Gulfstream no cronograma para a primeira entrega do G700 no próximo ano, em 09.10.21


Os executivos da Gulfstream Aerospace estão visivelmente satisfeitos com o progresso do novo programa G700. Os esforços da campanha de testes de vôo e certificação para o modelo de ultralongo alcance estão avançando conforme planejado, e o interesse de mercado no novo modelo é forte.

O G700 tem preço de tabela de cerca de US$ 75 milhões.

“A situação de encomendas da aeronave é espetacular”, disse o vice-presidente sênior de vendas mundiais da Gulfstream, Scott Neal, para a mídia AIN durante uma coletiva de imprensa e uma turnê do G700 no mês passado em Paris, pousando no Le Bourget. O interesse é global, mas particularmente forte nos EUA, e os compradores consistem em clientes atuais da Gulfstream, clientes de fabricantes concorrentes e novos proprietários de jatos executivos pela primeira vez, Neal revelou.

Neal permaneceu calado sobre quantos pedidos de G700 a Gulfstream já captou desde o lançamento do programa, dois anos atrás, por ocasião da convenção da viação executiva da NBAA (na NBAA-BACE), mas revelou que “a próxima posição de entrega disponível é em 2025”. No entanto, Neal já revelou os clientes de lançamento, em outubro de 2019: a Qatar Executive e a provedora americana de aeronaves compartilhadas Flexjet. A Qatar Executive será a operadora de lançamento internacional e a Flexjet a primeira cliente norte-americana do G700.

O ‘braço’ de aviação executiva da Qatar Airways, a Qatar Executive tem encomendados 10 G700, enquanto a Flexjet tem encomenda para 16 jatos, para complementar os aparelhos G650ER, G500 e G450 já em frota.

O G700 está programado para entrar em serviço no próximo ano, com “a entrega da primeira aeronave para a Qatar Executive no início do quarto trimestre”, disse Neal.

A Gulfstream não estará expondo na convenção NBAA-BACE 2021 porque no início deste ano decidiu abrir mão de participação em grandes feiras e eventos internacionais devido principalmente a questões de segurança sanitária para funcionários e clientes decorrentes da pandemia Covid-19, disse Neal. “Foi uma decisão prudente”, explicou, para ressaltar: “A Gulfstream voltará a participar dos eventos do setor quando a situação da Covid melhorar”.

Enquanto isso, a fabricante opta por apresentar o jato particularmente a clientes. Na recente turnê de demonstração internacional da primeira aeronave com interior de produção, os pontos de visita foram Doha, Catar e Paris/Le Bourget.

“Esses foram os primeiros vôos internacionais para o G700, e ele teve um desempenho excepcionalmente bom”, observou o presidente da Gulfstream, Mark Burns. “Não apenas a aeronave provou sua capacidade de velocidade e distância, mas a cabine totalmente equipada também está recebendo ótimas críticas por seu tamanho, ambiente, qualidade e flexibilidade impressionantes”, falou Burns.

Na turnê, o G700 – de registro de produção sn 006 e matrícula N706GD – estabeleceu os primeiros recordes de velocidade de pares de cidades do modelo quando voou de sua base em Savannah, na Georgia/EUA, para Doha, para Paris/Le Bourget e de volta para Savannah.

Para a turnê, a deixou Savannah em 27 de agosto com o destino de para Doha, cobrindo 6.711 MN a uma velocidade média de MACH 0,88, em 13 horas e 16 minutos. Na sequência da turnê, no dia 31 (de agosto), a aeronave estabeleceu outro recorde de par de cidades voando de Doha para Paris, percorrendo 2.953 MN em 06h15m, a uma velocidade média de Mach 0,90.

Para o vôo de regresso, o jato bateu mais um recorde de velocidade interligando duas cidades fazendo a travessia transatlântica em 07h59m a uma velocidade média de cruzeiro de MACH 0,90. Este vôo quebrou um recorde estabelecido por Gulfstream IV em 1997 por exatamente 30 minutos, de acordo com a fabricante.

Ainda na turnê (com 27h30m de vôo), além das marcas de recorde de velocidade, em conformidade com o compromisso de sustentabilidade da Gulfstream e a meta da indústria de emissões líquidas de carbono zero até 2050, o G700 consumiu uma mistura de combustível de aviação sustentável (SAF) no vôo de Savannah para Doha e no vôo de Paris/Le Bourget para Savannah. E a Gulfstream ainda comprou compensações de carbono para todos os três vôos da turnê. Durante esses vôos, os motores Rolls-Royce Pearl 700 do G700 funcionaram com uma mistura de combustível com 30% de SAF, sendo em Savannah (na base da Gulfstream) produzido pela World Energy e fornecido pela World Fuel Services e Le Bourget fornecido pela FBO Jetex (cujo SAF é produzido a partir de óleo de cozinha pela Total Energies, na França).

O acordo da Gulfstream com a World Fuel Services é para a mistura de 30% de SAF em seu parque de combustível na sede em Savannah, e a fabricante usa essa mistura sempre que possível no programa de testes e demonstrações de vôo. A Gulfstream declarou para a AIN que irá “explorar oportunidades para incorporar combustíveis de maior proporção em seu fornecimento SAF quando estes se tornarem mais amplamente disponíveis e viáveis, e quando misturas como a mistura de 100 por cento forem certificadas para uso”.

No momento, motores à turbina estão aprovados para funcionar com mistura SAF de até 50%, mas a Rolls-Royce está trabalhando com operação de combustível 100% SAF. A fabricante de motores britânica conduziu em fevereiro seus primeiros testes no novo motor Pearl 700 operando com combustível 100% SAF em sua plataforma de testes nas suas instalações em Dahlewitz, na Alemanha.

