Diamond DA-62 sofre acidente próximo do Santa Genoveva (Goiânia/GO), após pane em motor-hélice em partida do “Nacional” e tentativa de regresso em pouso de emergência, e um de dois (2) ocupantes morre, em 09.03.23


Fonte: g1 e portal6 – 28/02 e 01/03/2023
Um bimotor leve Diamond DA-62, com dois ocupantes, caiu em ponto de mata próximo do Aeroporto Santa Genoveva (SBGO), em Goiânia, na tarde do dia 28 (terça), por volta de 17:00LT (20:00Z).

Segundo o Corpo de Bombeiros, o avião caiu no bairro Santa Genoveva em uma mata localizada atrás de um centro esportivo.

Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros, um homem e uma mulher estavam no avião. Os dois se feriram, a mulher com gravidade, tendo ficado presa na cabine.

De acordo com a corporação, a mulher ficou presa nos destroços (na cabine) do avião, tendo sofrido fratura exposta em um membro inferior do corpo, além de laceração profunda. O homem foi encontrado fora do avião, com fratura em um membro superior direito.

Os dois ocupantes foram transferidos para o Hospital Estadual de Urgências da região noroeste de Goiânia – Governador Otávio Lage de Siqueira (HUGOL).

Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros, foram mobilizadas nove viaturas da corporação para a emergência.

A corporação informou que inicialmente houve grande quantidade de fumaça saindo da aeronave.
Atualização: os dois ocupantes foram identificados como os irmãos e pilotos Victor Trigueiro Botelho, de 21 anos, e Laura Graziella Trigueiro Botelho, de 29 anos. Os dois eram de Brasília/DF.

Laura Graziella faleceu na madrugada do dia 01 (quarta), por informação do Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (HUGOL). O seu irmão, Victor Trigueiro Botelho, solicitou alta da unidade, também na informação do HUGOL.

Laura era instrutora de vôo do Aeroclube de Brasília.

As primeiras informações constam que os dois pilotos, de Brasília, estavam em Goiânia para a manutenção do avião, em oficina de Goiânia. E que o vôo do acidente tratava-se de um vôo pós-manutenção. Pouco antes do acidente, órgão de controle de tráfego do aeroporto Santa Genoveva teria recebido de um dos pilotos a solicitação de pouso de emergência. As primeiras informações são de uma pane de motor.

O avião é o bimotor Diamond DA-62 de matrícula PR-VSJ, de registro de produção sn 62.041 e ano de fabricação 2017. O avião era propriedade de instituição financeira – a Alfa Arrendamento Mercantil S.A – e operador por Pessoa Física, sob contrato de arrendamento mercantil (financeiro), com o avião sendo registrado na categoria do transporte privado, com último registro de compra/transferência em novembro de 2019. O avião era aprovado para até seis passageiros e MTOW de 2.300 kg. O Certificado de Aeronavegabilidade (CA) foi emitido em novembro de 2019, o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) tinha validade até novembro.

Atualização [g1 – em 01 e 02/03/2023]: o Aeroporto Internacional de Goiânia/Santa Genoveva informou que um dos pilotos comunicou à Torre o pouso forçado, às 16h39, e que o contato com a aeronave foi perdido às 16h40. Segundo o aeroporto, a equipe acionou imediatamente o Plano de Emergência do Aeroporto (PEA), o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar.

A CCR Airports é a operadora do Aeroporto Internacional de Goiânia.

O CENIPA informou que fez a coleta de dados, a preservação de indícios e a verificação inicial de danos causados à aeronave ou pela aeronave.

O sepultamento de Laura Botelho aconteceu nesta quinta (02).

Laura Graziella Trigueiro Botelho completara 29 anos no último dia 29 de janeiro. Ela era formada em aviação civil pelo Centro Universitário ICESP e era instrutora no Aeroclube de Brasília.

A jovem é descrita pela família como “carinhosa, determinada e amorosa”.

A tia da jovem, Conceição Trigueiro, disse Laura sonhava em pilotar avião desde pequena, para seguir na profissão do pai. “O pai dela foi piloto e ela decidiu que ia seguir a mesma carreira dele. Ela queria ser motivo de orgulho para o pai dela. A Laura era alegre, decidida, determinada e amorosa com todo mundo”, completou. A tia também contou que a jovem amava a profissão. “Ela era sempre muito alegre com os alunos. Fazia tudo certinho e pilotava por prazer”, disse.

Nas horas vagas, Laura fazia trabalho voluntário na Legião da Boa Vontade (LBV). “Ano passado ela conseguiu doar 100 cestas de alimentos. Ela arrecadou com amigos, vizinhos e colegas e doou. Ela também fazia distribuição de brinquedos, balas, doces e biscoitos no dia das crianças. Era muito caridosa”, contou a tia.

