Motiva (MOTV) vende negócios de aeroportos para grupo aeroportuário mexicano ASUR por R$ 11,5 bi, incluindo dívida líquida de R$ 6,5 bi, em 20.11.25


Em “Fato Relevante” ao mercado datado no dia 18, com título “Transação da Plataforma Aeroportos”, a Motiva (Infraestrutura de Mobilidade S.A) informou celebrou com a Aeropuerto de Cancún, S.A. de C.V., uma subsidiária do Grupo Aeroportuario del Sureste, S.A.B. de C.V. (ASUR), contrato de compra e venda de ações pelo qual a ASUR obriga-se a comprar a totalidade das ações de emissão da Companhia de Participações em Concessões (CPC) detidas pela Motiva.

A CPC é uma holding que engloba a totalidade das participações da Motiva em seus ativos aeroportuários no Brasil e no exterior.

No contexto da Transação, o equity value da CPC foi avaliado em R$ 5 bilhões e está sujeito a determinados ajustes a serem realizados até o fechamento da Transação.

A efetiva implementação da transação está sujeita ao cumprimento de condições suspensivas usuais a este tipo de operação, incluindo aprovações de autoridades governamentais no Brasil (ie, a ANAC) e no exterior, além de autoridades concorrenciais no exterior.

A presente transação está alinhada com o Plano Estratégico da Motiva, viabilizando destravamento de valor e simplificação do seu portfólio, e conferindo maior flexibilidade estratégica para um crescimento rentável e seletivo nos segmentos de rodovias e trilhos no Brasil.

A Motiva contou com assessoria financeira do Lazard e do Itaú BBA e assessoria jurídica do Pinheiro Neto Advogados na Transação.

O valor do negócio inclui dívida líquida de R$ 6,5 bilhões, para somar R$ 11,5 bi.

A Motiva espera que a transação seja concluída em 2026, após aprovação dos órgãos reguladores.

Pelos termos da transação, os ativos foram precificados a um múltiplo EV/EBITDA (LTM) de 8,8 vezes, acima do múltiplo atual da Motiva, segundo divulgação da Motiva. Os recursos da operação serão utilizados para a redução do endividamento da holding, afirmou a companhia, que passará a se concentrar em rodovias e transporte de passageiros sobre trilhos. A Motiva espera que sua alavancagem consolidada caia de 3,5 vezes para menos de 3 vezes.

Os ativos incluem 20 aeroportos, na América Latina, dos quais 17 no Brasil e três no estrangeiro – Latina Equador, Costa Rica e Curaçao -, movimentando por ano 45 milhões de passageiros e 60.000 toneladas de carga.

No Brasil, sob contratos de concessão federal, a Motiva opera os seguintes (17) aeroportos:
1 – região sul
1.1 –
Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba (SBCT), no PR
1.2 – Aeroporto Bacacheri, em Curitiba (SBBI), no PR
1.3 –
Aeroporto Cataratas – em Foz do Iguaçu (SBFI), no PR
1.4
– Aeroporto Gov. José Richa, em Londrina (SBLO), no PR
1.5
– Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola, em Joinville (SBJV), em SC
1.6
– Aeroporto Ministro Victor Konder, em Navegantes (SBNF), em SC
1.7
– Aeroporto Cmte. Gustavo Kraemer, em Bagé (SBBG), no RS
1.8
– Aeroporto Rubem Berta, em Uruguaiana (SBUG), no RS
1.9 –
Aeroporto de Pelotas (SBPK), no RS
2 – região sudeste
2.1 – Aeroporto Tancredo Neves/Confins (SBCCF), em MG
2.2 – Aeroporto Pampulha, em BH (SBBH), em MG
3 – região centro-oeste
3.1 – Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia (SBGO), em GO
4 – região nordeste
4.1 – Aeroporto Senador Nilo Coelho, em Petrolina (SBPL), em PE
4.2 – Aeroporto Senador Petrônio Portella, em Teresina (SBTE), no PI
4.3 – Aeroporto Marechal Cunha, em São Luís (SBSL), no MA
4.4 – Aeroporto Prefeito Renato Moreira, em Imperatriz (SBIZ), no MA
5 – região norte
5.1 – Aeroporto Brigadeiro Lysias Rodrigues, em Palmas (SBPJ), no TO

