Mercado de aviação executiva em 2025: horas de vôo em alta, encomendas robustas e vendas de aeronaves usadas estabilizadas – um ano de sucesso -, por Kerry Lynch, editora da revista mensal da AIN, em 06.12.25
Em post na plataforma online da AIN no dia 01, a editora da revista mensal da mídia Kerry Lynch articulou o momento da aviação executiva globalmente. O post tem o título 2025 “Bizav market going out like a lion – flight hours are up, orders are strong, and preowned sales stablized” (Mercado da aviação executiva avançando como um leão – horas de vôo em alta, encomendas fortes e vendas de usados estabilizadas).
Lynch sustenta que o setor de aviação executiva está encerrando um de seus anos mais fortes em décadas, com novas entregas e carteira de pedidos em alta, atividade com horas de vôo sem sinais de desaceleração e o mercado de aeronaves usadas permanecendo forte, porém racionalizado. E, o mais importante, o setor superou a “turbulência” que ameaçou esfriar o mercado no primeiro trimestre devido ao “tarifaço” no EUA incidente nas importações de produtos aeronáuticos.
Em outubro, a provedora de dados Argus, especialista em dados e segurança da aviação, reportou que a atividade de vôos da aviação executiva havia aumentado 5,3% em relação ao ano anterior, tornando-se o segundo mês de maior atividade desde janeiro de 2007, quando a Argus começou a monitorar a utilização de aeronaves executivas. Outubro também marcou o sexto mês consecutivo de crescimento da atividade aéreo do setor na Europa, com um aumento de 3,1%.
A demanda tem sido forte em todos os setores, de acordo com Travis Kuhn, vice-presidente sênior de software da Argus. As operações de propriedade compartilhada ao longo do ano impulsionaram a robusta atividade de vôos, talvez um indicador de que os novos participantes no mercado desde a Covid-19 permaneceram, mas a atividade do segmento do transporte por demanda (PART-135) se fortaleceu, com o segmento do transporte privado (PART-91) apresentando um leve aumento, mostrando sinais positivos de vôos privados e operações de departamentos de aviação executiva. “Outubro não decepcionou em termos de atividade de vôos”, disse Kuhn.
Lynch observa que outubro não foi uma anomalia. Apenas alguns meses antes, a especialista de análise de dados WingX observara que a atividade global de jatos executivos havia registrado o agosto mais movimentado em quase duas décadas. Os 327.745 vôos em todo o mundo em agosto representaram aumentos de 5%, 3% e 30% em relação aos mesmos meses de 2024, 2022 e 2019, respectivamente. Mantendo a tendência, as provedoras de propriedade compartilhada NetJets e Flexjet foram as operadoras com maior atividade do mês.
A força do mercado de jatos executivos é um bom presságio para transações de aeronaves novas e usadas, à medida que as frotas são renovadas e os proprietários buscam aeronaves mais modernas. As entregas de jatos executivos aumentaram, aproveitando as restrições da cadeia de suprimentos, e, além disso, as principais fabricantes de equipamentos originais registravam carteiras de pedidos com dois anos de atraso em todas as suas linhas de produtos. Isso representa uma mudança significativa em relação ao mercado pré-pandemia.
De fato, a financiadora Global Jet Capital (GJC) estimou que as carteiras de pedidos são cerca de 62,5% maiores do que eram antes da pandemia.
“Estamos vendo um mercado muito bom e equilibrado”, disse Vivek Kaushal, CEO da GJC, para a AIN. “Claramente, viramos a página após a pandemia, e a história continua a se desenvolver de forma muito positiva e constante”, sustenta Kaushal.
A GJC prevê que as entregas de jatos executivos de nova produção chegarão a 779 neste ano, um aumento de 33 unidades (4,4%) em relação aos 746 jatos novos de 2024, para crescer para 852 em 2029, um aumento de 73 unidades (9,4%); assim, a projeção é de um aumento na produção de jatos de 14,2% (de 106 unidades).
“Se você observar as novas entregas de aeronaves, atingimos o ponto mais baixo em US$ 14,2 bilhões em 2020, e esse valor subiu gradualmente para US$ 19 bilhões em 2024 [alta de US$ 4,8 bi, ou 33,8%]. Este ano, acreditamos que chegaremos a cerca de US$ 20 bilhões [alta de US$ 1 bi, ou 5,3%, em 2025 sobre 2024, e de US$ 5,8 bi, ou 40,8%, no período 2020 e 2025], e se você observar a proporção entre o ponto mais baixo e o mais alto, de cerca de 50% ou um pouco menos de 50%, essa é, na verdade, uma proporção ideal da nossa perspectiva”, disse Kaushal.
A pesquisa da consultoria e analista de mercado JetNet iQ, por sua vez, prevê que as entregas deste ano chegarão a 825 novos jatos executivos, um aumento de 10,6% (79 unidades) em relação aos 746 jatos novos em 2024, com a consultoria e analista (JetNet) prevendo um aumento extra de 46 unidades (5,9%) sobre a projeção da GJC. Se essas entregas se concretizarem, 2025 será o primeiro ano desde 2019, antes da pandemia, em que as entregas ultrapassarão a marca de 800 unidades, e apenas a segunda vez desde 2009.
