Ampaire faz o primeiro vôo do híbrido-elétrico Eco Caravan, em 19.11.22


O Eco Caravan – variante híbrida-elétrica convertida da plataforma turboélice – voou pela primeira vez nesta sexta dia 18, marcando um marco importante nos esforços da desenvolvedora californiana Ampaire para trazer a aeronave para o mercado.

O vôo de 33 minutos do aeroporto de Camarillo (KMCA), à elevação de 77 pés, na área de Los Angeles, marca o início de um programa de teste de vôo que a startup da Califórnia pretende levar a um Certificado de Tipo Suplementar da FAA para seu kit de modificação, em 2024.

Com o piloto de testes Elliot Seguin no comando, a aeronave decolou às 07:49PST e subiu a uma altitude de 3.500 pés com potência máxima. O piloto então acelerou a aeronave para um ajuste de cruzeiro, reduzindo a carga tanto no motor de combustão quanto no motor elétrico, após o que passou cerca de 20 minutos testando as várias configurações de potência da aeronave e observando as temperaturas e outras leituras dos sensores antes de descer em regresso para o aeroporto de Camarillo em um regime de baixa potência, de acordo com a Ampaire.

“O sistema de propulsão Eco Caravan teve o desempenho esperado”, disse Seguin após o vôo, para emendar: “Foi suave e tranquilo. Todas as leituras de temperatura e potência estavam normais”.

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Os preparativos para o teste de vôo do primeiro protótipo do Eco Caravan foram apoiados por extensos testes de vôo com o demonstrador de tecnologia Electric EEL, da Ampaire, basicamente um Cessna 337 com combinando um motor convencional e motor elétrico.

O Electric EEL realizou vôos em rotas simuladas de operadoras aéreas parceiras no Havaí e no Reino Unido para avaliar fatores como requisitos de infraestrutura para aeronaves híbridas-elétricas.

Para a Ampaire, o Eco Caravan, para nove passageiros, será a primeira a entrar no mercado em um plano de longo prazo para apoiar a eletrificação de aeronaves maiores. O próximo modelo em vista é o EcoOtter, de 19 lugares, uma remotorização do DHC-6 Twin Otter.

O CEO da Ampaire, Kevin Noertker, vê potencial para aviões regionais elétricos híbridos de 30 ou 50 lugares no início da década de 2030.

A Ampaire divulga que ajudará os clientes a obter aviões Cessna Caravan para conversão e estima que cerca de 3.000 aparelhos estão em serviço em todo o mundo e podem estar disponíveis para atualização. Noertker disse que conversou com companhias aéreas que manifestaram interesse em operar 1.000 ou mais “aeronaves verdes” convertidas.

Para instalar os kits de modificação, a Ampaire usará suas próprias instalações no Aeroporto de Hawthorne, perto de Los Angeles, e também uma rede de prestadores de serviços independentes. Isso incluirá a Air France Industries KLM Engineering & Maintenance, que em outubro assinou um memorando de entendimento para fazer parceria com a Ampaire.

No “coração” do trem de força do Eco Caravan está o motor de ignição por compressão A03, que a fabricante alemã RED Aircraft divulga que será configurada para produzir 410 kW como parte da configuração paralela integrada do Ampaire com os motores elétricos de 160 kW e baterias. Anunciada como parceira do programa durante a feira aeronáutica EAA AirVenture, em Oshkosh, no Aeroporto Regional de Wittman, no Wisconsinem julho, disse que seu motor fornecerá o dobro da eficiência termodinâmica de um motor turboélice comparável. A classificação de potência líquida do trem de força geral é projetada para ser 570 kW, ou 765 SHP (1,34 SHP/kW). O motor elétrico da RED Aircraft fornecerá energia conforme a aeronave decola e sobe para a altitude de cruzeiro, quando, dependendo dos requisitos da missão do operador, os motores elétricos de 160 kW podem ser usados ​​para vôos de cruzeiro ou serem recarregadas as baterias (alternativamente à recarga em solo).

