Membro do NTSB defende adoção de programa SMS e FDM mesmo para operadores de menor porte e do transporte privado, em 12.11.22


No evento (seminário) anual de Painel de Segurança da Bombardier, o membro do NTSB Michael Graham enfatizou esforços de mobilização de mais operadores a adotar sistemas de gerenciamento de segurança (SMS – Safety Management System), e não somente por esta adoção poder vir tornar-se um requisito regulatório.

Graham defende um SMS como parte de programa de segurança robusto que deve incluir reportes de segurança, avaliações e monitoramento de dados de vôo.

Na sua apresentação, Graham citou uma série de acidentes quando a insuficiência ou falta de de gerenciamento de segurança desempenhou um papel crítico. O especialista exemplificou os acidentes fatais de helicóptero na Califórnia (envolvendo o astro de basquete americano Kobe Bryant) e no Havaí (da Safari Aviation) e da asa fixa com o caso de um jato executivo Bombardier Challenger 605 (Aeolus Air Charter), em Truckee, na Califórnia, em julho de 2021.

O acidente do Challenger 605, com dois pilotos que voavam juntos pela primeira vez, envolveu uma manobra de aproximação com uma manobra circular.

A investigação ainda em curso constatou que não houve nenhum briefing da aproximação circular. E que os pilotos selecionaram flapes 45, uma configuração que atua os spoilers, mesmo quando o ajuste de flapes 30 seria a configuração indicada. Uma outra questão participante foi que os pilotos haviam estabelecido uma Vref de 118 KT, a partir de peso vazio básico incorreto de 3.000 lb., inferior ao peso real, quando a Vref correta seria de 124 KT (uma diferença de 6 KT, ou 5,1%). A manobra da aproximação, após um procedimento IFR, com troca de pista, não consistiu em um padrão de tráfego normal, de ingresso em perna de vento, perna-base com curta final e segmento de aproximação. Enquanto os pilotos tentavam se alinhar com a pista, numa curva para esquerda, o stick shaker do jato atuou e o ‘nariz’ do jato apontou para baixo. O piloto recuperou e, então, o profundor subiu 18º, e os sistemas stick shaker e stick pusher atuaram quando a asa esquerda do Challenger estolou, com o avião mergulhando contra o solo perto da pista.

A operadora do Challenger era uma nova empresa de vôo por fretamento (regido pelo PART-135), embora o vôo do acidente não fosse de um fretamento, e a operação estivesse sendo executada pelas regras do transporte privado (PART-91). A operadora do jato não tinha programas de SMS nem de FDM (Flight Data Monitoring – monitoramento de dados de vôo).

Em sua lista de questões de segurança prioritárias, o NTSB recomendou à FAA que obrigue a adoção de programa SMS para todas as operações de passageiros que gerem receita, além de exigir que os operadores implementem um programa FDM. Dos cerca de 2.000 operadores de vôo charter no EUA, apenas algumas dezenas adotaram um programa SMS, em caráter voluntário, sugerido pela FAA.

Graham também apontou que os operadores do transporte privado (PART-91) poderiam se beneficiar da adoção de SMS.

Graham revelou que operadores justificam a não adoção de SMS pelo menor porte e escopo de sua operação. “Estou preocupado com isso. Os pequenos operadores acreditam erroneamente que um SMS é excessivamente oneroso. Devemos mudar a percepção. As pessoas sabem sobre os riscos conhecidos. A falha em identificar riscos anteriormente desconhecidos aumenta a probabilidade de um incidente ou acidente”, finalizou o especialista. [EL] – c/ fontes