Airbus testa desvios de vôo e de pouso em emergência e suporte para taxiamento em aeroportos com sistemas de pistas/vias complexos, em operação autônoma, em 15.01.23
A divisão Airbus UpNext está acelerando o trabalho em sistemas de vôo autônomos com o objetivo de melhorar a segurança e a eficiência operacional. Usando um avião de fuselagem larga A350-1000, a divisão de pesquisa e desenvolvimento da Airbus agora realizará mais testes de vôo focados principalmente no desvio automático de vôo e pouso em caso de emergência e assistência para pilotos na navegação de pistas de táxi muito complexas nos aeroportos mais movimentados.
Numa coletiva de imprensa em 12 de janeiro sobre o projeto DragonFly, que iniciou os testes de vôo iniciais em julho de 2022, a Airbus UpNext explicou que o trabalho continuado neste ano lidará com tarefas como o amadurecimento dos algoritmos de visão computacional necessários para apoiar os processos de assistência de pouso e táxi.
Os engenheiros do projeto equipam o A350 com três câmeras externas logo abaixo do pára-brisas da cabine de comando e estão considerando quais sensores a implantação em aviões comerciais precisaria para obter a aprovação regulatória.
No início de dezembro, a equipe Airbus UpNext alcançou a funcionalidade completa do sistema, que também inclui sistemas avançados de comunicação UHF e VHF. A equipe já realizou vôos em cooperação com controladores de tráfego aéreo franceses especialmente treinados, incluindo uma emergência médica simulada em um vôo no sudoeste da França, no qual a aeronave desviou para Toulouse em um vôo originalmente com destino de Lyon.
De acordo com Isabelle Lacaze, chefe do programa de demonstração DragonFly, a tecnologia está sendo desenvolvida com operações de dois pilotos (Dual pilot) em mente. Lacaze minimizou as sugestões dos repórteres de que o trabalho pode ser parte de uma progressão de longo prazo para apoiar o caso de operações aéreas de único piloto (Single pilot) e disse que os primeiros resultados já mostraram o potencial de “enorme valor em ajudar os pilotos a lidar com situações complexas que eles enfrentam hoje”.
Ao considerar o escopo da assistência com o taxiamento, Lacaze disse que nos aeroportos centrais mais congestionados do mundo, os pilotos enfrentam o que ela descreveu como uma das fases mais desafiadoras do vôo ao navegar em redes complexas de taxiways para ir da pista a um portão (de desembarque de passageiros) sem interromper o fluxo constante de pousos e decolagens.
O sistema que está sendo testado pela Airbus UpNext mostra aos pilotos um caminho livre ao longo das pistas de táxi (taxiways) com cada autorização dada pelos controladores de tráfego aéreo, incluindo as velocidades permitidas. Também inclui vigilância para detectar obstáculos e evitar o risco de cruzamento de pistas em uso, dando alertas de áudio aos pilotos. Esses processos já foram testados em condições operacionais em tempo real no aeroporto de Toulouse-Blagnac.
Quando surgem emergências médicas, a tecnologia DragonFly pode selecionar automaticamente o aeroporto e a rota de vôo mais adequados para um desvio, lidando com fatores como terreno e meteorologia. O sistema pode operar de forma totalmente autônoma ou servir como uma ferramenta de tomada de decisão para a tripulação de vôo, alertando os centros de controle de operações de companhia aérea e os controladores de tráfego aéreo usando sistemas de voz sintética.
Parte do trabalho futuro planejado para 2023 se concentrará na construção de um banco de dados de aproximações de pista. “Os testes em 2022 foram muito promissores e neste ano queremos finalizar a campanha de testes de vôo e depois dar nossas conclusões e recomendações à Airbus para os próximos passos”, disse Lacaze.
Essas próximas etapas incluirão o desenvolvimento de um conceito para operações em cooperação com reguladores de segurança da aviação e controladores de tráfego aéreo, bem como com clientes de companhias aéreas e seus pilotos.
A Airbus UpNext vem desenvolvendo a tecnologia DragonFly para reagir em apenas alguns segundos quando surge a necessidade de uma resposta de emergência. A divisão divulga que outro projeto da Airbus se concentra em como exatamente os sistemas da aeronave podem reconhecer quando um piloto ficou incapacitado, mas observa que ainda não pode compartilhar detalhes desse trabalho proprietário.
“Inspirados pela biomimética, os sistemas que estão sendo testados foram projetados para identificar características na paisagem que permitem que uma aeronave veja e manobre com segurança de forma autônoma dentro de seus arredores, da mesma forma que as libélulas são conhecidas por terem a capacidade de reconhecer pontos de referência”, explicou Lacaze.
Várias outras subsidiárias da Airbus, incluindo a unidade Defesa e Espaço (Defense & Space) e a divisão a Acubed, apóiam o projeto Dragon Fly. Outros parceiros do programa incluem a Cobham, a Collins Aerospace, a Honeywell, a Onera e a Thales. O trabalho recebeu algum financiamento da agência reguladora de aviação francesa DGAC. [EL] – c/ fontes