Indonésia intensifica buscas por piloto neozelandês sequestrado na Papua por separatistas revolucionários, rendido após pouso em Paro com um PC-6, que foi incendiado pelos rebeldes, em 14.02.23
No dia 07 (terça), separatistas revolucionários atearam fogo em um monomotor turboélice Pilatus PC-6/B2-H4 Turbo Porter da transportadora aérea indonésia Susi Air, após pouso do avião no Campo de Paro, sub-distrito do remoto e militarizado distrito de Nduga, na Alta Papua, em vôo procedente de Timika/Aeroporto Moses Kilangin-Tembagapura (WAYY).
O vôo tinha apenas um piloto, da Nova Zelândia, cmte. Philip Mark Merthens.
O avião é o PC-6/B2-H4 Turbo Porter de matrícula PK-BVY (registro de produção sn 973). O avião teve registro na Suíça, com matrícula HB-FNS.
No dia seguinte (08), o Ministério dos Transportes da Indonésia fechou temporariamente o aeródromo do subdistrito de Paro, após a tomada como refém do piloto neozelandês por rebeldes da Papua.
Merthens operava vôo comercial fretado da operadora Susi Air, com cinco passageiros, quando foi rendido por combatentes separatistas em Paro logo após o pouso.
O Exército de Libertação da Papua Ocidental (TPNPB) assumiu a responsabilidade pelo sequestro e incêndio da aeronave e ameaçou matar Merthens, a menos que a Indonésia reconheça a Papua Ocidental como um Estado independente.
“Tomaremos o piloto-cidadão da Nova Zelândia como refém e estamos aguardando a prestação de contas do governo da Austrália, do governo da Nova Zelândia, dos governos da União Européia e das Nações Unidas, porque por 60 anos esses países apoiaram a Indonésia para matar indígenas papuas”, disse o porta-voz do TPNPB, Sebby Sambom, em uma postagem no Facebook no mesmo dia do sequestro. Então, Sambom confirmou que Merthens estava vivo, ainda.
Merthens partiu do aeroporto Mozes Kilangin, no subdistrito de Timika, na Papua Central, às 05:33LT e estava programado para retornar às 07:40. Os controladores perderam o contato às 06:35; às 09:12, a Susi Air detectou o transmissor localizador de emergência (ELT) do avião e enviou uma aeronave de busca, que resultou na confirmação de que o Pilatus havia sido incendiado na pista (campo de aviação) de Paro.
As mídias indonésias divulgaram no dia 08 que as autoridades detectaram o paradeiro de Merthens e estavam focadas em resgatá-lo. As mídias acrescentaram que os sequestradores não sequestraram passageiros do avião – dois homens, duas mulheres e um bebê -, mas observaram que as autoridades resgataram 15 trabalhadores da construção civil no dia, de helicóptero, depois que os rebeldes ameaçaram sequestrá-los também. A Indonésia continuará a busca em coordenação com as autoridades da Nova Zelândia.
A região de Papua, na Indonésia, tem sido o epicentro de uma insurgência contra o governo indonésio desde a década de 1960. O Ministério de Coordenação de Assuntos Políticos, Jurídicos e de Segurança da Indonésia classificou oficialmente o TPNPB e outros grupos separatistas armados que operam na Papua Ocidental como organizações terroristas em 2021.
O sequestro de Methens é a segunda tomada de reféns do TPNPB, após um incidente de 1996 envolvendo 26 pessoas em uma missão de pesquisa da vida selvagem na vizinha Mapenduma.
Em 2021, em 12 de março, o mesmo avião – PC-6/B2-H4 Turbo Porter de matrícula PK-BVY (registro de produção sn 973) – efetuou um vôo da Susi Air, com quatro ocupantes (três passageiros e um piloto), para o Campo de Wangbe, no distrito de Wangbe, Regência de Puncak, na Papua, onde após o pouso o grupo foi rendido e tornado refém por homens armados, revoluciários, da organização “Free Papua” (Papua Livre). Após duas horas de negociações, todos os quatro foram libertados, e o avião voou de volta para o Aeroporto Moses Kilangin Timika.
Fundada em 2004, a Susi Air opera dentro e fora de 20 bases espalhadas pelo arquipélago indonésio, com uma frota de 49 aeronaves, incluindo 32 Cessna C208B Grand Caravans, oito Pilatus PC-6 (já decontando o avião destruído em Paro), três turboélices Piaggio P180 Avanti, um Air Tractor AT-802 e um bimotor turboélice LET L-410, além de um Piper PA-28 Cherokee. A Susi Air também opera dois helicópteros, um Leonardo A109S Grand e um A119 Koala. [EL] – c/ fontes