Os nove (9) aeroportos da região sul (PR, SC e RS) – Bloco Sul – foram concedidos pela União (na 6ª Rodada de Concessões) em 2021, em leilão em abril e assinatura do contrato em outubro, para concessão de 30 anos. O lance vencedor da CCR representou uma contribuição inicial de R$ 2,128 bilhões e ágio de 1.534,36% sobre o lance mínimo inicial de R$ 130,2 milhões, com investimento previsto de R$ 2,85 bi. Os terminais do Bloco Sul transportaram cerca de 12,4 milhões de passageiros em 2019; a previsão para concessão é a movimentação alcançar cerca de 27 milhões. Em 2024, os nove terminais do Bloco Sul transportaram 14.621.412 (ie, 14,621 milhões) de passageiros.

Os seis (6) aeroportos das regiões centro-oeste (GO), nordeste (PE, MA e PI) e norte (TO) – Bloco Central – , foram concedidos (na 6ª Rodada de Concessões) em 2021, em leilão em abril e assinatura do contrato em outubro, para concessão de 30 anos. O lance vencedor da CCR representou uma contribuição inicial de R$ 754 milhões e ágio de 9.156% sobre o lance mínimo inicial de R$ 8,14 milhões, com investimento previsto de R$ 1,8 bi. Os seis aeroportos do Bloco Central transportaram cerca de 7,3 milhões de passageiros em 2019; a previsão para concessão é a movimentação de passageiros aumentar em 30% no primeiro ano de concessão (9,5 milhões), podendo chegar a 208% de alta ao longo dos 30 anos (22,5 milhões). Em 2024, os seis aeroportos do Bloco Central transportaram 7.775.071 (ie, 7,775 milhões) passageiros.

Os 15 aeroportos dos Blocos Sul e Central envolveram uma contribuição inicial de R$ 2,882 bilhões (ágio de1.983%, sobre lance mínimo de R$ 138,34).

O Aeroporto da Pampulha foi concedido em leilão em abril de 2021, com lance vencedor da CRR de R$ 34 milhões, um ágio de 245,29% em relação ao valor previsto em edital, de R$ 9,846 mi. A concessão é de 30 anos, com investimento estimado em R$ 151 milhões.

A concessão do aeroporto de Confins – pelo consórcio privado da Zurich Airport e da Motiva, com 51% de participação, e INFRAERO (49% de participação) – foi licitada em 2013 e contrato assinado em 2014. Em 2024, o aeroporto bateu recorde de movimentação de passageiros, com 12,3 milhões. O contrato de concessão termina em 2044 (30 anos de duração).

A Motiva reportou, do exercício 2024:
– receita líquida ajustada consolidada de R$ 14,538 bilhões (com alta de 10% sobre receita de R$ 13,214 bi em 2023).
– EBITDA ajustado consolidado de R$ 8,281 bi (com alta de 6,6% sobre R$ 7,771 bi em 2023.
– lucro ajustado de R$ 1,780 bi (com alta de 25,7% sobre R$ 1,416 bi em 2023).
– Dívida Líquida/EBITDA Ajustado nos últimos 12 meses de 3,3, para dívida líquida de R$ 27,327 bi (versus 3, para dívida líquida de R$ 23,313 bi, alta de 0,3% – ou R$ 4,014 bi, ou 17,2%).

Da divisão Aeroportos, o exercício 2024 reportou:
– receita líquida sem construção de R$ 2,127 bi (com alta de 6,6% sobre R$ 1,995 bi em 2023).   A receita líquida sem construção da divisão Rodovias foi de R$ 8,352 bi, com alta anual de 7,7%).
– EBITDA ajustado de R$ 1,0138 bi, 12,2% do consolidado (com alta de 27% sobre R$ 798,3 bi, 10,3% do consolidado, em 2023). EBITDA ajustado da divisão Rodovias foi de R$ 6,237 bi, 75,3% do consolidado (com alta anual de 6,2).
– a margem EBITDA ajustado foi de 47,7% (versus 45% em 2023). A margem EBITDA ajusto da divisão Rodovias foi de 74,7% (versus 75,7% em 2023).
– Custos e Despesas Totais de R$ 3,033 bi (com alta de 64,6% sobre R$ 1,843 bi em 2023), para receita bruta de R$ 2,303 bi (com alta anual de 7% sobre R$ 2,153 bi). Na divisão Rodovias, o Custo e Despesa Total foi de R$ 6,976 bi (com alta anual de 16,55), para receita bruta de R$ 9,182 bi (com alta anual de 7,7%).
– o Custo e Despesa Total de R$ 3,033 bi se compôs das parcelas:
(a) Custo Caixa de R$ 1,113 bi (36,7% do total), com alta anual de 14,1%, com as principais parcelas de [1] Serviços de Terceiros, de R$ 408 mi (36% do Caixa, e 13,5% do total), [2] Outorga/Obrigações com poder concedente, de R$ 357 mi (32% do Caixa, e 11,8% do total), [3] R$ 113 mi (10% do Caixa, e 3,7% do total).
(b) Custo Não-Caixa de R$ 379 milhões (12,5% do total), com alta anual de 6,7%.
(c) Custo de Construção de R$ 1,541 bi (50% do total), com alta anual de 202%.

