Em meio à paralisação orçamentária federal do EUA, escassez de controladores leva FAA a restringir vôos executivos em grandes aeroportos, em 10.11.25


A agência federal americana de aviação civil FAA anunciou que, a partir de segunda-feira (10), irá impor restrições inéditas à aviação executiva em 12 dos maiores aeroportos do país.

A partir da meia-noite (entre dias 09 e 10, horário padrão do leste do EUA), todas as “operações não-programadas” serão efetivamente proibidas nos seguintes aeroportos de Classe B atendidos principalmente por cias aéreas comerciais:

  1. ATL – Hartsfield-Jackson Atlanta International Airport (ATL)
  2. BOS – General Edward Lawrence Logan International Airport (BOS)
  3. DCA – Ronald Reagan Washington National Airport (DCA)
  4. DEN – Denver International Airport (DEN)
  5. DFW – Dallas Fort Worth International Airport (DFW)
  6. EWR – Newark Liberty International Airport (EWR)
  7. IAH – George Bush Intercontinental Airport (IAH)
  8. JFK – John F. Kennedy International Airport (JFK)
  9. LAX – Los Angeles International Airport (LAX)
  10. ORD – Chicago O’Hare International Airport (ORD)
  11. PHX – Phoenix Sky Harbor International Airport (PHX)
  12. SEA – Seattle-Tacoma International Airport (SEA)

Essas restrições serão publicadas como NOTAM individuais em cada aeroporto afetado. Exceções limitadas serão feitas para aeronaves baseadas em bases, operações de emergência, médicas, policiais, de combate a incêndios, militares ou a menos que autorizadas pela FAA. Os operadores de aeronaves executivas também devem se preparar para novos atrasos e restrições em qualquer um dos 40 aeroportos afetados pela ordem de emergência, ou que poderão ser afetados pela redução do número de controladores de tráfego aéreo.

O espaço aéreo Classe B, designado pela FAA, é o espaço aéreo ao redor dos aeroportos mais movimentados do país, estendendo-se da superfície até (normalmente) 10.000 pés acima do nível médio do mar (MSL) e assemelhando-se a um “bolo de casamento invertido”. É necessária autorização do Controle de Tráfego Aéreo (ATC) para ingresso e saída de todas as aeronaves (em operações VFR e IFR). Todas as aeronaves devem possuir capacidade rádio para contato bilateral, transponder Modo C e equipamento ADS-B OUT para a transmissão de sinal para posição (Modo C) em raio de 30 MN (no espaço aéreo Classe B).

O espaço aéreo Classe B está centrado nos aeroportos mais movimentados do país e é configurado em camadas para gerenciar o fluxo de tráfego. O formato é tipicamente descrito como um “bolo de casamento invertido”, com o núcleo mais interno estendendo-se da superfície e as camadas externas do espaço aéreo começando em altitudes mais elevadas, mais distantes do aeroporto. O limite superior é normalmente de 10.000 pés MSL, mas os limites inferiores de cada camada variam e são detalhados em carta aeronáutica. Um anel de 30 milhas náuticas ao redor do aeroporto, marcado por um círculo magenta, exige que todas as aeronaves tenham um transponder operacional com equipamento de Modo C e ADS-B OUT. Há um limite de velocidade para aeronaves de 250 KT dentro do espaço aéreo Classe B, e Mínimos meteorológicos VFR: para operações de Regras de Vôo Visual (VFR), os pilotos devem ter pelo menos três milhas (DM), ou 4,8 km, de visibilidade e permanecer fora das nuvens.

A medida, descrita por representantes do setor como uma “proibição efetiva” de vôos do transporte privado, ocorre em meio à grave escassez de controladores de tráfego aéreo causada pela paralisação orçamentária do governo federal americano.

A decisão amplia as limitações já impostas às cias. aéreas comerciais, que vêm sendo obrigadas a reduzir seus vôos desde a semana passada.

O governo Donald Trump determinou cortes de 4% nas operações aéreas, número que deve subir para 10% até sexta-feira (14), como forma de aliviar a pressão sobre os profissionais do controle aéreo, muitos dos quais seguem trabalhando sem remuneração.

Segundo a plataforma de rastreamento de vôo FlightAware, mais de 4.500 vôos comerciais foram cancelados e outros 17 mil registraram atrasos apenas no último fim de semana, em razão da falta de pessoal de controle de tráfego aéreo e do aumento da sobrecarga nos sistemas de controle de tráfego aéreo.

A FAA ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão. No entanto, o setor aéreo espera que as restrições sejam revistas caso o impasse político em Washington seja resolvido.

O Senado avançou no domingo (09) em negociações para encerrar a paralisação, que já é a mais longa da história do EUA.

A medida é mais um reflexo do colapso operacional provocado pela paralisação do governo, que afeta agências federais e setores estratégicos há semanas, impactando o transporte aéreo e a economia norte-americana.

No dia 06, a FAA postou nota divulgando que o secretário de transportes do EUA (DoT), Sean P. Duffy, e o administrador da FAA, Bryan Bedford, apresentaram nesse dia as medidas proativas que a FAA tomará para manter os mais altos padrões de segurança no sistema nacional de espaço aéreo. Isso inclui uma redução temporária de 10% nos vôos em 40 aeroportos de grande movimento em todo o país.

