Bye Aerosapce revela plano de bimotor elétrico (eFlyer 800) com motorização Safran para até sete passageiros e dois pilotos, cruzeiro a 320 KT e alcance de 500 MN, em 23.04.21

A empresa americana (sediada em Denver, no Colorado) Bye Aerospace revelou planos para entrar no mercado de aviação executiva com o eFlyer 800, um avião bimotor totalmente elétrico equipado com (par de) motores elétricos Safran Engineus, com capacidade para até nove assentos, sendo sete passageiros e dois pilotos, com alcance de até 500 MN, voando cruzeiro de 320 KT, acrescentou. A Bye Aerospace indicou que espera concluir a certificação de Tipo até 2026, mas divulgou que já tem “contratos de depósito [sinal] de clientes” de operadores de táxi aéreo, fretamento e carga, nos EUA e Europa, com identificação não-divulgada.
O novo modelo se coloca para concorrer com atuais modelos turboélice no mercado, como o bimotor Beechcraft King Air 260 e mesmo o monomotor Daher TBM 910, embora com menos de um terço em alcance. A Bye Aerospace não anunciou preço de tabela do eFlyer 800, mas indicou à Forbes que seria semelhante ao do King Air 260, por um pouco mais de US$ 6 milhões.
A Bye Aerospace já está trabalhando para obter a certificação Tipo pelo regulamento PART-23 do monomotor de dois assentos eFlyer 2, voltado principalmente para treinamento de vôo. A Bye também está desenvolvendo outro monomotor, de quatro assentos, o eFlyer 4, que poderá ser utilizado desde treinamento até serviços aéreos comerciais de taxi-aéreo, transportando passageiros e carga-expressa. Os dois modelos eFlyer também são equipados com motores Safran, com uma classificação de potência variando de 50 kW a 500 kW/1 MW. Serão fornecidos com o sistema de distribuição elétrica e proteção de rede GeneusGRID da empresa francesa.
O eFlyer 800 contará com novas baterias de lítio-enxofre desenvolvidas pela Oxis Energy, com sede no Reino Unido. Segundo a Oxis, a primeira geração dessas baterias tem energia específica de 450 Wh/kg e densidade energética de 550 Wh/L. A Oxis Energy acredita que esses níveis podem ser aumentados para 550 Wh/kg e 700 Wh/L até o final de 2023, e depois para 600 Wh/kg e 900 Wh/L até 2026.
De modo geral, níveis de energia em torno de 400 Wh/kg têm sido considerados por alguns como o ponto de inflexão para tornar as baterias de íon-lítio viáveis para aeronaves elétricas. Atualmente, níveis em torno de 220 a 250 Wh/kg são os mais típicos do setor.
A Bye Aerospace afirma que os custos operacionais do eFlyer 800 serão equivalentes a um quinto (20%) dos aviões similares movidos por querosene aeronáutico, com as premissas de que a eletricidade custará menos do que o combustível e que os motores elétricos exigirão menos manutenção do que os motores turboélice.
“O eFlyer 800 é o primeiro avião com tecnologia de propulsão totalmente elétrica que atinge desempenho e segurança de turboélice, sem dióxido de carbono e com custos operacionais extremamente baixos”, disse o fundador e CEO da empresa, George Bye. “Este tipo de economia e desempenho notáveis é possibilitado pelo sistema de propulsão elétrica e tecnologia avançada de célula de bateria que resulta em densidades de energia significativamente maiores”, salientou George.
Em novembro, o grupo Aerospace9, da Coréia do Sul, anunciou uma parceria estratégica com a Bye Aerospace, que inclui um investimento não divulgado na empresa dos EUA e um acordo de compra cobrindo 300 aeronaves – abrangendo 150 aparelhos eFlyer 2, 148 aparelhos eFlyer 4 e dois exemplares de um novo modelo maior que na época era conhecido como “Envoy”.
Em março, a Textron, detentora da marca Beechcraft e fabricante da Família de aeronaves King Air em seu portfólio, anunciou sua intenção de entrar no setor de aviação elétrica. O grupo americano (ainda detentor da marca Cessna) confirmou que criou uma nova divisão denominada Textron eAviation, mas se recusou a fornecer quaisquer detalhes de seus planos para este novo empreendimento.
Em junho de 2019, a francesa Daher anunciou uma parceria com a Safran e a Airbus para desenvolver uma versão híbrido-elétrico de sua família TBM de aeronaves no programa designado EcoPulse. Isso envolve a adição de seis motores elétricos com hélices Safran instalados na asa, e fazê-los operar em conjunto com atual unidade turboélice Pratt & Whitney PT6A atuando como um gerador simultaneamente funcionando com motor propelido dianteiro (no ‘nariz’). Os parceiros têm o objetivo de realizar um primeiro vôo do EcoPulse em 2022. [EL] – c/ fontes