Em 2024 foram movimentados 19,832 milhões de passageiros (versus 18,417 milhões em 2023, com alta de 7,7%. Os aeroportos brasileiros responderam com 15,773 milhões (79,5% do total), sendo 15,374 milhões no setor doméstico (77,5% do total, e 97,5% do total brasileiro); a movimentação de passageiros domésticos em 2024 de 15.374 milhões foi uma alta 5,7% sobre o movimento de 14,550 milhões em 2023.

O que representa a venda da operação de aeroportos no Brasil e América Latina para a mexicana ASUR
Fonte: InfoMoney – 19/11/2025
A Motiva (MOTV) anunciou nesta terça-feira (18) a venda de sua operação de 20 aeroportos no Brasil e América Latina para a mexicana Asur avaliando os ativos em R$ 11,5 bilhões.

O BBI destaca que o negócio foi avaliado em 8,8 vezes EV/Ebitda (valor da empresa/lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) dos últimos 12 meses, acima dos múltiplos da própria Motiva de 6,8 vezes. A transação precifica a participação da companhia em R$ 11,5 bilhões em valor de firma e R$ 5 bilhões em valor de capital, cifra ligeiramente superior à expectativa inicial do BBI de R$ 4,5 bilhões, mas alinhada ao valor de R$ 5 bilhões que já circulava no mercado desde 5 de novembro.

A Motiva estima que a venda pode reduzir a alavancagem em mais de 0,5 vez. O BBI calcula que a dívida líquida consolidada da holding pode cair para R$ 1 bilhão, ante os atuais R$ 5,6 bilhões, aumentando a capacidade financeira da Motiva para aproveitar o amplo cronograma de leilões de rodovias e mobilidade urbana previstos para os próximos meses.

O BBI destaca também que o acordo reduz a complexidade do portfólio, uma vez que a empresa passa a atuar em apenas um país e vê seu número de ativos cair de 37 para 17.

Entre os potenciais “gatilhos’ para a ação, o Bradesco BBI cita novos aditivos contratuais, já em negociação com diferentes governos, e a adjudicação de novos projetos, dado o volume de leilões previstos.

O Goldman Sachs afirma que, com base em conversas com investidores, a venda desses ativos já era amplamente esperada e por um valor semelhante ao anunciado, o que deve resultar em uma reação limitada do preço das ações.

Embora sem impacto surpresa, o BTG Pactual destaca que o anúncio marca um passo relevante na otimização do portfólio, abrindo espaço para uma empresa menos alavancada e mais focada. Em termos de mercado, o efeito tende a ser neutro, dado que os investidores já incorporavam a transação, e as ações acumulam alta de 58% no ano.

Na avaliação da Genial, o movimento é positivo para desalavancagem e foco estratégico, especialmente após forte ciclo de investimentos em aeroportos, que se provaram de difícil execução ao longo do tempo. A corretora acredita que a empresa deve seguir com investimentos no segmento de rodovias.

De forma geral, a XP Investimentos vê o acordo como positivo por três fatores:
(i) alinhamento estratégico, reforçando a simplificação do portfólio da Motiva e o foco em operações principais;
(ii) maior eficiência fiscal na holding, já que o pagamento em caixa deve permitir uma redução relevante da dívida; e,
(iii) fortalecimento do balanço, com a relação dívida líquida/EBITDA devendo cair de 3,5 vezes para menos de 3,0 vezes.