Perspectiva de interferência 5G Banda C com a aviônica, uma preocupação de longo prazo, em 07.01.22


As preocupações com a possível interferência de rede 5G nos rádio-altímetros aeronáuticos provavelmente persistirão, visto que os próximos equipamentos de aviônica operam em bandas de frequência semelhantes, prevê o articulista da mídia de aviação AIN Gregory Polek em texto postado nesta quinta dia 06.

Enquanto as partes de interesse setoriais das telecomunicações e da aviação aguardam o resultado das consultas entre as agências FAA e a FCC sobre como implantar com segurança redes de telecomunicações 5G em torno dos aeroportos, a perspectiva de interferência desses sistemas com rádio-altímetros de radar em aviões paira pelo momento ponto de discórdia, um ponto contencioso.

Embora a pressão da FAA, de cias. aéreas e grupos aeroespaciais tenha resultado um acordo entre as “gigantes” das telecomunicações do EUA Verizon e AT&T para novo adiamento da ativação da rede, por 14 dias, até 19 de janeiro, os padrões para a eficiência da banda de frequência de rádio-altímetros não mudam desde os anos 1970, deixando uma perspectiva provável da necessidade de limitar a força dos sinais da rede 5G em torno dos principais aeroportos ou arriscar interrupções e desvios (alternados) de vôos.

A questão em questão centra-se na proximidade das bandas de frequência em que operam a rede 5G Banda C e os rádio-altímetros aeronáuticos.

Os rádio-altímetros aeronáuticos – da aviação comercial – operam na faixa de 4,2 a 4,4 GHz, enquanto os sinais 5G estão na faixa de 3,70 a 3,98 GHz, parte da chamada “Banda C”. O problema surge em casos potenciais de rádio-altímetros “escaparem” na parte do espectro da rede 5G.

Reconhecendo o conflito potencial, a RTCA – uma entidade privada sem fins lucrativos que trabalha com especialistas do governo e da indústria para desenvolver padrões de desempenho técnico para conformidade regulamentar -, no outono de 2019, estabeleceu um comitê para definir novos padrões para rádio-altímetros para garantir tolerâncias de frequência mais estreitas, assim mitigando a possibilidade de seus sinais se desviarem para faixas adjacentes. O comitê incluiu representantes da FAA, da entidade Airlines for America (A4A) e, inicialmente, o grupo de lobby de telecomunicações CTIA, entre várias outras partes.

Em 08 de outubro de 2020, a RTCA apresentou documentação aparte na pauta da FCC, incluindo um relatório que avaliou a interferência da Banda C nas operações de rádio-altímetro. O relatório-informativo, ao qual a RTCA atribuiu de informações detalhadas disponibilizadas pelas comunicações comerciais sem fio e indústrias de aviação, encontrou “ameaças graves de interferência prejudicial aos atuais rádio-altímetros instalados”. Ainda assim, a RTCA reconheceu que o relatório deveria servir como base para uma análise continuada para garantir que os rádio-altímetros funcionem conforme planejado.

Até agora, nenhum estudo “confiável” contradisse as descobertas pela RTCA, de acordo com o presidente da entidade Terry McVenes.

“Infelizmente, ninguém nunca nos deu dados diferentes … o que tem sido um tanto frustrante”, disse McVenes para a AIN nesta quinta (06). “Porque eu tentei no início do ano passado trazer o CTIA e algum pessoal de telecomunicações para a sala com alguns dos engenheiros de rádio-altímetro. Então, [queríamos] uma troca boa e honesta de dados e análises para trabalharmos juntos. Porque a única maneira de resolver isso é trabalhando juntos. Mas nunca conseguimos nenhum esforço coletivo junto com eles. Eles simplesmente não estavam tão interessados”, relatou McVenes.

McVenes equiparou os argumentos da CTIA de que o sistema 5G não interferiu na função de rádio-altímetro em outros países com a comparação de “maçãs com laranjas” devido às diferenças nos níveis de potência e ao fato de operarem na extremidade inferior da faixa de frequência de 3,70 a 3,98 GHz. “Portanto, há uma lacuna maior entre onde operam os rádio-altímetro e onde esses sinais 5G estão operando”, explicou McVenes. “Há uma diferença nos níveis de potência que estão sendo produzidos por alguns deles em outros países. Existem outras mitigações que esses outros países implementaram, como mantê-los [sinais de sistema 5G] longe de aeroportos e coisas assim. Então, sim, é verdade que eles foram implementados em outros 40 países, mas não é a mesma implementação”, discorreu McVenes.

McVenes caracterizou o adiamento de duas semanas na implementação da rede 5G banda C no EUA como uma questão de “ganhar um pouco mais de tempo” para negociação entre a FAA e a FCC sobre os níveis de poder, por exemplo. Mas, disse, todas as partes interessadas precisam se comunicar mais para abordar a questão a longo prazo. Na verdade, pode levar até 10 anos antes que a aceitação de um novo padrão para rádio-altímetros obtenha aprovação e entre em vigor. Nesse ínterim, o mesmo problema pode surgir não apenas em rádio-altímetros, mas com a nova tecnologia aviônica que usa bandas de frequência semelhantes, apontou McVenes. “Quando você olha para as novas tecnologias que estão chegando, haverá mais competição pelas bandas do espectro”, prevê McVenes, para emendar: “Acho que veremos outros usos em que isso vai se chocar contra as frequências que a aviação tradicionalmente usa”.

A RTCA estabeleceu um novo comitê no mês passado para dar um exame mais amplo nos conflitos do espectro de frequência, analisar todos os padrões atuais e identificar conflitos em potencial. “Porque nunca vimos isso dessa forma antes”, disse McVenes. “Vamos dar uma olhada no que temos agora e ver qual é o potencial para problemas futuros como este e tentar estar à frente para não termos que passar pelo que estamos passando hoje”, completou McVenes. [EL] – c/ fontes