Rolland Vincent, da Rolland Vincent Associates, criador da pesquisa JetNet iQ, apontou para o aumento simultâneo das entregas e da carteira de pedidos, afirmando: “Do ponto de vista de um fabricante de equipamentos originais, o objetivo é começar a transformar essa carteira de pedidos em mais caixa. Provavelmente, poderíamos facilmente produzir 1.000 aeronaves este ano, como indústria, e até mesmo manter esse ritmo por um período prolongado”.
No entanto, as restrições na cadeia de suprimentos estão impondo disciplina, destaca Lynch.
O presidente e CEO da Bombardier, Éric Martel, destacou o desejo da fabricante canadense de aumentar a produção e informou aos analistas que a liderança da fabricante está realizando uma análise aprofundada com os fornecedores para avaliar as possibilidades. Qualquer mudança significativa provavelmente não ocorrerá antes de 2027, e apenas dentro do que for possível, disse Martel, embora tenha admitido que, se a carteira de pedidos ficar muito longa, isso poderá prejudicar as vendas.
Enquanto isso, o mercado de aeronaves usadas tem se mantido aquecido, mas em um ritmo mais racional do que o frenesi da Covid. A IADA – International Aircraft Dealers Association (IADA) divulgou, durante a edição 2025 da feira de aviação executiva americana NBAA-BACE, em outubro, que o mercado de aeronaves executivas usadas está entrando no quarto trimestre em condições mais saudáveis do que durante o pico pós-pandemia.
A IADA atribuiu a melhora da demanda no mercado americano a duas mudanças de política. Primeira mudança, a reintegração da depreciação acelerada de 100% – agora permanente – para aeronaves novas ou usadas qualificadas, colocadas em serviço a partir de 20 de janeiro de 2025. De acordo com a associação, isso “antecipou a demanda, aumentou a urgência de fechamento de negócios no final do ano e melhorou a acessibilidade líquida para compradores americanos”. Segunda mudança, um acordo provisório firmado em julho entre o EUA e a União Européia preservou o comércio livre de tarifas de aeronaves, motores e peças, reduzindo uma grande incerteza para transações transfronteiriças.
“O momento está se consolidando após um período de desaceleração cíclica entre o pico de 2021 e 2023”, registro relatório da IADA. Os níveis de estoque se normalizaram, os preços estão mais racionais e a demanda é sustentada pela resiliência das viagens corporativas na América do Norte, pelo aumento da riqueza no Oriente Médio e por uma notável recuperação na atividade de aeronaves de grande porte.
A GJC prevê que as transações de aeronaves usadas representarão 2.604 aeronaves neste ano, chegando a 2.926 em 2029, um crescimento de 322 unidades (12,4%).
O retorno permanente da dedução integral de despesas com aeronaves novas e usadas impulsionou os mercados tanto de aeronaves novas como de aeronaves usadas. A pesquisa JetNet iQ, divulgada em setembro, mostrou que mais da metade dos entrevistados afirmou que o retorno da mudança tributária aumentaria a probabilidade de compra de uma nova aeronave nos próximos 12 meses.
A pesquisa da “iQ” também mostrou como o sentimento geral começou a mudar de um ambiente predominantemente pessimista para um otimista. No segundo trimestre (2T25), quando a incerteza em relação às tarifas (“tarifaço” do EUA) havia arrefecido o mercado, 51,9% dos entrevistados estavam pessimistas quanto às condições do mercado de aviação executiva, enquanto apenas 34,4% acreditavam que o mercado já havia superado o ponto mais baixo; isso representou um otimismo líquido de -17,5%. No terceiro trimestre (3T25), contudo, o otimismo líquido saltou para +28,4%, com 57,9% dos entrevistados afirmando que o mercado já havia superado o ponto mais baixo e 29,5% ainda acreditando que está em declínio. O indicador de otimismo líquido atingiu o nível mais alto desde o terceiro trimestre de 2022.
A curva de otimismo apresentou tendência de alta em todas as regiões globais. “Isso é um ótimo sinal para o final do ano”, disse Vincent (da Rolland Vincent Associates, criador da pesquisa JetNet iQ). A Europa está, na verdade, liderando o otimismo, impulsionada pela significativa transferência de riqueza e pelo fato de muitos ainda não terem descoberto a aviação executiva, acrescentou Vincent. “Estamos observando vários indicadores-chave que apontam para a saúde do mercado — confiança do cliente, vendas de jatos usados no acumulado do ano, aeronaves em operação, carteira de pedidos, relação entre pedidos e faturamento e intenção de compra de aeronaves, embora esta última ainda esteja em um nível um tanto moderado”, completou Vincent. [EL] – c/ fonte
