Obras para implantação de sistema EMAS em Congonhas avançam para a conclusão em março de 2022, em 20.08.21


O ministro da pasta de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, esteve no Aeroporto de Congonhas (SBSP), na capital paulista, nesta quinta (19), para conferir o andamento das obras para implantação de sistemas EMAS nas cabeceiras da pista principal do aeroporto (17R/35L), visando o aumento da segurança operacional com a maior área de escape e com material com capacidade de contenção de aeronaves.
Em elevação de 2.631 pés, Congonhas (SBSP) tem duas pistas de asfalto paralelas. A pista primária (17R/35L) tem 45 x 1.940 m., com resistência de pavimento PCN 50 e resistência de subleito média. A pista secundária (17L/35R) tem 45 x 1.495 m., com resistência de pavimento PCN 38 e resistência de subleito média.

As distâncias declaradas são:
RWY 17R/35L: TORA=ASDA=1.790 m. ; TODA=1.940 m. ; LDA= 1.660 m.
RWY 17L/35R: TORA=ASDA=1.345 m. ; TODA=1.345 m. ; LDA= 1.195 m.

Dois NOTAM, interelacionados, revisam características das físicas da pista primária (17R/35L) e as implicações para as distâncias declaradas.

O NOTAM N0071, de 15/07/21, vigendo de 15/07 até 29/05/2022 (09:00Z), informa:
RWY 17R/35L: TORA=ASDA=1.782 m. [=1.790-8] ; TODA=1.932 m. [=1.940-8] ; LDA= 1.660 m.

O NOTAM N0072, de 15/07/21, vigendo de 15/07 até 29/05/2022 (09:00Z), informa o fechamento de trecho de 8 m. para decolagem, de 8 m. iniciais [i] para pista 17R e de 8 m. finais [ii] para pista 35L.

Ao final do serviço, a pista principal (17R/35L, de 45 x 1.940 m.) terá duas novas áreas de escape – uma de 70 m. x 45 m. (larg.) na cabeceira 17R, e outra de 75 m. x 45 m. (larg.) na cabeceira 35L. Os sistemas EMAS das duas cabeceiras serão instalados em estrutura reticulada compostas por vigas e pilares de perfis metálicos capazes de suportar as aeronaves e veículos. O projeto prevê ainda obras complementares nas pistas de taxiamento nas regiões próximas aos EMAS.

Congonhas será o primeiro aeroporto da América Latina a contar com o EMAS, uma estrutura que cria uma nova área de escape com blocos de concreto que se deformam quando uma aeronave ultrapassa o limite final da pista, desacelerando e contendo a aeronave. O método resulta na desaceleração do avião e é usado em aeroportos com limitações de espaço em países da Europa e da Ásia, além dos EUA. Foi desenvolvido nos anos 1990, e vem sendo aprimorado desde então, como solução para a necessidade de ampliação da segurança operacional em aeroportos que têm limitações de espaço, como Congonhas.

Os trabalhos para implantação da tecnologia EMAS (Engineered Material Arresting System) foram iniciados em fevereiro de 2021 e já atingiram 51% de execução.

Com constatação que o trabalho passou da metade, Tarcísio de Freitas tem que a obra poderá ser entregue ainda em março de 2022 – dois meses antes do previsto, agregando valor ao terminal, que deve ser concedido à iniciativa privada em 2022.

“Aqui, vai dar mais segurança e harmonizar o sítio aeroportuário. Certamente agrega valor ao Aeroporto de Congonhas, que faz parte da 7ª rodada de concessões aeroportuárias. Devemos abrir consulta pública no final do mês, no mais tardar no início de setembro, e promover o leilão no início do ano que vem”, acrescentou. Ao todo, 16 aeroportos foram inclusos na 7ª rodada, divididos em três blocos, e com previsão de R$ 8 bilhões em investimentos.

“É o primeiro equipamento desta natureza na América Latina. Existem outros aeroportos do país que, como Congonhas, têm limitação de espaço e poderão se beneficiar do EMAS, que aumenta a segurança e a capacidade operacional do aeroporto. Devemos empregar essa mesma tecnologia em outros aeroportos do Brasil”, antecipou Tarcísio.

“O projeto tem uma série de desafios, mas, trabalhando junto com o consórcio contratado e com as equipes da INFRAERO [que opera Congonhas e é a contratante da obra], o serviço está sendo feito dentro do prazo, e, em breve, ainda no início de 2022, faremos a inauguração desse importante projeto de segurança operacional para o Aeroporto de Congonhas”, destacou o diretor de Operações e Serviços Técnicos da INFRAERO, brigadeiro André Luiz Fonseca e Silva.

As obras têm investimento de R$ 122,5 milhões, oriundos do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), dotados para a INFRAERO, e estão sendo executadas pelo consórcio Kigab/Conserva, vencedor do processo licitatório.

Para instalar o EMAS no Aeroporto de Congonhas, a INFRAERO integrou um grupo de trabalho com a ANAC para estudar e criar critérios do projeto, instalação e manutenção de sistemas de desaceleração de aeronaves. O projeto também contou com a contribuição de técnicos da ABEAR (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e do Ministério da Infraestrutura, que fizeram os apontamentos necessários quanto aos requisitos do empreendimento.

“Essa etapa foi necessária porque o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil [RBAC] 154, que estabelece as regras a serem adotadas no projeto de aeródromos, não apresenta requisitos detalhados para implementação do EMAS. Por isso, foram adotadas as premissas utilizadas nos Estados Unidos para criar um modelo específico para Congonhas, que levou em conta o espaço disponível no aeroporto”, explica o superintendente de engenharia da INFRAERO Giuliano Capucho.

Em setembro de 2020, o governo federal concluiu a recuperação do asfalto da pista principal do aeroporto de Congonhas. A obra foi feita aproveitando a redução da demanda aérea na pandemia e custou R$ 11,5 milhões. Na reforma foi aplicada na pista uma Camada Porosa de Atrito (CPA), usada para aumentar a quantidade de atrito e que escoa mais rapidamente a água, o que evita aquaplanagem, quando o avião perde o contato com o solo. De acordo com a INFRAERO, após a reforma, a pista ficou mais segura, com um sistema que permite o escoamento mais rápido da água da chuva e uma maior aderência aos pneus das aeronaves.