Seminário de segurança da FSF discute eventos de excursão de pista, em tendência de alta, e a forma de prevenção via redefinição de critérios para aproximações estabilizadas e novas abordagens para tomada de decisão de arremetida, em 15.08.22


Eventos (acidentes/incidentes) de excursão de pista estão tendendo a aumentar significativamente, mas novas abordagens para tomada de decisão de arremetida podem reduzir essas ocorrências, reportaram especialistas em segurança no seminário de segurança de vôo na aviação executiva – o BASS – Business Aviation Safety Summit 2022 -, promovido pela entidade FSF – Flight Safety Foundation, que aconteceu em maio em Savannah, na Georgia (EUA).

Dados de mais de 60 anos de acidentes mostram que as excursões nas pistas foram responsáveis ​​por 30% dos acidentes (totalizando 796 acidentes envolvendo 1.498 fatalidades). Mas em comparação com outras categorias, as ocorrências de excursão de pista estão “crescendo proporcionalmente, e em alguns anos ultrapassando 50%” de todos acidentes, disse Henry Gourdji, vice-presidente técnico da FSF.

O EUA responde ​​por cerca de 51% de todos os acidentes de aviação executiva. Cerca de quatro em cada cinco (80%) das excursões ocorrem durante a fase de pouso.

Além disso, os dados FOQA da GE apresentados no seminário revelaram que a maioria das excursões ocorre em junho, julho e agosto, quando fatores contribuintes como gelo e neve não estão presentes no cenário da operação.

Os processos de tomada de decisão estão sendo examinados como possíveis pontos-chave para entender e moldar o comportamento humano para quebrar essa cadeia de acidentes.

Na BASS, análises de transcrições de CVR de dois eventos de excursão de pista em 2019 – envolvendo um jato executivo Cessna Citation Latitude do transporte privado em Elizabethton, no Tennessee, e de um bimotor turboélice SAAB 2000 da transportadora do Alasca PenAir, em vôo comercial-regional, em Dutch Harbor, mostraram que a falta/insuficiência de adequada avaliação de risco pode contribuir para tais acidentes.

Numa sessão sobre Segurança de pista e Gerenciamento de riscos, Charlie Precourt, ex-astronauta e presidente da CJP – Citation Jet Pilot Owners Association (associação de proprietários/pilotos de Cessna Citation) – e Martin Smith, um Ph.D. e fundador do Presage Group, uma consultoria de segurança da aviação, explicaram a iniciativa Safe to Land – Segurança para pousoque as duas organizações (CJP e Presage Group) estão implementando na CJP para operações de único piloto (Single Pilot). O estudo e a iniciativa – com financiamento da CJP Safety and Education Foundation, pela FlightSafety International, Textron Aviation, Garmin, NBAA e ACSF (Air Charter Safety Foundation) – redefinem os critérios para fazer aproximações estabilizadas e tomada de decisões de arremetida para padrões seguros, mas menos rígidos, fornecendo a tripulantes ferramentas em que se sintam confiantes de aplicar.

Os protocolos foram testados nos simuladores Citation da FlightSafety em seu centro de instrução/treinamento em Wichita por 22 membros da CJP, que voaram mais de 200 aproximações para avaliar e refinar os novos procedimentos.

Os processos de mitigação de risco do Presage Group, já usados ​​por cerca de duas dúzias de cias. aéreas em todo o mundo, incorporam a contribuição dos pilotos para identificar os limites práticos (do “mundo real”) para continuar uma aproximação não-estabilizada em suas operações individuais, com a adesão simultânea de reguladores, representantes sindicais e outras partes interessadas.

“Esperamos que a iniciativa Safe to Land tenha um grande impacto na mitigação de futuras excursões de pista”, disse Precourt, acrescentando que os jatos dos membros da CJP, uma frota com cerca de 1.000 aviões, estão livres de acidentes e incidentes há 19 meses (01 anos e sete meses), graças a iniciativas de segurança operacional já implementadas pela CJP.

A FlightSafety International (FSI) e o Presage Group anunciaram na BASS planos de parceria em uma iniciativa semelhante para os operadores de jatos Gulfstream, a começar neste verão, usando simuladores da FSI dos mais novos modelos de jatos da Gulfstream. Este será o primeiro estudo de decisão de pouso/arremetida de operações de aviação executiva com operação de tripulação composta – de dois pilotos, de acordo com a FSI e o Presage.

Acidentes nas fases de aproximação de pouso durante manobras de circular e circuito de tráfego também estão causando preocupação.

David Lawrence, do NTSB, especialista nacional em recursos, operações de transportadoras aéreas e investigador sênior de acidentes, revisou dois desses acidentes que ocorreram no ano passado: um acidente com um jato executivo Bombardier Challenger 605 do transporte privado (PART-91) em Truckee, na Califórnia/EUA, e uma jato Bombardier Learjet 35 do transporte aeromédico (PART-135) em El Cajon, na Califórnia/EUA.

As duas investigações pelo NTSB ainda estão em andamento, mas Lawrence observou que, embora ambas as tripulações fossem altamente experientes, as aproximações foram realizadas com visibilidade reduzida e os acidentes ocorreram enquanto as aeronaves faziam curvas fechadas para se alinhar com a pista, na Final.

Incursões em pistas (aeronaves ingressando e se deslocando por pista sem autorização) e operações em superfícies erradas (aeronaves pousando ou partindo de superfícies diferentes daquelas atribuídas ou pretendidas) também estão recebendo mais atenção da FAA, disse Anthony Schneider, diretor de segurança e organização de tráfego aéreo da agência americana, durante a BASS 2022.

O EUA tem uma média de cerca de 1.500 eventos de incursão de pista por ano, e embora apenas quatro a seis ocorrências sejam classificadas na categoria mais grave, a FAA “está realmente focada em reduzir as incursões nas pistas no total”, disse Schneider. A FAA instalou novos monitores de radar de solo em 44 das instalações mais movimentadas como parte de seu esforço para reduzir tanto as incursões quanto as operações de superfície errada, disse Schneider. [EL] – c/ fontes