Ampaire voa demonstrador híbrido Cessna C337-EEL de Camarillo, na Califórnia, para Oshkosh, no Wisconsin, para a feira EAA AirVenture, que serve de base para a aeronave regional híbrida-elétrica Cessna Eco Caravan, em 28.07.22
O Cessna C337 Skymaster modificado para demonstrador de plataforma híbrido-elétrico da Ampaire – “EEL” – completou uma missão de 1.633 MN viajando de Camarillo, na Califórnia, para Oshkosh, no Wisconsin, em 22 de julho, visando marcar presença na feira de aviação EAA AirVenture. A viagem incluiu o vôo direto (sem escala) mais longo já feito por uma aeronave híbrida-elétrica – de 986 MN (1.135 SM).
O “EEL” ficou em exposição na área reservada Boeing Plaza na EAA AirVenture, ocupante um espaço de honra na feira que é o berço e coração da aviação experimental americana e mundial.
O piloto de testes da Ampaire, Elliot Seguin, decolou com o “EEL” do aeroporto de Camarillo no dia 20 (de julho) para o aeroporto de Mojave, no Condado de Kern, na Califórnia, uma viagem curta de 74 MN (85 SM), para se antecipar a uma possível névoa/nevoeiro matinal no dia seguinte. Em 21 de julho, Seguin voou de Mojave para Hays, no Kansas, uma viagem de 986 MN (1.135 SM) – sendo esta viagem o mais longo vôo de uma aeronave híbrida-elétrica. Em 22 de julho, Seguin completou a viagem até Oshkosh/ Aeroporto Regional de Wittman, uma viagem de 574 MN (660 SM). Ao longo da viagem de Camarillo até Oshkosh, de 1.633 MN (1.880 SM), o C337 EEL consumiu até 40% a menos de combustível (AvGas) em comparação a um C337 original.
O Cessna C337 Skymaster foi uma aeronave única, icônica e controversa. Pilotos costumavam referir-se ao avião como “Mixmaster” – uma denominação às vezes por carinho, às vezes não – por causa sua configuração de motor não-convencional, mista, com uma linha de propulsão central com duas unidades à pistão, com um conjunto motor-hélice montado no ‘nariz’ para frente (configuração tractor), a solução padrão, e conjunto motor-hélice montado na traseira da fuselagem, pelo topo, para trás (configuração pusher). Adicionalmente, o C337 se diferenciava na solução de empenagem, com duplo estabilizador vertical a partir de hastes pelas asas (altas), com um estabilizador horizontal interligando. A Cessna produziu a linha C337 Skymaster entre 1963 e 1982. O avião (na variante C337D) tinha um peso vazio de 2.655 lb. (1.204 kg) e MTOW de 4.400 lb. (1.996 kg).
Baseado no bimotor Cessna 337 Skymaster (com configuração mista – tractor (motor com hélice para frente, instalado na parte dianteira) e pusher (motor com hélice para trás, instalado na parte traseira), com unidades Continental IO-360-C, de 210 HP, o EEL, como um híbrido paralelo (montado na dianteira), mantendo um motor de pistão convencional (montado na traseira) e com uma central de força elétrica independente, demonstrou economia de combustível de até 40% em relação a uma aeronave original, de acordo com a empresa.
O esquema de propulsão mista e híbrido paralelo do EEL compreende um único motor convencional recíproco e um “trem de força” elétrico independente. O motor a pistão original Continental IO-360 dianteiro foi trocado por um motor elétrico alimentado por uma bateria numa configuração híbrida paralela. A linha de propulsão central do C337 elimina a característica de guinada em perda de motor de aviões bimotores convencionais – um atributo útil em um avião projetado para testar a tecnologia do motor.
O EEL fez seu primeiro vôo em 2019.
A vice-presidente sênior para parcerias globais da Ampaire Susan Ying falou do vôo recorde do EEL, na viagem de de Camarillo até Oshkosh, para a EAA AirVenture: “Quando o EEL retornar à Califórnia, ele terá voado mais milhas do que qualquer aeronave híbrida-elétrica, mais de 15.000, incluindo demonstração de vôos de cias aéreas no Havaí e no Reino Unido. Está voando com grande confiabilidade e demonstrando a natureza laboriosa das aeronaves híbridas-elétricas”.
E Ying emendou em um novo ‘capítulo”: “Estamos pegando a tecnologia e o conhecimento desenvolvido com o EEL elétrico e aplicando-o ao nosso primeiro produto comercial, a aeronave regional híbrida-elétrica Eco Caravan [Cessna C208 Caravan], de nove assentos, que fará seu primeiro vôo ainda neste ano”, disse Susan Ying, vice-presidente sênior para parcerias globais da Ampaire. “Essa aeronave demonstrará economia de combustível de até 70% e redução de emissão de até 100% quando usando combustível de aviação sustentável”, Ying completou.
