O advento de digitalização pela Airbus se fortalece durante a crise da Covid, em 15.10.21


A tendência em direção à chamada digitalização da economia global se acelerou nos 20 meses desde o início da pandemia de Covid, e talvez com não mais entusiasmo do que na indústria aeroespacial, escreveu o articulista Gregory Polek para a mídia AIN.

E para a fabricante francesa Airbus, a situação deu origem ao que o chefe de serviços ao cliente, Klaus Roewe, chamou de “grande oportunidade” na área de serviços. Falando durante um webcast da Airbus Session com repórteres nesta quinta dia 14, Roewe lamentou a interrupção do aumento na receita de serviços que toda a indústria esperava a partir de 2019, quando a receita totalizou US$ 156 bilhões, para uma previsão de US$ 200 bi em 2025, um crescimento US$ 44 bi (28%). Roewe também acolheu o que chamou “muitas boas em más”, ou seja, a adoção total da digitalização pela indústria, que produziu benefícios para a Airbus em todos os seus negócios de serviços.

Mesmo antes da crise, Airbus reconheceu plenamente os benefícios da digitalização, assinando uma parceria em 2019 com a transportadora aérea americana Delta Air Lines denominada Digital Alliance (Aliança Digital), na qual as duas começaram a colaborar na duplicação das capacidades analíticas e escopo de peças para manutenção de aeronaves. Em julho passado, a GE Digital se juntou à aliança em uma mudança que permitiu que esta contribuísse com conhecimento de engenharia de sistema e análise preditiva para a plataforma de dados abertos da fabricante francesa Airbus Skywise (Airbus no “sentido do céu”) e os modelos preditivos relacionados da Delta.

O chefe de soluções digitais para clientes da Airbus, Lionel Rouby, observou que a parceria expandida se concentrará primeiro no monitoramento de mensagens da aeronave e na coleta de dados analíticos para prever falhas. Cada parceira, disse Rouby, contribui com suas próprias análises desenvolvidas ao longo do tempo para ampliar a cobertura do modelo de falha.

Também participando webcast da Airbus Session, Rouby explicou como a aliança aborda a ineficiência geral na indústria de aviação, começando com a eficiência da frota. “Nossa missão é bastante ampla – erradicar a manutenção não-programada”, disse Rouby. A “transformação” digital está no centro de tornar essa ambição alcançável, explicou Rouby.

“A digitalização não deve ser entendida como um propósito”, disse Rouby em resposta a uma pergunta sobre como e por que a crise da Covid acelerou a adoção e aplicação do conceito. “É um meio para um propósito. E o objetivo é transformar uma empresa para se tornar mais eficiente. Há uma série de obstáculos a superar para iniciar uma transformação digital profunda, e acreditamos que a crise da Covid … ajudou a superar um dos obstáculos psicológicos, que é confiar maciçamente em soluções digitais para interromper nossas formas de trabalhar”, explicou Rouby, para pontuar: “Poucos setores do mundo foram tão afetados pela crise [como] a aviação comercial”. E ele acrescentou: “Portanto, mais do que em qualquer outro lugar, a necessidade de se tornar mais eficiente tornou-se vital. A combinação dessa necessidade com o surgimento da tecnologia digital … são, para mim, os gatilhos para essa transformação digital generalizada”.

A Airbus Services também aplicou seu esforço de digitalização nas áreas de operações e treinamento, tanto para pilotos quanto para pessoal de manutenção.

Também participando webcast da Airbus Session, a chefe dos serviços de treinamento e operações de vôo da Airbus, Valerie Manning, destacou o “assistente de vôo eletrônico” (VFA) da fabricante, que integra todos os recursos de EFB (Electronic Flight Bag) com informações de meteorologia, desempenho da aeronave e outras documentações. A plataforma, disse Valerie, permite a integração de terceiros para que os pilotos que usam cartas e gráficos não-Airbus também possam se beneficiar. “Tudo isso está integrado a essa plataforma” disse Valerie, para completar: “Combinamos nosso conhecimento de aeronaves com nosso conhecimento do sistema, usando alguns de nossos pilotos que realmente vêm de operações, vêm de companhias aéreas, para reunir isso”.

Enquanto isso, para o treinamento de solo de pilotos, a Airbus adotou a realidade virtual em uma plataforma móvel baseada em nuvem, baseada em um sistema comercial de gerenciamento de instrução/aprendizagem “pronto para uso”.

“Portanto, tudo o que um piloto está fazendo, como em qualquer outro sistema de gerenciamento de aprendizagem, pode ser rastreado pelos instrutores”, disse Manning. “Tudo isso é baseado na nuvem em uma interface de usuário muito eficiente que podemos continuar a atualizar. Temos agora para a Família A320 e até o final do ano ou início de 2022 teremos integrado as outras Famílias [de aeronaves]”.

Para os mecânicos, a Airbus também oferece treinamento de procedimento em 3D de realidade virtual para acionamento e giro de motor no A320 e, em breve, fará o mesmo com o A350. “E, neste caso, temos até as autoridades se envolvendo para ver como estamos fazendo isso”, disse Valerie. “Então esse tipo de revolução digital, pelo menos na área de treinamento e operações de vôo, além da área de manutenção e engenharia, está viva e bem”, finalizou Valerie. [EL] – c/ fontes