Conselho de Administração e Acionistas dá apoio para ATR iniciar análise de viabilidade de um turboélice de próxima geração, com motorização capaz de voar com 100% SAF e com capacidade híbrida, em 22.05.22


A fabricante franco-italiana de aeronaves ATR anunciou que garantiu do seu Conselho de Administração e Acionistas o apoio para analisar a viabilidade de um turboélice de próxima geração que visa uma redução de 20% de combustível e emissões de CO2 e custos operacionais e de manutenção de “dois dígitos” menores em relação à geração atual ATR – de bimotor turboélice. A nova variante, designada ATR EVO – abreviação de Evolution ou Evolve (evoluir ou evolucionar) – abrangerá toda a família ATR, composta pelo ATR42, que pode acomodar até 50 passageiros, a variante ATR 42S (de capacidade de operação em pista curta), ora em desenvolvimento e pelo maior pelo ATR 72-600 e sua versão cargueira ATR72F.

A ATR espera lançar o programa no próximo ano com uma meta de entrada em serviço de 2030.

Como a própria designação, o ATR EVO se baseia na estratégia incremental da fabricante franco-italiana para o desenvolvimento de sua Família de turboélices.

O EVO continuará sendo um turboélice bimotor capaz de voar com 100% de combustível de aviação sustentável (SAF). Incorporará um novo motor com capacidade híbrida, bem como um design ecológico que inclui hélices atualizadas e cabine e sistemas aprimorados.

“Nossa próxima geração de aeronaves será um passo à frente no vôo responsável”, comentou o CEO da ATR, Stefano Bortoli. “Quando entrar no mercado, o ATR EVO abrirá caminho para um futuro descarbonizado para a aviação. Uma melhoria geral de combustível de 20% significa que a aeronave emitirá mais de 50% menos CO2 do que um jato regional quando movido a querosene”, destacou Bortoli, para emendar: “Ao usar 100% SAF, suas emissões serão próximas de zero”.

Da sua sede em Toulouse, a ATR emitiu um pedido de informações aos principais fabricantes de motores para o desenvolvimento de “um motor otimizado levando em consideração uma hibridização com um motor elétrico e um sistema de bateria”, disse o vice-presidente sênior de engenharia da ATR, Stéphane Viala, para mídia AIN. “A ideia é otimizar o motor termodinâmico [convencional] com uma segunda fonte de energia, a elétrica”, Stéphane disse. Como o motor elétrico aumentaria a potência durante a decolagem e a subida, a aeronave gerará desempenho otimizado e maior eficiência de combustível nas diferentes fases do vôo, de acordo com Stéphane.

Os atuais ATR série -600 utilizam motores turboélice Pratt & Whitney PW127M, para serem substituídos pela nova variante PW127XT.

O plano para novo motor é separado da mudança da ATR para equipar suas aeronaves com novos turboélices PW127XT a partir do segundo semestre deste ano. O “XT” – para tempo instalado em asa (time-on-wing) estendido – permite uma redução de 20% nos custos de manutenção e uma redução de 3% no consumo de combustível em comparação com o PW127M, de acordo com a ATR.

Stéphane reconheceu que o motor elétrico e o sistema de bateria adicionarão algum peso aos aviões turboélice regionais da ATR, mas observou que os engenheiros esperam compensar reduzindo o peso em outro lugar ou aumentando ligeiramente o peso máximo de decolagem da aeronave. “De qualquer forma, manteremos a carga-paga ou até aumentaremos um pouco. Essa é uma característica-chave que estamos investigando”, disse Stéphane.

No ano passado, a ATR divulgou que começou a explorar opções de propulsão não-convencionais, incluindo hidrogênio, para melhorar o desempenho ambiental e econômico de seus turboélices. Executivos na época alertaram que as aeronaves que consomem hidrogênio podem apresentar a solução certa ou viável para muitos operadores de ATR, insistindo que a fabricante integraria apenas a tecnologia de redução de emissões de CO2 que está “disponível e acessível”.

A ATR está mantendo esse raciocínio, apesar do aumento de iniciativas de terceiros envolvendo propulsão baseada em células de combustível de hidrogênio para aeronaves regionais. Muitos operadores de ATR, como Air Nostrum, da Espanha, ASL Aviation Holdings, da Irlanda, Icelandair Group e Ravn Alaska se comprometeram a instalar kits de conversão de propulsão a hidrogênio em suas frotas de aeronaves turboélice atuais ou futuras.

A ATR decidiu o que Stéphane descreve como um “nível leve de hibridização” porque considera o hidrogênio uma opção de longo prazo que exigirá muitas modificações de produção e infraestrutura.

A propulsão híbrida-elétrica garante um progresso significativo no desempenho ambiental e econômico da família de aeronaves ATR, afirmou o vice-presidente comercial sênior da empresa, Fabrice Vautier.

“Este estudo de viabilidade está analisando as soluções técnicas baseadas em um novo motor, mas também é uma revisão global do nosso potencial de mercado com esta nova aeronave”, disse Vautier. “Estamos avaliando como podemos capturar mais participação de mercado e tornar nosso produto mais inclusivo para que possamos atender a mais comunidades regionais”. Com economia de custos operacionais de dois dígitos alcançada por meio de 20% menos consumo de combustível e 20% de redução geral de custos de manutenção, as cias. aéreas podem atender rotas não-densas com mais lucratividade e as comunidades podem se beneficiar de mais conectividade, mais serviços essenciais e mais desenvolvimento econômico, acrescentou.

A ATR procura responder à necessidade de uma aviação mais ambientalmente sustentável e viagens mais acessíveis, de acordo com Vautier. “Precisamos não apenas alcançar uma mudança radical na sustentabilidade ambiental, mas também continuar reduzindo os custos operacionais”, ele explicou. “Em muitos dos nossos mercados, o tema da sustentabilidade não repercute da mesma forma que na Europa. Embora a sustentabilidade ambiental seja um tópico chave em mercados maduros como Europa, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia, o custo por assento é o principal fator em mercados emergentes”, disse Vautier para a mídia AIN.

O plano para o ATR EVO conta com o “pleno apoio” dos dois acionistas da fabricante, a francesa Airbus e a italiana Leonardo, afirmou Vautier. O desenvolvimento da variante de próxima geração coincide com uma recuperação de mercado constante da ATR, acrescentou Vautier.

A ATR entregou 31 novas aeronaves em 2021 versus 10 em 2020 e planeja liberar cerca de 40 novas aeronaves neste ano, entre 40 e 50 em 2023 e mais de 50 unidades em 2024. “Estamos em modo de alavancagem. Estamos chegando perto de onde estávamos antes da crise”, observou Vautier.

Enquanto o novo motor híbrido-elétrico assume estágio central, o EVO incorporará muitas outras inovações para impulsionar o desempenho, economia e sustentabilidade da aeronave, revelou vice-presidente sênior de engenharia da ATR, Stéphane Viala. As inovações futuras incluem novas hélices (e possivelmente uma mudança de seis para oito pás), maior uso de materiais de origem biológica mais leves para a cabine e um foco intensificado na reciclabilidade e reutilização de materiais como fibra de carbono. [EL] – c/ fontes

Canal ATR no YTb: The next generation ATR:
https://www.youtube.com/watch?v=9DY_J_sO7-E