EMBRAER sente impacto de problemas na cadeia de suprimentos mas reafirma guidance, buscando no 4T22 fazer a entrega de aeronaves para chegar pelo menos na parte inferior do planejado para 2022, e analistas projetam 4T22 melhor, em 15.11.22


Fonte: InfoMoney – 14/11/2022
A EMBRAER reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 93,8 milhões no terceiro trimestre, ante perdas de R$ 179,7 milhões no mesmo período do ano passado, uma retração de 47,8%. De julho a setembro, a EMBRAER apresentou prejuízo líquido atribuído aos acionistas de R$ 160,4 milhões, 31,5% menor que o de R$ 234,2 milhões um ano antes conforme balanço enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta segunda, 14.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recuou 25%, para R$ 282,1 milhões no terceiro trimestre, ante R$ 380,7 milhões em igual intervalo do ano passado. Com isso, a margem Ebitda foi de 5,8% no período, ante 7,6% um ano antes.

No critério ajustado, o Ebitda foi de R$ 485,4 milhões de julho a setembro, 18% maior do que os R$ 410,7 milhões no mesmo intervalo do ano passado. Com isso, a margem Ebitda ajustada foi de 10% no terceiro trimestre, ante 8,2% um ano antes.

Já o fluxo de caixa livre ajustado no trimestre foi R$ 586,7 milhões negativos devido às necessidades de capital de giro.

Apesar da queda na sessão para os papéis, a visão foi distinta para os balanços.

O Goldman Sachs ressalta que a companhia reportou receita, Ebitda e fluxo de caixa livre do terceiro trimestre abaixo do consenso, mas reiterou as expectativas de entrega para todo o ano (4T ponderado) e elevou o guidance de fluxo de caixa livre.

A carteira de pedidos ficou estável sequencialmente no trimestre. A EMBRAER atualizou a projeção de Fluxo de Caixa Livre para 2022, passando de US$ 50 milhões ou mais para uma projeção de US$ 150 milhões ou mais para o ano. Todos os outros elementos das projeções de entregas e dados financeiros da companhia se mantiveram.

O JPMorgan apontou que o Ebitda ficou 29% abaixo da sua estimativa, enquanto a receita líquida ficou 33% abaixo do que esperava. Outro destaque negativo foi o fluxo de caixa livre devido ao maior capital de giro, refletindo o aumento esperado nas entregas no trimestre.

Já do lado positivo, as margens bruta e Ebitda ficaram acima do esperado pela casa. Além disso, reafirmar o guidance de 2022 implica em entregas no segmento comercial de 33 aeronaves durante o trimestre, levando a uma receita agregada de US$ 1,9 bilhão (versus estimativa do JP de US$ 1,79 bilhão).

O Bradesco BBI ressalta que a interrupção da cadeia de suprimentos limitou a produção de aeronaves e a margem bruta da empresa teve queda 3,8 pontos percentuais no trimestre (estável no ano).

Além disso, também destacou que a companhia apresentou fluxo de caixa livre negativo no 3T22, impulsionado por maiores necessidades de capital de giro mas que, analisando mais profundamente os estoques, houve um aumento de US$ 869 milhões no trimestre anterior para US$ 1,104 bilhão no 3T22.

“Achamos que esse aumento significativo sugere que a EMBRAER deve ver fortes resultados no 4T22, caso a empresa não enfrente nenhuma questão sobre a cadeia de suprimentos. Em nossa opinião, isso explica a decisão da EMBRAER de aumentar seu guidance de fluxo de caixa livre para 2022”, aponta o BBI.

Na apresentação dos resultados do 3T22 a analistas de mercado nesta segunda, a companhia buscou dissipar as dúvidas de que não atingiria o guidance de 2022 de entrega de aeronaves. Executivos voltaram a reafirmar a meta, apesar do prazo curto e os desafios persistentes na cadeia de suprimentos.