Atualização: o CENIPA listou o acidente no Painel SIPAER, como ocorrência relacionada com hélice.

Conforme a súmula factual inicial, o avião decolou do Aeródromo Nacional de Aviação (SBNV), em Goiânia (GO), por volta das 19:40Z (16:40LT), com destino do Aeródromo Presidente Juscelino Kubitschek (SBBR), em Brasília (DF), a 95 MN a NE, em um vôo privado, com dois ocupantes (um tripulante e um passageiro). Após a decolagem, ocorreu o mau funcionamento do motor direito. O piloto decidiu por retornar para o aeródromo de origem, porém o pouso foi realizado em região de mata.

O avião teve danos substanciais, passageiro teve lesão fatal, o piloto escapou ileso.

Os trabalhos do CENIPA relativos na investigação da ocorrência estão em andamento, o avião já tendo sido liberado para o operador.

O Aeródromo Nacional de Aviação (SBNV), em elevação de 2.733 pés, dista cerca de 7,5 MN a oeste do Santa Genoveva (SBGO), em elevação de 2.453 pés, ambos com pista 14/32.

Ao momento da operação do bimotor, o tempo no “Nacional de Aviação” (SBNV) e no Santa Genoveva (SBGO) era muito bom, com visibilidade de 10 km ou superior, céu esparso com base a 3.000 pés, com vento fraco com incidência com variação de direção de 180° ou mais (no Nacional) e vento NE fraco (no Santa Genoveva), com temperatura chegando a 32°C e pressão atmosférica de 1.017 hPa:

METAR SBNV 281800Z VRB02KT 9999 SCT030 31/16 Q1018=
METAR SBGO 281800Z 03007KT 9999 SCT045 32/16 Q1017=

METAR SBNV 281900Z VRB04KT 9999 SCT030 32/16 Q1017=
METAR SBGO 281900Z 34006KT 9999 SCT045 32/17 Q1016=

METAR SBNV 282000Z 31003KT 300V030 9999 SCT030 31/17 Q1016=
METAR SBGO 282000Z 07004KT 9999 SCT045 32/17 Q1015=

METAR SBNV 282100Z 28004KT 9999 SCT030 31/17 Q1016=
METAR SBGO 282100Z 15004KT 9999 FEW045 31/16 Q1015=

O Aeródromo Nacional de Aviação (SBNV), público-estadual, opera vôos VFR Diurno e com prestação de serviço de informação de aeródromo (AFIS) – Rádio “Escolinha”. A operação no aeródromo conta com carta VAC e subordina-se aos corredores REA da TMA-Goiânia, basicamente com chegada por três portões a SW e um portão a SE, com circulação apenas pelo setor sudoeste; na decolagem, as saídas são com curva para sul – com curva à esquerda na decolagem da pista 32 e com curva para direita na decolagem da pista 14. A altitude mínima do tráfego do aeródromo é de 3.800 pés (1.067 pés).

Uma rota de vôo para Brasília planejável consistiria, a partir do abandono do rumo da decolagem, seguir para o portão “Hipódromo” (a 4,4 MN a SE – RM 166° de SBNV, e a 5,8 MN a SW de SBGO – RM 078°), seguir para o Portão “Hidrolândia” (21,5 MN a SE – RM 183° de SBNV,e a 20,1 MN ao sul de SBGO – RM 204°), seguir pelo corredor “SATO” até o portão “SATO”, para livrar os corredores da TMA-Goiânia e seguir para Brasília (a 71 MN a NE, no RM 074°), a partir deste ponto podendo mudar a regra de vôo, para IFR. Outra possibilidade (com Plano de Vôo Z) seria ponto de mudança de regra (de VFR para IFR) já no portão “Hipódromo” (6 MN do VOR Goiânia-GNV, na radial 265/curso 085), para seguir direto para Brasília (a 94 MN no RM 080°), ou eventualmente bloquear o auxílio VOR GNV e seguir ou pela radial 080 (ou pela mesma radial da aerovia Z15 – cujo FL mínimo é 150).

O Diamond DA-62 é um bimotor com motorização a pistão turbocomprimida Austro Engine AE330, de 180 HP, alimentando por QAv, com hélice tripá da MT Propeller, de velocidade constante (hidraulicamente), com lâminas com geometria aerodinamicamente avançada para desempenho eficiente, suavidade e baixo ruído, com o grupo moto-propulsor sendo controlado por uma única manete – por controle digital de cada conjunto -, com embandeiramento sendo “tão simples quanto apertar um único botão”, nos termos do prospecto da fabricante da aeronave austríaca.