Desde o início da paralisação, os controladores de tráfego aéreo têm trabalhado sem receber salário, e os alertas de sobrecarga de trabalho nas instalações de controle de tráfego aéreo em todo o país têm aumentado. Isso resultou em um aumento nos relatos de sobrecarga no sistema, tanto por parte de pilotos quanto de controladores de tráfego aéreo. No último fim de semana (dias 01 e 02), houve 2.740 atrasos em diversos aeroportos.

“Meu departamento tem muitas responsabilidades, mas nossa principal prioridade é a segurança. Não se trata de política – trata-se de avaliar os dados e mitigar os riscos crescentes no sistema, enquanto os controladores continuam trabalhando sem receber salário”, disse o secretário do DoT Sean P. Duffy, para emendar: “É seguro voar hoje e continuará sendo seguro voar na próxima semana devido às medidas proativas que estamos tomando”.

“Estamos observando sinais de sobrecarga no sistema, por isso estamos reduzindo proativamente o número de vôos para garantir que os americanos continuem voando com segurança”, disse o administrador da FAA Bryan Bedford. “A FAA continuará monitorando de perto as operações e não hesitaremos em tomar outras medidas para garantir que as viagens aéreas permaneçam seguras”, completou Bedford.

As intervenções de segurança adotas abrangem:
– redução de 4% nas operações em vigor em 07 de novembro, aumentando para 6% em 11 de novembro, 8% em 13 de novembro e 10% em 14 de novembro.
– pela FAA: proibição de algumas aproximações por regras de vôo visual (VFR) em instalações com restrições de pessoal.
– pela FAA: permissão para lançamentos e reentradas espaciais comerciais somente entre 22h e 06h, horário local.
– pela FAA: proibição de operações de paraquedismo e missões fotográficas próximas a instalações com restrições de pessoal.

Essas ações foram diretamente influenciadas pela análise de dados de segurança da aviação feita pela FAA, incluindo relatórios de segurança voluntários e confidenciais preenchidos por pilotos e controladores de tráfego aéreo. Os dados indicaram um aumento da sobrecarga no sistema, o que eleva o risco.

Os 40 aeroportos afetados com alto impacto incluem:

  1. ANC – Ted Stevens Anchorage International Airport
  2. ATL – Hartsfield-Jackson Atlanta International Airport
  3. BOS – Boston Logan International Airport
  4. BWI – Baltimore/Washington International Airport
  5. CLT – Charlotte Douglas International Airport
  6. CVG – Cincinnati/Northern Kentucky International Airport
  7. DAL – Dallas Love Field
  8. DCA – Ronald Reagan Washington National Airport
  9. DEN – Denver International Airport
  10. DFW – Dallas/Fort Worth International Airport
  11. DTW – Detroit Metropolitan Wayne County Airport
  12. EWR – Newark Liberty International Airport
  13. FLL – Fort Lauderdale/Hollywood International Airport
  14. HNL – Honolulu International Airport
  15. HOU – William P. Hobby Airport
  16. IAD – Washington Dulles International Airport
  17. IAH – George Bush Houston Intercontinental Airport
  18. IND – Indianapolis International Airport
  19. JFK – New York John F. Kennedy International Airport
  20. LAS – Las Vegas McCarran International Airport
  21. LAX – Los Angeles International Airport
  22. LGA – New York LaGuardia Airport
  23. MCO – Orlando International Airport
  24. MDW – Chicago Midway International Airport
  25. MEM – Memphis International Airport
  26. MIA – Miami International Airport
  27. MSP – Minneapolis–St. Paul International Airport
  28. OAK – Oakland International Airport
  29. ONT – Ontario International Airport
  30. ORD – Chicago O’Hare International Airport
  31. PDX – Portland International Airport
  32. PHL – Philadelphia International Airport
  33. PHX – Phoenix Sky Harbor International Airport
  34. SAN – San Diego International Airport
  35. SDF – Louisville International Airport
  36. SEA – Seattle–Tacoma International Airport
  37. SFO – San Francisco International Airport
  38. SLC – Salt Lake City International Airport
  39. TEB – Teterboro Airport
  40. TPA – Tampa International Airport

A NBAA – National Business Aviation Association (associação da aviação executiva americana) vem acompanhando as perturbações à operação de vôos da aviação executiva-geral e intervenções pelas autoridades, divulgando notas de esclarecimento e orientação.

Em nota no dia 09, a associação divulgou a seguinte declaração do seu presidente e CEO Ed Bolen, em resposta à adoção de restrições adicionais às operações da aviação geral em 12 dos aeroportos mais movimentados do país, com implementação prevista para a meia-noite, horário padrão do leste do EUA. A declaração registra que a associação está “totalmente comprometida com a segurança do sistema nacional de aviação” e que orientará as operadoras a respeitarem as novas restrições. 

