Airbus revela trabalho em células de combustível de hidrogênio, em 02.12.22


A Airbus divulgou que acelerou o trabalho no desenvolvimento de um motor de célula de combustível por hidrogênio como parte de seus estudos para uma aeronave de emissão zero programada para entrar em serviço em 2035, revelaram executivos da fabricante, em Toulouse, durante a Cúpula de Sustentabilidade da Airbus, nesta quarta dia 30.

Como parte de seus preparativos mais amplos para o transporte aéreo movido a hidrogênio, a fabricante aeronáutica francesa anunciou uma parceria com o grupo espacial Ariane para fabricação de um sistema de reabastecimento de hidrogênio líquido em sua sede em Toulouse, na França, até 2025.

Durante a cúpula, a Airbus também informou que está trabalhando com a especialista em hidrogênio verde francesa HyPort para ter uma instalação de produção, armazenamento e distribuição de hidrogênio em operação no Aeroporto Blagnac, em Toulouse, em 2023.

A Airbus informou que começará a testar em solo e em vôo a arquitetura de motor de célula de combustível proposta a bordo de sua aeronave de demonstração, o A380 de registro de produção sn 001, movida a hidrogênio ZeroE em meados desta década.

A aeronave de teste de vôo – A380 sn 001 – para novas tecnologias de hidrogênio já está passando por modificações para transportar tanques de hidrogênio líquido e seus sistemas de distribuição associados.

“As células de combustível são uma solução potencial para nos ajudar a alcançar nossa ambição de emissão zero e estamos focados em desenvolver e testar essa tecnologia para entender se é factível e viável para uma entrada em serviço em 2035 de uma aeronave de emissão zero”, disse o vice-presidente da Airbus para aeronaves de emissão zero, Glenn Llewellyn. “Em escala, e se as metas tecnológicas forem alcançadas, os motores de célula de combustível podem alimentar uma aeronave de 100 passageiros com um alcance de aproximadamente 1.000 MN. Continuando a investir nesta tecnologia, estamos nos dando opções adicionais que irão informar nossas decisões sobre a arquitetura de nossa futura aeronave ZEROe, cujo desenvolvimento pretendemos lançar no período 2027-2028”, Llewellyn completou.

A Airbus identificou o hidrogênio como uma das alternativas mais promissoras para alimentar uma aeronave de emissão zero, porque não emite dióxido de carbono quando gerado a partir de energia renovável.

Na cúpula, Llewellyn explicou as duas maneiras principais de usar o hidrogênio como fonte de energia para propulsão de aeronaves. A primeira envolve a combustão de hidrogênio em uma turbina a gás, a segunda através do uso de células de combustível pilhadas para converter hidrogênio em eletricidade para alimentar um motor de hélice. Uma turbina a gás de hidrogênio também pode funcionar com células de combustível em vez de baterias em uma arquitetura elétrica híbrida.

A Airbus continua trabalhando em ambas as aplicações potenciais.

A Airbus explorou as possibilidades de sistemas de propulsão de células de combustível para a aviação por algum tempo. Em outubro de 2020, a Airbus criou a Aerostack, uma joint venture com a ElringKlinger, uma empresa com mais de 20 anos de experiência como fornecedora de componentes e sistemas de células de combustível. Em dezembro de 2020, a Airbus apresentou seu conceito de pod (baia) com seis sistemas removíveis de propulsão por hélice com célula de combustível.

A HyPort, com sede na França, é uma joint venture entre a Engie Solutions e a Agência Regional de Energia e Clima na Occitânia. Seu trabalho com a Airbus visa criar um plano para estabelecer uma infraestrutura de abastecimento de hidrogênio que se baseie na iniciativa Hydrogen Hubs for Airports (Hubs – centros – de hidrogênio para aeroportos) que a fabricante anunciou em 2020.

Inicialmente, as instalações do aeroporto de Blagnac (em Toulouse/França)  produzirão cerca de 400 kg de hidrogênio por dia, o que será suficiente para abastecer cerca de 50 veículos de transporte terrestre.

“Nosso envolvimento com a HyPort demonstra o progresso tangível que a Airbus está fazendo em sua jornada para garantir os futuros ecossistemas de energia de amanhã”, disse Karine Guenan, vice-presidente da Airbus para ZeroE Ecosystem (ecossistema do programa ZeroE). “O uso de hidrogênio para descarbonizar todo o transporte terrestre associado ao aeroporto no período de 2020 a 2030 abrirá caminho para a disponibilidade de hidrogênio para aeronaves com emissão zero até 2035”, Guenan completou.

Por sua vez, o ArianeGroup está desenvolvendo um sistema de reabastecimento de hidrogênio líquido para o programa de teste de emissões zero da Airbus.

Em conjunto com este projeto, o ArianeGroup, de propriedade conjunta da Airbus e da francesa Safran, agora projetará, produzirá e apoiará as operações de um sistema de abastecimento de hidrogênio líquido especificamente para o avião demonstrador ZeroE durante a campanha de teste de solo e vôo O grupo tem mais de 40 anos de experiência trabalhando com o combustível para os sistemas de propulsão dos foguetes espaciais Ariane.

“Muitas das tecnologias necessárias para uma aeronave de emissão zero já estão disponíveis em outras indústrias e o manuseio de hidrogênio líquido não é exceção”, disse Sabine Klauke, diretora técnica da Airbus. “A preparação para a entrada em serviço de uma aeronave de emissão zero em 2035 significa que precisamos amadurecer todas as tecnologias necessárias em paralelo”, falou Klauke. [EL] – c/ fontes