Quanto ao programa G700, a Gulfstream divulgou que o programa de teste de vôo está indo “imensamente bem” e a aeronave está com um desempenho ainda melhor do que o esperado “praticamente sem sinais”, de acordo com Neal. Ao longo do primeiro semestre deste ano, o programa acumulou mais de 1.600 horas de vôo usando cinco aeronaves de teste de vôo e uma aeronave de teste na configuração de aeronave de produção.

“Um dos benefícios que temos no G700 é que algumas das tecnologias que incorporamos – por exemplo, a cabine de comando Symmetry com tela sensível ao toque e a rede de concentração de dados – já foram testadas no G500 e no G600”, disse Neal. Além disso, enfatizou Neal, a Gulfstream pode manter seu cronograma porque foi capaz de continuar operando como uma empresa durante a pandemia. “Tivemos muita sorte”, Neal reconheceu, explicando que a Gulfstream Aerospace (subsidiária da General Dynamics) foi considerada uma peça de infraestrutura crítica nos EUA e a administração foi muito proativa para garantir que a cadeia de suprimentos não fosse interrompida pela Covid.

A primeira aeronave de teste com configuração de aeronave de produção está, pois, equipada com um interior completo e, portanto, está sendo usada para validar todas as facetas da cabine de passageiros do ponto de vista técnico e de conforto. “Executamos mais de 18.000 pontos de teste”, disse para a AIN o diretor de finalizações/acabamentos para o desenvolvimento de novos produtos da Gulfstream, Jonathan Ringham. A cabine do G700, a maior de todos os tempos em um jato executivo tradicional, tem comprimento final (excluindo sala de bagagem) de 56 pés e 11 polegadas (17,07 m.+ 27,94 cm = 17,35 m.), largura de oito pés (2,44 m.) e altura de seis pés (1,83 m.).

Nenhum grande problema surgiu até agora, e a cabine de passageiros está provando ser tão silenciosa quanto seus projetistas pretendem. “Realmente não há surpresas nisso”, disse Ringham. “Trabalhamos muito para reduzir os níveis de ruído da cabine. Incluímos isso nos requisitos de todos os nossos fornecedores”.

De acordo com a Gulfstream, o G700 pode ser configurado com até cinco áreas de estar, com o layout e o acabamento dependendo da escolha do cliente. Uma alternativa de layout e acabamento apresenta dois pares de poltronas na primeira de quatro “salas” e duas poltronas na área de entretenimento em frente a um aparador com um monitor de televisão de 32 polegadas retrátil e ponto de guarda/armazenamento, incluindo um refrigerador de vinho.

Uma terceira área é destinada para refeição de quatro e dois lugares e um arranjo para reuniões, e é separada por uma porta no compartimento mais traseiro, dotada de um par de poltronas em club seat por um divã para três pessoas, que pode acomodar duas para dormir. A suíte privativa tem um banheiro privativo de 53” (1,35 m.) de comprimento com toalete e uma pia individual.

Uma segunda aeronave visando STC/CST (Certificação Tipo Suplementar) será utilizada para testar o interior que está agora em produção, e que terá um chuveiro, disse Ringham.

Enquanto isso, o G700 possui um compartimento dedicado para descanso da tripulação de 88 polegadas (2,23 m.), com duas janelas, um assento plano, uma tela de entretenimento e espaço de armazenamento que atende a todos os requisitos do regulamento do transporte PART-135.

O protótipo N706GD (registro de produção sn 006), com interior completo de aeronave de produção, também inclui a nova “ultra galley” da Gulfstream, que possui mais de 10 pés (3.05 m.) de espaço de bancada. “Recebemos muitos comentários sobre a necessidade de mais espaço”, observou Ringham. O compartimento de armazenamento de gelo ampliado foi outro “item importante de feedback”, assim como a necessidade de uma geladeira maior, acrescentou o diretor de finalizações/acabamentos para o desenvolvimento de novos produtos da Gulfstream, Jonathan Ringham. A capacidade de lixo é muito maior do que nos modelos anteriores da Gulfstream em compatibilidade com o seu maior alcance, de 7.500 MN (voando a MACH 0,85 com oito passageiros e quatro tripulantes).

Para melhorar ainda mais a qualidade do ar da cabine e neutralizar patógenos, incluindo Covid-19, a Gulfstream adicionou um sistema de purificação de ionização aerotransportado como padrão no G700. A empresa está trabalhando para ter este certificado como um retrofit para modelos anteriores, incluindo o G450 e G500.

Na cabine de comando, o sistema de desempenho preditivo de pouso da Gulfstream – que prevê a necessidade de arremetida durante a aproximação ou até mesmo a posição em que a aeronave irá parar completamente após ponto de toque na pista projetado – vem de fábrica no G700, assim como como as as duas unidades de HUD HGS-6200, da Collins Aerospace, que dispõe de sistemas de visão sintética e de visão avançada. “A combinação de visão sintética e aprimorada oferece aos pilotos o melhor dos dois mundos”, disse Scott Evans, diretor de demonstração e operações de vôo corporativo da Gulfstream.

Os engenheiros da Gulfstream também aumentaram o conforto geral da cabine de comando e redesenharam os assentos dos pilotos. “Estudamos como a indústria automotiva faz os assentos”, disse Evans. “Usamos algumas de suas tecnologias e as qualificamos para uso em aeronaves. Este é nosso escritório, nossa sala de jantar, por até 15 horas. Um assento melhor com couro perfurado, mais espaço, a capacidade de cruzar as pernas e mover nossas posições corporais combinadas com o ar 100% fresco da cabine e a nova altitude baixa da cabine reduzem o impacto de fadiga em longas jornadas de vôo”, completou Evans. [EL] – c/ fontes