Na semana passada, foram anunciadas restrições a todas as operações de aviação, incluindo as da aviação geral, em 40 aeroportos dos EUA. Hoje [09], foram anunciadas novas restrições que, na prática, proibirão as operações da aviação executiva em 12 desses aeroportos, impactando desproporcionalmente a aviação geral, um setor que gera mais de um milhão de empregos, um impacto econômico de US$ 340 bilhões e que apoia vôos humanitários diariamente. 

A segurança é a base da aviação executiva, e a NBAA está totalmente comprometida em garantir a segurança do Sistema Nacional de Espaço Aéreo (NAS). Entre as maneiras pelas quais faremos isso está garantir que os operadores da aviação executiva compreendam essas restrições e suas implicações. 

Acima de tudo, este momento ressalta a necessidade de reabrir o governo para servir a todos os americanos. A NBAA se solidariza com o restante da comunidade da aviação ao pedir ao Congresso que encerre a paralisação imediatamente e que os NOTAM sejam revogados quando o governo reabrir. A NBAA se uniu a outras partes interessadas na coalizão Modern Skies [Céus Modernos] para pedir ao Congresso que encerre a paralisação sem demora.  

A NBAA se solidariza com o restante da comunidade da aviação ao pedir ao Congresso que encerre a paralisação sem demora”.

Em manifestação ao anúncio da FAA no dia 06 das medidas proativas adotadas pela FAA para manutenção dos mais altos padrões de segurança no sistema nacional de espaço aéreo, incluindo uma redução temporária de 10% nos vôos em 40 aeroportos de grande movimento em todo o país, a NBAA postou nota no dia 07 esclarecendo que a ordem da agência se aplica a todos os principais hubs de cias. aéreas no EUA e à maioria das instalações Classe B, bem como a vários aeroportos com operações significativas de aviação geral, incluindo Teterboro (TEB), Dallas Love Field (DAL) e Houston Hobby (HOU). E observou que, embora a aviação executiva tenha uma presença mínima na maioria das instalações afetadas pela ordem, os pilotos ainda podem sentir os efeitos.

“Nós fazemos parte dessa redução de 10%”, disse Heidi Williams, vice-presidente de serviços de tráfego aéreo e infraestrutura da NBAA. “Estamos compartilhando um recurso finito, especialmente quando se opera dentro e fora de um ambiente metropolitano. Há uma grande probabilidade de que os aeroportos satélites também sintam os impactos dessa redução. Compartilhamos rotas, procedimentos de chegada e partida e corredores semelhantes”, acrescentou Williams.

A NBAA ainda orientou que pilotos da aviação geral deveriam preparar-se e esperar por informes por controle de tráfego aéreo (ATC) de sobre possíveis atrasos ao receberem a autorização de decolagem.

A Associação Nacional de Transporte Aéreo (NATA – National Air Transportation Association) “incentiva seus membros a planejarem proativamente todos os vôos enquanto a ordem de emergência estiver em vigor — avisando os clientes sobre possíveis atrasos, considerando aeroportos alternativos quando viável e ajustando as estratégias de combustível e tripulação de acordo”.

“A NATA está se comunicando ativamente com seus membros e parceiros governamentais a respeito da ordem de emergência da FAA e dos NOTAM associados”, disse o presidente e CEO Curt Castagna. “Nossas principais prioridades são manter a segurança do Sistema Nacional de Espaço Aéreo, defender o fim imediato da paralisação prejudicial do governo e proteger o setor vital da aviação geral. Os membros da NATA permanecem comprometidos em fazer sua parte para apoiar os controladores de tráfego aéreo, mantendo as operações funcionando de forma eficiente por meio da conformidade e da cooperação. Acreditamos que as políticas da FAA devem permanecer orientadas pela segurança, equilibradas, apoiadas por dados e livres de ações que restrinjam ou discriminem injustamente a aviação executiva e geral. Continuamos a defender medidas operacionais equitativas que reflitam com precisão o impacto proporcional do nosso setor. Durante este período crítico, todos os setores da aviação devem se unir para proteger nosso sistema de controle de tráfego aéreo e compartilhar o ônus. Assim que os efeitos da paralisação diminuírem, o setor espera que a FAA determine se as ações tomadas tinham uma base operacional sólida e se os dados comprovam que as proibições foram benéficas para o sistema na época. Esperamos que uma avaliação objetiva revele que a aviação geral não é um fator contribuinte significativo para os atrasos”.

Um comentário na rede social Facebook levantou uma questão em relação aos NOTAM publicados pela FAA na noite do dia 09 de proibição temporariamente da operação de aeronaves da aviação geral (GA) e aeronaves não-regulares em 12 aeroportos americanos, com exceções, entrando em vigor imediato e com validade até 31/12/2025 – com o “fechamento” para aeronaves da aviação geral e aeronaves não regulares, com exceções: a proibição desses vôos nesses 12 aeroportos alivia a carga sobre o controle de tráfego aéreo, se essas aeronaves simplesmente pousarão em aeroportos adjacentes. O comentário acrescentou que, portanto, não haverá redução na carga de trabalho dos controladores de tráfego aéreo que lidam com as chegadas, e a redução para os controladores de torre nos 12 aeroportos será mínima.