostos, tarifas e regulamentações, disseram os representantes da GAMA durante o evento anual da associação “Estado da Arte” (acontecido também no dia 19).
No artigo, Lynch reproduz fala do presidente e CEO da GAMA, Pete Bunce: “Foi realmente o ano em que provamos que a aviação geral é essencial para a sociedade e apenas para o bem-estar que temos em todo o planeta”. A declaração de Bunce apontou para não apenas os estudos de impacto econômico divulgados nos EUA e na Europa, mas também os esforços humanitários em que a indústria se envolveu após os furacões ao longo da Costa Leste e os incêndios de Los Angeles (na Califórnia – costa oeste).
“Ao olharmos para os dois lados do Atlântico, precisamos falar e nos gabar da importância do nosso setor”, disse Bunce, acrescentando que a indústria aeronáutica (e da aviação geral) está vendo políticas prejudiciais que atacam a indústria. Talvez uma das preocupações mais urgentes, disse Bunce, sejam os impostos que estão sendo impostos em países europeus, e na França em particular. “Esses impostos não são o que pensávamos há três ou quatro anos, que lidavam apenas com a sustentabilidade”, disse Bunce. “Esses impostos são impostos debilitantes que estão simplesmente indo para a receita da França ou de outros países”, completou Bunce.
Como exemplo, Bunce apontou para a lei recente do governo francês que potencialmente pode vir resultar cobranças de taxas de até € 2.100 (US$ 2.195) por passageiro por vôo. “Pense nisso”, disse Bunce. “Se você tem uma economia na Europa que se gaba de estar mudando de uma estratégia do Green Deal [Acordo Verde] para o Green industrial deal [Acordo Industrial Verde] e seu principal pilar nessa estratégia é a competitividade, você acabou de dar um tiro no próprio pé. Todos nós sabemos que é a aviação executiva que dá vantagem às empresas, quer você esteja fazendo negócios na Europa ou em todo o mundo. Você precisa da aviação executiva, e estamos perplexos com essa política”, Bunce argumentou.
Bunce enfatizou que a indústria precisa explicar constantemente por que essas políticas são prejudiciais injustamente. “A prova está em nossos números de entrega apenas no lado da fabricação … A proporção que estamos entregando para a Europa [está] diminuindo ao longo do tempo. Este é um resultado direto do sentimento anti-aviação executiva que existe por aí, que é quase sempre [apoiado] por supostos fatos ridículos que eles tiram do éter, que não têm base científica alguma e não podem ser justificados”, apontou Bunce.
Mas cabe à indústria dissipar mitos sobre a aviação executiva o tempo todo, reconheceu Bunce.
No EUA, as fabricantes estão se preparando para ainda mais complicações na cadeia de suprimentos com as tarifas propostas pelo governo Trump, em maiores impostos em produtos importados, disse Bunce.
“Os desafios têm sido enormes” para os fornecedores, disse Bunce, e devido à natureza da indústria, “não é fácil trocar de fornecedor. Quando você vai e troca de fornecedor, você tem que recertificar esse fornecedor”, Bunce explicou.
É custoso tanto para a empresa quanto para o regulador, ainda observou Bunce. “Se adicionarmos tarifas nisso que debilitam a indústria, isso pode ter consequências indesejáveis muito severas, seja falando de alumínio, seja falando apenas de transações transfronteiriças. Quando produzimos um motor, partes e peças cruzam fronteiras o tempo todo. Se você começar a adicionar tarifas a cada uma dessas transações, isso se torna significativo”, explicou Bunce.
A GAMA enfatizou a necessidade de trabalhar com a administração federal americana em políticas que não debilitem a indústria, Bunce reiterou.
O presidente da GAMA, Henry Brooks, que é presidente de energia e controles na Collins Aerospace, observou que as empresas estão movendo commodities de um lado para o outro através das fronteiras várias vezes durante o processo de fabricação. “E então uma das coisas que ainda não descobrimos é francamente como as tarifas funcionariam. Temos que realmente levar algum tempo para entender o que será tributado e quando será tributado”, disse Brooks.
Outra área de importância envolve reformas que tornam o processo de regulamentação mais eficiente. Bunce elogiou o administrador interino da FAA, Chris Rocheleau, que anteriormente atuou como COO na NBAA. “Chris entende a importância disso, e estou muito confiante de que Chris continuará esse ímpeto”, falou Bunce.
Mas o Departamento de Transporte (DoT) da administração federal americana também deve ser instado a continuar o ímpeto que começou no processo de reforma. “Nós da aviação não podemos fazer nada sem regulamentações, políticas e orientações, e muitas delas são regulamentações habilitadoras”. Bunce lembrou que na primeira administração Trump, as agências eram obrigadas a retirar duas regulamentações para cada nova, e Bunce observou: “Como interpretamos isso … agora é 10 para um. Como vamos atualizar isso para manter o ímpeto em andamento em políticas e orientações?”.
Mas, no que diz respeito aos efeitos das demissões da estrutura do governo federal americano, até agora, Bunce disse que há alívio de que os funcionários classificados em cargos relacionados à segurança estejam isentos. “Sabemos que a moral dentro da FAA foi impulsionada pelo fato da declaração no final da semana passada daqueles que têm responsabilidade direta pela segurança — seus empregos estão salvaguardados”, Bunce disse. Mas FAA está perdendo algum pessoal de apoio, Bunce admitiu, e ele entende que isso pode fornecer uma oportunidade para a agência se tornar mais eficiente. [EL] – c/ fonte