Citation 560XL (com POB 10) aborta corrida de decolagem no “Campo de Marte” (SP) por problema devido à ingestão de ave em um dos motores, em 02.11.22


No dia 10 de junho, o jato executivo Cessna Citation 560XL (C56X) de matrícula PS-OIG (registro de produção sn 5011, fabricação 1998) decolaria do Campo de Marte (SBMT), em SP, com 10 ocupantes, sendo oito passageiros e dois pilotos, para um vôo do transporte privado, com destino do Aeroporto Cataratas, em Foz do Iguaçu (SBFI), no PR, a 447 MN a sudoeste.

Na corrida de decolagem, às 14:42Z (11:42LT), a tripulação percebeu um ruído anormal e realizou o procedimento de abortiva da decolagem. Após o regresso e parada no hangar, constatou-se que houve a ingestão de um pássaro pelo motor direito da aeronave.

A ocorrência está listada no painel SIPAER, do CENIPA, como incidente de colisão com ave (BIRD). No tocante da investigação aeronáutica, o avião já foi liberado para o operador. Os trabalhos relativos à ocorrência pelo CENIPA estão finalizados.

Conforme boletins METAR, o “Campo de Marte” (SBMT) operava com tempo bom, visibilidade de 10 km ou superior, céu esparso com base a 2.700 pés (no reporte vigente da hora da decolagem, e que viria ser sucedido por céu nublado com Teto a 2.300 pés), com vento oeste (DV 290º/DM 312º) de 10 KT (para ser reportado em 13 KT), com temperatura do ar de 19ºC e pressão atmosférica (QNH) de 1.018 hPa.

METAR SBMT 101300Z 31006KT 9999 SCT015 19/17 Q1018=
METAR SBMT 101400Z 29010KT 9999 SCT027 19/16 Q1018=
METAR SBMT 101500Z 29013KT 9999 BKN023 19/16 Q1017=
METAR SBMT 101600Z 28008KT 9999 SCT021 SCT050 20/16 Q1016=

Na hora da partida do Citation 560XL, cf, METAR, a direção do vento (DV 290º/DM 312º) determinaria a cabeceira 30 para a “pista em uso”, com vento incidindo pela direita angulado de 10º (resultando componente longitudinal de proa de 9,9 KT e transversal pela direita de 1,7 KT, com vento de 10 KT).

Em altitude de 2.371, o “Campo de Marte” tem pista (12/30) de 45 x 1.600 m., de asfalto (com resistência PCN 16). O aeroporto é controlado e opera vôos VFR diurno/noturno – com aprovação para operação VFR Especial com Teto de 1.200 pés e homologação para pouso com operação VFR com Teto de 1.500 pés e visibilidade de 5 km, incluindo para circular, e, para aviões, sendo permitidas à noite operações de decolagem somente pela pista 12 e de pouso somente na pista 30.

A pista 12, para pouso, tem interdição dos primeiros 300 m. (a pista 30, para decolagem, tendo interdição dos últimos 300 m.), em virtude de obstáculos no segmento junto da cabeceira 12. As “distâncias declaradas” para decolagem são:
– pista 12: TORA = 1.450 m. ; ASDA = 1.600 m. ; TODA = 1.450 m.
– pista 30: TORA = 1.300 m. ; ASDA = 1.600 m. ; TODA = 1.300 m.

ROTAER informa a concentração de pássaros (urubus) no setor sul do aeroporto e no circuito de tráfego. E também a incidência de pipas junto das cabeceiras (12 e 30) e no circuito de tráfego, principalmente nos finais de semana e feriados.

Conforme carta VAC, as saídas serão com curva para setor sul a partir da altitude mínima de 3.200 pés (829 pés AAL) – na decolagem da pista 12, mantendo-se o rumo (no eixo) até altitude mínima de 3.200 pés (829 pés AAL), para curvar à direita, na decolagem da pista 30, mantendo-se o rumo (no eixo) até altitude mínima de 3.200 pés (829 pés AAL), para curvar à esquerda.

Carta VAC apresenta descritivelmente “saídas visuais” (VFR Departures) para as duas cabeceiras (três saídas por cabeceira):
[1] pista 12:
[1.1] saída 12Q –

[i] subida para 3.600 pés, com proa do Portão “COMETA” (a 3,2 MN do ARP, no RM 124º, basicamente mantendo o rumo da decolagem),
[ii] após subida para 4.000 pés com proa da posição “ITAQUERA” (no RM 125º, por 6,4 MN, em corredor),
[iii] após seguir proa da posição “RODOANEL SUL” (no RM 154º, por 7,2 MN, em corredor).