“Temos notado preocupação do mercado para as entregas do ano inteiro, mas nós continuamos reafirmando o nosso guidance de 2022”, disse Antonio Garcia, CFO da EMBRAER. “Apesar do cenário desafiador, devemos permanecer na parte inferior do guidance de mercado. Ou seja, 60 aviões para aviação comercial e 100 aviões para aviação executiva”, complementou.

O guidance para 2022 é de 60 a 70 entregas de aeronaves de aviação comercial, e de 100 a 110 entregas de aeronaves para aviação executiva.

Francisco Gomes, CEO da EMBRAER, comentou ainda que a empresa se concentrará nas entregas de aeronaves nesse final do ano. Segundo o executivo, já se sabia das dificuldades a serem enfrentadas e a companhia tem focado em programas de eficiência para ajudar a mitigar restrições de fornecimento.

“O foco da empresa tem sido mitigar esse problema (na cadeia de suprimentos) e entregar resultados sólidos. Para os próximos anos vislumbramos uma perspectiva melhor em termos de receita e do crescimento da rentabilidade”, ressaltou.

Gomes complementou que há vários pedidos de entregas em 2023 e 2024, tanto para aviação comercial como executiva, que já preenchem quase toda a capacidade da companhia. Segundo o relatório do 3T22, a backlog de pedidos firmes no período atingiu US$ 17,8 bilhões, um dos maiores desde o início da pandemia.

Goldman Sachs, Bradesco BBI e JPMorgan possuem recomendação equivalente à compra para os ADRs (American Depositary Receipts, na prática, os ativos negociados na Bolsa americana pela companhia) ERJ, com preço-alvo de US$ 16 do Goldman (potencial de valorização de 54%) e de US$ 22 do BBI (upside de 112%).

 

Embraer (EMBR3) obtém crédito do BNDES para produção e exportação de aviões comerciais, uma linha em torno de R$ 2,2 bi
Fonte: Agência Brasil/InfoMoney – 14/11/2022
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou hoje (segunda – 14) a aprovação de um financiamento à EMBRAER para produção e exportação de aeronaves comerciais. A operação deve girar em torno de R$ 2,2 bilhões. Os recursos serão provenientes do BNDES Exim Pré-embarque, uma linha de crédito criada pelo banco e voltada para produção de bens nacionais destinados à exportação.

De acordo com nota divulgada pelo BNDES, a operação contribui para que a EMBRAER consiga retomar a produção de aeronaves nos patamares anteriores à pandemia de covid-19.

A nota enfatiza que a consumação do financiamento está sujeita ao cumprimento de condições prévias fixadas e à assinatura do respectivo contrato.

“O setor da aviação é considerado estratégico devido à alta tecnologia envolvida, ao emprego de mão de obra qualificada e à capacidade de gerar inovações com impactos positivos na economia do país, além de ser uma indústria relevante para garantia da soberania nacional por meio dos produtos de defesa. O Brasil é um país que possui capacidade para projetar, fabricar e exportar mundialmente aeronaves comerciais, executivas, de defesa e agrícola”, acrescenta a nota.

O texto também registra que a nova operação reitera o apoio do banco à indústria aeronáutica e lembra que o BNDES é parceiro da EMBRAER desde 1997, já tendo financiado cerca de US$ 25 bilhões em exportações. Esses recursos teriam viabilizado a produção e exportação de mais de 1.275 unidades para companhias aéreas ao redor do mundo.

Fundada em 1969 pelo Governo Federal, a EMBRAER foi privatizada em 1994. O governo brasileiro continua sendo acionista e tem direito de veto sobre algumas decisões estratégicas. A fabricante já produziu mais de 8 mil aeronaves e é atualmente a principal fabricante de jatos comerciais de até 150 assentos. Recentemente, houve tratativas para que seu negócio de aviação comercial fosse abarcado por uma nova empresa: uma joint-venture com 80% de participação da norte-americana Boeing e 20% da EMBRAER; em 2020, no entanto, a Boeing desistiu da parceria.