Analista de mercado Brian Foley alerta para redução dos investimentos em tecnologias na aviação geral, em 14.10.22


Empresas financeiras estão reduzindo os seus investimentos em negócios aeroespaciais diante de um ambiente econômico que está tornando-se incerto, reportou o analista de mercado e indústria da aviação e aeronáutica Brian Foley, da sua própria consultoria Brian Foley Associates.

“Até este ano, as entrantes aeroespaciais tiveram sua melhor chance em mais de uma década de garantir investimentos externos”, disse Foley, para então ressaltar: “De repente, o novo clima econômico-financeiro tornou a captação de recursos um desafio cada vez mais difícil para quem precisa de capital externo e representa um desafio enorme para simplesmente manter as luzes acesas”.

Os investidores há muito desconfiavam das oportunidades emergentes da aviação geral após o colapso da Eclipse Aviation e perdas que superam US$ 1 bilhão, aponta Foley. No entanto, segundo o analista, supôs que “a passagem do tempo e a mudança da guarda apagaram muito do conhecimento tribal da comunidade financeira e as longas memórias deste evento”.

Foley descreve um momento em que a aviação tornou-se atraente novamente à medida que os investidores buscavam novas oportunidades, principalmente com tecnologias emergentes. “O setor tornou-se uma coisa nova e brilhante para a comunidade de investimentos, com deslumbrantes carros voadores do tipo Jetson, fretamento de aeronaves particulares do tipo Uber, jatos supersônicos do tipo Concorde e sistemas de propulsão verde do tipo Star Trek [menos os cristais de dilítio]”, assim Foley descreve um cenário, acrescentando que as empresas adquirentes de propósito especifico (SPAC – Special Purpose Acquisition Companies) permitem que algumas dessas empresas “nascentes” ignorem as etapas intermediárias tradicionais de captação de recursos.

Mas, Foley sustenta: “Hoje, [o modelo virou] o cacife está em alta. O aumento das taxas de juros tornou outros investimentos fora da aviação mais atraentes. Quando combinado com uma economia em fluxo, cria uma postura de investidor mais defensiva no que se refere a empreendimentos arriscados de aviação”. Foley acrescentou que bilhões já despejados no setor aeroespacial para aviação geral estão agora em um “risco agudo”, com o aumento de baixas. “A paralisação do programa de jatos supersônicos de passageiros da Aerion em 2021 deveria ter servido como canário na mina de carvão para outros [programas e projetos]”. O analista também observou como a startup de carros voadores Kittyhawk também “apenas jogou a toalha”.

Com uma estimativa de mais de 300 aeronaves eVTOL propostas, o risco aumentou. Além disso, as SPAC do mercado de aviação geral já viram uma queda no valor de projetos – uma desvalorização. Foley observou que Archer, Lilium e Joby viram suas ações caírem para a faixa de US$ 2 a US$ 4, de uma média de US$ 10 na emissão de ações, enquanto a Wheels Up está um pouco acima de um Dólar.

“As peças dos dominós começaram a cair para as empresas de aviação em estágio inicial e vão acelerar [a queda] ainda mais no futuro próximo. Haverá muito mais perdedores do que vencedores”, prevê Foley, emendando no seu presságio: “Os perdedores claramente serão aqueles que perderam dinheiro nesses empreendimentos”. Mas Foley ressalva que grandes empresas de capital de risco e private equity não sofrerão tanto, pois essas perdas podem representar um ponto decimal para elas. “O perdedor menos óbvio e mais infeliz será a própria indústria da aviação geral. Idéias de mudança de jogo esperançosas podem agora ser sufocadas nos próximos anos, à medida que os investidores mais uma vez pisam no freio e se tornam mais cautelosos com o setor”, avalia o analista. [EL] – c/ fontes