[1.2] saída 12N –

[i] subida para 3.600 pés, com curva à direita após cruzar 3.200 pés,
[ii] ingressar na perna de vento da pista 12 (com altitude de 3.600 pés),
[iii] voar direto Portão “ABRIL” (a 3,6 MN do ARP, no RM 296º),
[iv] após, seguir com proa da posição “ANHANGUERA” (no RM 295º, por 3,2 MN, em corredor), nivelado a 3.600 pés.

[1.3] saída 12D –

[i] subida para 3.600 pés, com curva à direita após cruzar 3.200 pés,
 [ii] ingressar na perna de vento da pista 12 (com altitude de 3.600 pés),
 [iii] voar direto Portão “ABRIL” (a 3,6 MN do ARP, no RM 296º), nivelado a 3.600 pés,
[iv] após, subida para 4.000 pés deixando à direita a posição “TRAVÉS ECHO JARAGUÁ” (a 2,7 MN no RM 349º de “ABRIL”).

[2] pista 30:
[2.1] saída 30Q –

[i] subida para 3.600 pés, com curva à esquerda após cruzar 3.200 pés,
[ii] ingressar na perna de vento da pista 30 (com altitude de 3.600 pés),
[iii] voar direto Portão “DUTRA” (a 2,7 MN do ARP, no RM 141º), nivelado a 3.600 pés,
[iv] após, subida para 4.100 pés na proa da posição “PARQUE DO CARMO” (a 7,9 MN no RM 141º de “DUTRA”, por corredor).

[2.2] saída 30N –

[i] subida para 3.600 pés com proa da posição “PENTEADO” (a 3,3 MN do ARP, no RM 310º, com curva à direita a partir de 3.200 pés),
[ii] após, seguir proa da posição “ANHANGUERA (a 6,7 MN do ARP, no RM 295º), com curva à esquerda, RM 282º, a 3,6 MN, mantendo 3.600 pés.

[2.3] saída 30D –

[i] subida para 3.600 pés com proa da posição “PENTEADO” (a 3,3 MN do ARP, no RM 310º, com curva à direita a partir de 3.200 pés),
[ii] após, subida para 4.000 pés deixando à esquerda a posição “TRAVÉS ECHO JARAGUÁ” (a 2,3 MN no RM 331º de “PENTEADO”).

Nestas saídas, a velocidade indicada máxima será de 140 KT até as posições “ITAQUERA”, “ANHANGUERA”, “TRAVÉS ECHO JARAGUÁ” e “PARQUE DO CARMO”.

Pelas regras de tráfego, considerando a pista 30 em uso para a decolagem, a tripulação do Citation 560XL poderia esperar a saída 30N (a mais aplicável ao destino do vôo), e planejar uma rota para PLN – como, a partir da posição “ANHANGUERA”, da altitude de 3.600 pés, com ponto de mudança de regra de vôo (de VFR para IFR), para:
– [i] iniciar subida voando para VOR Sorocaba (“SCB”), a 34 MN no curso 291, [ii] no bloqueio do auxílio, seguir na radial 302 do VOR (“SCB”) até o fixo “UKLEN” (a 58 MN), [iii] após, seguir pela aerovia UZ152 até o fixo “UPORU” (no cruzamento com a UZ65), e [iv] seguir na UZ65 para Foz do Iguaçu (curso 255 do VOR Foz do Iguaçu/“FOZ”), numa rota perfazendo 460 MN (ante 447 MN em distância direta), ou,
– [ii] iniciar subida com proa para interceptação da aerovia UZ38 (quase na projeção da posição “ANHANGUERA”, [ii] seguir na UZ38 até o fixo “UBSOD” (na interseção com a UZ245), [iii] seguir na UZ245 até o fixo “RAXIT” (no cruzamento com a UZ85), [iv] seguir na UZ85 (coincidente com a Z91) até o fixo “ATIMA” (49,5 MN no curso 273 do VOR Curitiba (“CTB”), e [v] seguir pela aerovia UM548 (na radial 288 do VOR “CTB”) para Foz do Iguaçu (curso 288 do VOR Foz do Iguaçu/“FOZ”), numa rota perfazendo 488 MN.

Conforme RAB, o avião (matrícula PS-OIG, registro de produção sn 5011, fabricação 1998) é operado por Pessoa Jurídica (holding com receita da exploração de mídias sociais na internet), via arrendamento mercantil, sendo propriedade de instituição financeira (‘braço’ de financiamento/arrendamento de grande banco), estando registrado na categoria do transporte privado. O avião é aprovado para até 9 passageiros e dois pilotos (POB 11) e MTOW de 9.072 kg. O avião tem Certificado de Aeronavegabilidade (CA) emitido em setembro de 2021, o Certificado de Verificação Aeronavegabilidade (CVA) tem validade até agosto de 2023 (após vencimento em agosto passado).