Onça-pintada invade o aeroporto de Vilhena/RO, e se abriga no pátio da fornecedora de combustível, em 11.04.22


Fonte: g1 – 09 e 10/04/2022
Uma onça-pintada invadiu a área operacional, de movimento, do Aeroporto Brigadeiro Camarão, em Vilhena/RO (SBJI), a 180 MN a sudeste de Porto Velho, capital de RO, neste sábado (09), abrigando-se na base da fornecedora de combustível, neste sábado (09).

Diversos órgão ambientais e de segurança da cidade foram mobilizados para capturar o animal. Equipes da SEMMA – Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Polícia Ambiental, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e alguns veterinários foram até o local para auxiliar na ação.

De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, a onça invadiu a área operacional e dirigiu-se para a base de fornecedora de combustível e alojou-se embaixo de um caminhão de abastecimento estacionado. Quem percebeu a presença do felino foi um funcionário do aeroporto, pela manhã.
Até o resgate da onça, o abastecimento de aeronave ficou suspenso.

A área de hangar do aeroporto foi isolada pelos agentes durante a ação.

No setor leste do centro urbano de Ji-Paraná, a 13 km de ponto elevado significativo, o aeroporto (SBJI) é estadual, aprovado para operações diurna e noturna, com pista de 45 x 1.800 m. asfaltada. A operação aérea conta com serviço de informação de tráfego aéreo (AFIS), com expediente de funcionamento diário de 10:00-22:00Z (06:00-18:00LT), com operações noturnas deverão ser solicitadas ao gestor aeroportuário até as 18:00LT. O serviço de abastecimento no aeroporto é no horário de 11:00-22:00Z (07:00-18:00LT) diariamente, ou em outro horário por solicitação prévia com antecedência mínima de 3 horas.

Para capturar o animal, o grupo planejou sedar a onça com uma “zarabatana”, instrumento usado para lançar dardos tranquilizantes e prestar atendimento caso seja necessário.

De acordo com o biólogo Flávio Terassini, não é muito comum que onças-pintadas sejam vistas próximas de casas ou órgãos públicos. “Provavelmente o seu habitat, onde ela estava, está sem alimento: a paca, cutia e a capivara, que são os principais animais que ela come. Então ela tende a vir próximo às casas atrás de animais que nós criamos, como vacas ou porcos”, comenta.

Atualização: operação de resgate dura cerca de 10 horas e onça morre por causas naturais

A onça-pintada que invadiu o Aeroporto Brigadeiro Camarão, em Vilhena (RO), morreu após a operação de resgate no último sábado (09). A causa da morte ainda não foi divulgada.

Órgãos ambientais e de segurança foram mobilizados para a captura do animal, no entanto, de acordo com um veterinário que realizou o atendimento, a onça apresentava sinais de que estava com problemas de saúde.

“Nós fomos com o intuito de organizar a contenção química ou até mesmo mecânica, em busca sempre de preservar a vida da onça, mas a mesma apresentava sinais clínicos típicos de um animal que não estava em condição de vida normal. Um animal funcional não ficaria tão vulnerável para as manipulações que foram feitas no momento. Após a captura, levamos o animal para realizarmos todos os exames de rotina. Ela apresentava sinais clínicos de que tinha alguma doença”, disse o veterinário Rafael Godoi.

Um outro veterinário voluntário informou que a onça apresentava lesões e que durante os exames foram percebidos processos infecciosos, o que pode ter levado o animal a morte.

A operação de resgate, que teve início ainda na manhã do sábado, durou cerca de 10 horas. De acordo com o assessor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), Rafael Fonseca, a ida da onça até o aeroporto pode ter ligação com o desmatamento na região. “Não é normal um animal estar naquelas condições, estava embaixo de um caminhão. A gente organizou várias estratégias para capturar esse animal, e durante a movimentação a gente via que tinha alguma condição anormal ali. O fato dela parar naquele local, em um aeroporto, embaixo de um caminhão, tem total ligação com o desmatamento. Então a gente não sabe se o animal estava fugindo de algum ato de caça, de outros animais … A gente sabe que ela foi parar ali por causa do impacto ambiental que se tem naquela área”.

Ji-Paraná dista cerca de 180 MN a sudeste de Porto Velho, capital de RO. Está a noroeste de Cacoal (40 MN) e de Pimenta Bueno (60 MN). Sua população, conforme estimativas do IBGE de 2021, era de 131 026 habitantes, sendo a segundo município mais populoso do Estado e o 16º da região Norte do Brasil, a 226ª localidade mais populosa do Brasil e a 113ª mais populosa cidade do interior brasileiro. As principais atividades econômicas são as indústrias de pequeno e médio porte, laticínios e a pecuária bovina.

A cidade possui um distrito industrial em franca expansão, com várias empresas já instaladas. O distrito industrial conta com uma infraestrutura que oferece via de acesso asfaltada, suprimento de energia elétrica e áreas prontas para receber novas indústrias de médio e grande porte. Além do distrito industrial, também há várias indústrias de pequeno e grande porte espalhadas em Ji-Paraná, tais como laticínios, serrarias, beneficiamento e torrefação de café, beneficiamento de arroz e etc.

Os principais produtos da agricultura temporária em ordem decrescente de quantidade produzida são: a mandioca, o milho, o arroz e a cana-de-açúcar. A agricultura permanente tem como principais produtos cultivados: o café em primeiro lugar, com uma quantidade produzida em 2005 de 1.733 toneladas, o coco-da-baía, a banana e em quarto lugar, o cacau com uma produção não muito expressiva para o Estado, de 420 toneladas. A agricultura no município vem perdendo importância devido ao êxodo rural, que veio ocorrendo aos poucos, da movimentação de muitas famílias, principalmente pequenos proprietários, vendendo suas terras e lavoura para proprietários maiores (a maioria para transformação para pecuária) e migrando para a cidade, procurando melhores condições de vida. Nos últimos anos, o município vem se destacando como um dos maiores centros de criação pecuária do Estado. Com mais de 495.000 cabeças de gado bovino, o município possui a terceira maior criação de gado do Estado, a maior quantidade do rebanho sendo formada por bovinos de corte, que são abatidos por frigoríficos localizados no município. Além da criação de bovinos, Ji-Paraná é um dos maiores produtores de leite do Estado, assim como algumas cidades vizinhas, com uma produção de 41.000 litros de leite em 2005, que são distribuídos por laticínios localizados na região. No entanto, ao contrário do rebanho de bovinos, que está aumentando a cada ano que passa, a criação de suínos vem diminuindo.

No município de Ji-Paraná, está localizada a leste a Terra Indígena Igarapé Lourdes, território das etnias Arara-Karo e Gavião-Ikolen, com uma extensão territorial de 185.534 hectares, a data de sua demarcação corresponde ao ano de 1976.