Sendo capaz de avançar em iniciativas sustentáveis, incluindo a introdução no mercado de novas tecnologias, mas sofrendo a falta de disponibilidade de SAF (pela produção limitada), e sendo escrutinada por ativistas ambientais pelo uso de combustível fóssil, indústria da aviação executiva vive momento “entre a cruz e a espada”, segundo presidente da GAMA, em 25.02.23


A indústria da aviação executiva está “entre a cruz e a espada” na Europa porque as pressões ambientais estão aumentando e, ainda assim, os obstáculos regulatórios estão impedindo o progresso, avaliou o presidente e CEO da GAMA – General Aviation Manufacturers Association (associação das fabricantes aeronáuticas da aviação geral), Pete Bunce, durante coletiva anual com imprensa “State of the Industry” (Estado da Indústria), com divulgação de relatório anual de desempenho do setor. “Muitas notícias não foram boas no que diz respeito à abordagem da aviação executiva lá [na Europa]”, disse Bunce referindo-se a manifestações de ativismo ambiental, como a recente interrupção e tumultuo do início da Conferência AIROPS23 da EBAA – European Business Aviation Association (Associação da Aviação Executiva Européia), em Bruxelas (Bélgica) – quando ativistas invadiram o espaço da apresentação do evento e bloquearam a entrada do terminal ExecuJet FBO no aeroporto de Bruxelas.

Bunce enfatizou a importância da indústria está sendo capaz de avançar em iniciativas sustentáveis, incluindo a introdução de novas tecnologias no mercado. Ele enfatizou que a disponibilidade de combustível de aviação sustentável (SAF) está se tornando extremamente importante, mas com percalços.

“Mas, infelizmente, a estratégia de implantação [do SAF] que está surgindo na Europa não nos permite acesso a combustível de aviação sustentável nos aeroportos da aviação executiva”, Bunce disse, para completar: “e o que está acontecendo é que uma grande quantidade de impostos será cobrada de nossa indústria porque não estamos usando SAF. Não podemos obtê-lo e então seremos tributados porque não podemos obtê-lo”.

Com oferta limitada, o SAF disponível está sendo destinado preferencialmente para o setor do transporte comercial. Com poucas unidades de produção do SAF, resultando uma disponibilidade limitada, a distribuição do combustível para muitos aeroportos de aviação executiva torna-se impraticável, e havendo ainda barreiras regulatórias para levar o SAF para algumas fronteiras da Europa, dizem os líderes da aviação executiva.

No entanto, Bunce acrescentou: “Estamos trabalhando nessas questões”. Ele também observou ainda que “reservar e reivindicar crédito [book-and-claim] para nós ainda se torna uma ferramenta muito importante na Europa”.

Bunce reiterou que o objetivo é ter um ambiente sem queima de combustível fóssil por aeronaves e observou que as fabricantes (OEM) em todo o setor estão pesquisando o uso de combustível 100% SAF.

Quanto a lidar com o ativismo direcionado à indústria, em especial da aviação geral-executiva, o chair da GAMA e CEO da Simcom International, Eric Hinson, apontou para a resposta de Bill Gates quando questionado sobre o uso de jatos executivos. Hinson observou que Gates enfatizou que não faz parte do problema e que compra as “compensações”, além de investir em iniciativas climáticas globalmente.

“Existe uma ação específica que as pessoas podem tomar”, disse Hinson. “Mas a realidade é que provavelmente nunca, nunca vamos convencer os ativistas climáticos disso e provavelmente não são as pessoas em quem devemos nos concentrar”. Ao invés disse, o foco deveria estar nas pessoas que podem estar observando esses ativistas climáticos, sustenta Hinson. “Eles estão olhando para isso puramente com base no custo. Só precisamos garantir que eles entendam os dois lados dessa equação”, Hinson avalia. Hinson observou que essas questões estão em todo o sistema de transporte e disse que argumentaria que a aviação geral é provavelmente mais ativa do que muitos na frente da sustentabilidade.

Quando questionados, a maioria dos líderes da aviação executiva disse que ainda não viu esse ativismo ter um impacto significativo, mas que permanece a preocupação de que isso terá um preço no futuro se a história da aviação executiva sobre sustentabilidade não for contada. [EL] – c/ fontes