No cenário indonésio de conflito político-social, afetando a segurança da aviação do país, buscas para resgate de piloto neozelandês sequestrado por rebeldes na Papua Guiné prosseguem, em 23.02.23


As autoridades indonésias continuam “travadas” em negociações com os rebeldes papuanos após sequestro e tomada como refém do piloto comercial neozelandês Philip Mark Merthens, no último dia 07.

No dia 20, a Polícia Nacional da Indonésia (Polri) disse que as discussões com o TPNPB estão sendo realizadas por meio de líderes religiosos e comunitários, o governo regional da regência de Nduga e uma força-tarefa conjunta formada entre a Polri e as Forças Armadas Nacionais da Indonésia – que descobriram recentemente equipamentos e outros materiais em um acampamento rebelde.

“Continuamos tentando libertar o piloto da Susi Air. Até agora não houve nenhum pedido do KKB. Também continuamos realizando esforços de busca”, disse Kombes Ignatius Benny Ady Wibowo, chefe de relações públicas da Polri. “Certamente esperamos boas notícias dos resultados do diálogo. Entretanto, não houve qualquer confirmação por parte do Governo Regional”, ele completou a informação.

Merthens operava um turboélice Pilatus PC-6 Porter da operadora indonésia Susi Air em um vôo fretado com cinco passageiros quando foi dominado pelo Exército de Libertação de Papua Ocidental (TPNPB) no aeródromo do subdistrito de Paro, no remoto e militarizado distrito de Nduga, no alto da Papua. Todos os passageiros foram liberados.

A Papua Ocidental tem sido um centro da insurgência desde o início dos anos 1960, depois que o Acordo de Nova York facilitado pelo EUA transferiu a ex-colônia holandesa para as Nações Unidas e, posteriormente, para a Indonésia.

Na Indonésia, o TBNPB é conhecido como Kelompok Kriminal Bersenjata (KKB), como sendo uma ramificação do grupo separatista Organisasi Papua Merdeka, ou Movimento Papua Livre, que foi oficialmente estabelecido em 1965.

O grupo TPNPB (KKB) assumiu a responsabilidade pelo incêndio do PC-6 (de matrícula PK-BVY) e pelo sequestro de Merthens e ameaçou matar o piloto neozelandês a menos que a Indonésia reconheça a Papua Ocidental como um Estado independente.

Em meios às negociações para libertação do piloto, o aeródromo de Paro permanece “fechado” sob bloqueio de forças de segurança de prontidão. De acordo com relatos da mídia indonésia, os moradores de Paro e quatro outros distritos fugiram por questões de segurança.

Falando para a mídia de aviação AIN, Ziva Narendra, diretora da consultoria de aviação Aviatory Indonesia, disse que a captura de Merthen segue histórias semelhantes de hostilidades na região. “As situações têm se tornado progressivamente mais tensas com o aumento das atividades de mineração e extração de recursos naturais como cobre e ouro”, disse Narendra. “Vários incidentes de natureza semelhante também ocorreram em várias regiões de Papua ao longo dos anos de 2020 a 2022, onde as aeronaves da Sam Air e da Dabi Air foram alvejadas e queimadas por grupos separatistas em dois eventos diferentes”.

Em junho passado (2022), rebeldes abriram fogo contra uma aeronave Cessna 208 Caravan (modelo convertido 675) da SAM Air (Semuwa Aviasi Mandiri) no aeroporto de Kenyam, na regência de Nduga, com os dois pilotos escapando por pouco. A ocorrência ocorreu logo após um tiroteio no aeródromo de Kenyam, cerca de três meses antes.

Em maio passado (2022), separatistas atiraram em um vôo de carga de um Cessna 208 operado pela Asian One Air durante a aproximação do avião no aeroporto de Aminggaru, no distrito de Ilaga. O aeródromo de Aminggaru serviu de palco para confrontos entre as forças TBNPB e TNI-Polri em fevereiro de 2022.

Em 2021, duas aeronaves foram incendiadas em Aminggaru: um helicóptero, parqueado, operado pela empresa de logística aérea Unitrade Persada Nusantara e um Cessna 208B operado pela PT Dabi Air Nusantara.

Em junho de 2018, um de Havilland DHC-6-300 Twin Otter Trigana Air foi abatido por rebeldes enquanto a aeronave tentava parquear no aeródromo de Kenyam. O capitão Ahmad Abdillah Kamil sobreviveu a um tiro nas costas; no entanto, três civis no aeroporto foram mortos. Três dias antes, rebeldes separatistas dispararam contra um Twin Otter operado pela companhia aérea charter Dimonim Air enquanto se aproximava de Kenyam, ferindo o co-piloto Irene Nur Farida.

Além dos ataques físicos, as transportadoras locais que operam vôos curtos para comunidades remotas na Papua Ocidental também receberam vários avisos do TBNPB para interromper as operações na região.

A insurgência em andamento na Papua Ocidental não apenas levanta questões sobre negociações de paz, atividades de mineração e aquisição de armas entre grupos rebeldes, mas também destaca lacunas significativas na segurança e proteção da aviação, juntamente com a forma como as autoridades gerenciam acidentes aéreos e incidentes graves, incluindo notificação de ocorrências, relatórios e investigações. [EL] – c/ fonte


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