Em setembro, a Ampaire selecionou a Electric Power Systems (EPS) para fornecer seu sistema de armazenamento de energia Epic para o Eco Caravan. De acordo com a EPS, suas baterias fornecerão uma densidade de energia de 200 Wh/kg e poderão operar por mais de 2.000 ciclos de carga rápida antes de serem substituídas. As baterias serão instaladas em uma carenagem da aeronave para economizar espaço disponível para passageiros e carga.

Noertker espera ver as cias. aéreas atualmente lutando para obter lucratividade em algumas rotas, liberando seu potencial com aeronaves híbridas-elétricas, a ponto de conseguir restaurar alguns serviços “atrofiados” que tiveram que ser suspensos. Ele também espera que as comunidades que antes não se beneficiavam do serviço aéreo agora recebam essas conexões. A plataforma onipresente do Eco Caravan também é adequada para frete aéreo e várias outras missões, incluindo suporte médico de emergência.

A expectativa é o Eco Caravan ter um alcance máximo além de 1.000 milhas.

Fundamentalmente, o híbrido-elétrico Eco Caravan promete uma redução no consumo de combustível entre 50 e 70%, com a maior economia em vôos curtos. O motor poderá funcionar com combustíveis de aviação sustentáveis ​​e outros substitutos de JET-A (QAv).

Considerando os requisitos de manutenção mais leves previstos em comparação com o motor Pratt & Whitney Canada PT6 original do Cessna Caravan C208, a Ampaire espera proporcionar às companhias aéreas economias em custos operacionais diretos entre 25 e 40%. No entanto, ainda não divulgou os custos específicos por hora de vôo ou assento-milha para o Eco Caravan.

Noertker reconheceu que a guerra em andamento na Ucrânia após a invasão da Rússia no final de fevereiro e seu impacto no abastecimento mundial de combustível chamou a atenção de operadores de aeronaves que podem ter permanecido complacentes com a necessidade de novas fontes de energia. “Vimos um repensar sobre os custos de combustível. Acompanhei o preço do JET-A em relação às taxas de falências de companhias aéreas e é uma correlação muito assustadora. Eu adoraria quebrar esse ciclo, e isso é para ajudar pessoas e comunidades”, disse Noertker para a mídia à AIN.

Com expectativas de novos avanços em áreas como baterias, a Ampaire declarou-se agnóstica em relação às fontes de energia disponíveis para futuras aeronaves. Noertker disse que, ao começar com uma abordagem híbrida-elétrica, a Ampaire “resolveu o risco tecnológico [em comparação com o início com propulsão totalmente elétrica] e o mitigou para atualizar as aeronaves existentes”.

O fato de modelos híbridos como o Eco Caravan poderem entrar em serviço usando os suprimentos de combustível atualmente disponíveis, que cada vez mais podem incluir o SAF, também atenua os riscos das necessidades complexas de infraestrutura de recarga.

“Estamos adotando uma abordagem de engantinhar, caminhada e corrida e é por isso que estamos começando com [conversões de] frotas de aeronaves existentes e, em seguida, trabalharemos com as fabricantes [de aeronaves] para tornar o sistema de propulsão padrão em aeronaves novas”, disse Noertker. “Quando tivermos 10, 20 e 30 anos a partir de agora, haverá vários aviões [com motor elétrico] limpos”, idealiza Noertker.

Um dos projetos com aeronaves novas pode ser o design conceitual Tailwind que a Ampaire divulgou em seu site. A Ampaire não divulgou detalhes sobre esse projeto, que parece apresentar um intrigante motor de hélices com dutos envolvendo a parte traseira da fuselagem e mais algumas hélices com dutos onde a asa encontra o topo da fuselagem.

“A aviação é a indústria mais difícil de descarbonizar”, disse Noertker. “As aeronaves totalmente elétricas têm alcance limitado por causa do peso e da capacidade de energia das baterias de geração atual. Aeronaves elétricas-híbridas, no entanto, podem preservar o alcance e a utilidade das aeronaves atuais. É por isso que estamos focados na propulsão elétrica híbrida para uma série de aeronaves regionais cada vez mais capazes. É uma forma da indústria aérea descarbonizar mais rapidamente e também se beneficiar de custos operacionais mais baixos”, falou Noertker. [EL] – c/ fontes