As afirmações de Ying são confirmadas pelas promissoras vendas iniciais do Eco Caravan – um Cessna 208B Grand Caravan modificado com uma central de força híbrida-elétrica. Além disso, a Ampaire está trabalhando diligentemente para obter até 2024 a certificação de Tipo suplementar da FAA de seu Eco Otter, uma iteração híbrida-elétrica do famoso robusto DHC-6 Twin Otter, produzido pela de Havilland.
A Ampaire garantiu um pedido firme para cinco aviões Eco Caravan da WingTips, uma corretora de fretamentos transportadora aérea regional por demanda que organiza e oferece vôos na Califórnia, no Arizona e no Nevada. Os pedidos são garantidos por depósitos e, de acordo com Ampaire, a compra deve crescer para mais 175 aviões Eco Caravan junto com 50 aviões Eco Otter, o próximo programa de conversão híbrido-elétrico da Ampaire, baseado no DHC-6 Twin Otter, de 19 assentos.
O Eco Caravan deverá entrar em serviço em 2024.
A californiana WingTips acertou encomenda com cinco pedidos firmes e opção para outros 20 aviões Eco Caravan, de nove assentos, de baixa emissão. Este acerto antecipa um outro acordo entre as duas empresas envolvendo 175 pedidos para aviões Eco Caravan à medida que a WingTips se expandir em todo o país. E além desta compra de volume, a WingTips divulgou que também planeja comprar 50 das próximas aeronaves Eco Otter, de 19 assentos.
A WingTips é uma empresa com modelo de negócio único e inovador. Usa inteligência artificial para oferecer assentos individuais para passageiros fretados sob demanda e algoritmos avançados de frota flutuante para otimizar o uso da frota. A empresa também planeja oferecer serviço programado em rotas de maior volume.
A WingTips planeja usar Eco Caravan em rotas regionais de 100 a 400 milhas (87 a 348 MN), operando principalmente em aeroportos servindo a aviação geral.
O fundador e CEO da WingTips, Mike Azzarello, disse sobre a aquisição: “O Eco Caravan irá redefinir o custo operacional através de sua extrema eficiência. Nosso objetivo é fechar a lacuna com o custo de viagem automotiva e reduzir o tempo de viagem em até 75%. Trabalhando com a Ampaire, conseguiremos fazer isso de forma sustentável. O Eco-Caravan opera dentro da infraestrutura aeroportuária existente, colocando-nos anos à frente dos concorrentes que precisam de grandes investimentos em infraestrutura para operar”, explicou Azzarello.
O CEO da Ampaire, Kevin Noertker, comentou: “A Ampaire e a WingTips compartilham uma visão de reduzir o custo e aumentar a conveniência das viagens aéreas regionais, ao mesmo tempo em que abordam uma importante fonte de emissões nocivas de gases de efeito estufa. O ponto de partida para avançar em direção a zero emissões é com aeronaves híbridas-elétricas de baixa emissão, como o Eco Caravan”.
O Eco Caravan é o primeiro produto comercial da Ampaire. Em essência, o Eco Caravan – um Cessna C208B Grand Caravan (originalmente um monomotor turboélice com motorização PWC PT-6) – terá uma remotorização com um sistema de propulsão híbrido-elétrico, para transportar até nove passageiros ou 2.500 lb. de carga.
A Ampaire divulga que seu o Eco Caravan usa 70% menos combustível em viagens curtas e 50% menos em viagens mais longas com reduções de emissões correspondentes. Ao usar combustível de aviação sustentável (SAF), as emissões são supostamente reduzidas a quase 100%. A redução total do custo operacional – de acordo com Ampaire – varia de 25 a 40%, dependendo da estrutura da rota.
A Ampaire realizou o primeiro giro (funcionamento) do motor do Eco Caravan com uma configuração preliminar do “trem de força” em abril passado e planeja voar a aeronave antes do final do ano.
A empresa está trabalhando o programa com a FAA e espera ver o Eco Caravan receber certificação Tipo suplementar em 2024.
A WingTips vem refinando seu modelo de negócios nos movimentados mercados de vôos por fretamento da Califórnia e do sudoeste americano. Os vôos mais populares da empresa são de cidades como San Diego, Santa Bárbara, Las Vegas e Phoenix, e evitam grandes aeroportos-terminais, poupando os passageiros de problemas, atrasos e taxas de pouso. [EL] – c/ fontes
