IATA cobrando que Estados-membros da ICAO apoiem compromissos de emissão de carbono líquida zero até 2050, em 28.09.22


A 41ª Assembléia da ICAO, aberta nesta terça dia 27 e que acontecerá até 07 de outubro, em Montreal, será considerada um fracasso se os Estados-membros do órgão da ONU, e portanto da OACI (ICAO), não concordarem com sua meta de longo prazo prometida de alcançar a aviação líquida zero de carbono até 2050, de acordo com o diretor geral da IATA Willie Walsh.

Numa entrevista coletiva na manhã desta terça (véspera da abertura da assembléia trienal, Walsh disse a repórteres que governos devem corresponder ao compromisso claro assumido pelas companhias aéreas na assembléia geral anual da IATA realizada em Doha em junho passado.

“A indústria está totalmente alinhada com a ciência e esperamos que a ICAO consiga que governos e reguladores globais estejam igualmente alinhados em torno da meta de 2050; qualquer coisa menos seria vista como um fracasso”, disse Walsh. “Isso não vai nos parar em nosso caminho para 2050, mas [obter um acordo] enviaria um sinal muito importante aos governos para que implementem a estrutura política correta”, ele prosseguiu.

Uma demanda imediata que a IATA tem de governos é a tomada de iniciativas para estimular e apoiar o aumento da produção e disponibilidade de combustível de aviação sustentável (SAF), que entidade da indústria do transporte aéreo vê como um primeiro passo vital para a emissão líquida zero. “Estamos comprando cada gota que conseguirmos, mas o que precisa acontecer agora é incentivar mais produção”, declarou Walsh.

Walsh disse que o setor de transporte aéreo não será desviado de sua meta líquida zero para 2050 por aparentes obstáculos políticos, como a insistência da China numa data limite de 2060 e o recuo antecipado das políticas ambientais por novos governos no Reino Unido e na Itália. “Não temos condições equitativas hoje, mas não acredito que [esses fatores] distorcerão [o objetivo líquido zero]. Precisamos não apenas de sustentabilidade financeira, mas também de sustentabilidade ambiental”, insistiu Walsh. “Os mesmos políticos que às vezes criticam a indústria, mas não fazem nada para resolver questões como as ineficiências estruturais no controle de tráfego aéreo que, na greve francesa [dos controladores] da semana passada, significaram que as companhias aéreas tiveram que voar muito além e queimar mais combustível. É vergonhoso e não pode ser tolerado”, reclamou Walsh.

Em 26 de setembro, a easyJet publicou uma nova estratégia de adição líquida zero (net zero) que fará com que abandone a compensação de carbono para fazer investimentos maiores em ações como aumentar o uso de SAF, substituir aeronaves antigas e trabalhar com as parceiras Airbus e Rolls-Royce para colocar em serviço jatos alimentados por hidrogênio.

Walsh elogiou a transportadora de baixo custo com sede no Reino Unido por sua iniciativa, acrescentando que o programa de compensação e redução de carbono da ICAO para a aviação internacional (CORSIA – Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), com seus requisitos rigorosos, ainda é uma abordagem confiável e um “primeiro passo” significativo para a indústria.

Na esteira do que Walsh descreveu como “ventos contrários econômicos”, a previsão da IATA para a recuperação pós-Covid do setor de transporte aéreo tornou-se um pouco “menos otimista”. A entidade agora espera que a indústria global leve até 2024 para alcançar uma recuperação completa, com a América do Norte à frente da curva com uma recuperação em 2023, enquanto a Ásia, com algumas restrições de viagem ainda em vigor, ficando para 2025.

A IATA espera que suas operadoras-membros registrem uma perda combinada neste ano de US$ 9,7 bilhões. Walsh apontou para os custos operacionais elevados causados ​​por preços mais altos do combustível (JET-A, ou QAv), que estão mostrando uma discrepância maior do que o previsto com o custo básico do petróleo bruto, à medida que o impacto da invasão russa da Ucrânia continua. [EL] – c/ fontes