Dassault Falcon 6X prestes a entrar em serviço e o Falcon 10 X tomando forma, em 29.05.23


O desenvolvimento e os testes do futuro jato cabine larga Dassault Falcon 10X estão avançando rapidamente, divulgou a fabricante francesa durante a feira de aviação executiva européia EBACE 2023.

Peças primárias estão agora em produção, bem como elementos de grande relevância, como trem de pouso; os principais sistemas e componentes agora estão passando por testes rigorosos em várias unidades da Dassault e de fornecedores. Entre os componentes em franco desenvolvimento está a asa totalmente de material composite; o artigo de teste de asa, conhecido como LNX, já completou 10.000 ciclos de vôo equivalentes, enquanto a bancada do simulador de vôo no centro de desenvolvimento da Dassault em St. Cloud realizou 300 “vôos” representativos. Duas plataformas-bancada multissistema para testes estão localizadas em Istres, no sul da França, e o sistema de combustível também já está sendo testado.

A fornecedora de motores britânica Rolls-Royce reportou resultados encorajadores dos testes do novo turbofan Pearl 10X, que deve começar os testes de vôo instalado numa das posições de um Boeing 747 (plataforma de testes) no segundo semestre deste ano.

O Falcon 10X terá uma nova cabine de comando conhecida como NeXus, basicamente um desenvolvimento da suíte EASy IV baseada na plataforma Honeywell do Falcon 8X, mas com a incorporação de vários novos recursos, principalmente o Smart Throttle, que integra o controle de potência ao sistema de controle de vôo digital e ao piloto-automático.

Uma largura de cabine de 2,9 m. e um conceito de cabine modular diferenciam o Falcon 10X de seus concorrentes, afirma Carlos Brana, vice-presidente executivo de aeronaves civis da Dassault. Ele disse que a maior parte do interesse é voltada para um layout de quatro cabines com banheiro.

O Falcon 10X é um jato para até 19 passageiros, de ultralongo alcance – 7.500 MN -, com capacidade para voar à MACH 0,925.

No momento do lançamento, a data de certificação do Falcon 10X prevista foi para o final de 2025, mas a Dassault agora não está disposta a definir uma data firme para a homologação do modelo. O principal motivo, explicou o CEO e presidente do Conselho de Administração da Dassault, Eric Trappier, são os problemas contínuos com a cadeia de suprimentos, que ele afirmou serem “piores agora do que há um ano”. A Dassautl está trabalhando duro para aliviar o problema, mas Trappier não pode dar nenhuma garantia sobre quando o problema em todo o setor pode melhorar.

Em paralelo, o maior foco e compromisso atual da Dassault é colocar em serviço o jato cabine larga Falcon 6X (para até 12-16 passageiros, MMO MACH 0,90 e alcance de até 5.500 MN). A aeronave realizou 1.480 horas de vôo em 580 vôos e completou todos os vôos na campanha de certificação, certificação. Os resultados e a documentação estão apresentados à EASA, e a certificação Tipo do “6X” é esperada “dentro de semanas”, disse Trappier. A primeira aeronave de cliente está nas instalações de conclusão/acabamento da Dassault em Little Rock, no Arkansas (EUA), e o programa de treinamento está em andamento. O primeiro simulador de vôo completo qualificado pela EASA e FAA foi instalado na unidade da CAE de Burgess Hill, na Inglaterra, e o treinamento teórico de manutenção começou na CAE Mérignac, na França, em abril. Uma segunda instalação será inaugurada no EUA nas próximas semanas. A Dassault Training Academy deve começar o treinamento prático de manutenção em junho.

Folder Dassault Falcon 6X:
https://www.dassaultfalcon.com/businessjets/falcon-6x/


Levando o Falcon 6X ao limite: a perspectiva de um piloto de teste
Os testes de vôo estão completos, a documentação técnica foi enviada e a certificação do jato cabine supermédio-larga Falcon 6X, da Dassault Aviation, é esperada “nas próximas semanas”, disse o CEO Éric Trappier nesta semana durante a EBACE.

Mas a jornada do novo jato bimentor da Dassault para a chegada ao mercado e entrada em serviço começou bem antes de seu primeiro vôo de teste em fevereiro de 2021, como Philippe Duchateau, piloto de teste-chefe do programa (e ex-piloto de testes da Força Aérea Francesa), explicou para matéria da mídia AIN (por James Wynbrandt), a bordo de um “6X” em exposição estática na EBACE 2023, em Genebra (suíça).

O programa de testes começa “na fase de desenvolvimento, com muito trabalho no solo antes mesmo de chegar à linha de frente do vôo”, disse Duchateau.

Os pilotos de teste de vôo primeiramente se encontram com os engenheiros para “discutir como a aeronave deve ser” em termos de resposta de controles de vôo, pilotagem e ergonomia da cabine. Os engenheiros então criam um simulador básico para reproduzir as características desejadas – e “vamos testá-lo” para refinar os controles, disse Duchateau.

“Uma vez que o sistema é otimizado, você o testa com caixas [de controle de vôo] reais”, disse Duchateau, para emendar: “Isso nos permite ter a melhor visualização das qualidades de pilotagem e qualidades de vôo da aeronave”.

Quando o sistema resultante é integrado ao protótipo da aeronave, iniciam-se os testes de vôo. Cada vôo de teste é cuidadosamente planejado e pode primeiro ser “voado” no simulador várias vezes em preparação.

“Quando você faz a extensão do envelope [de vôos], ou o mergulho para [MACH] 0,97 [realizado para obter a certificação para a velocidade máxima de MACH 0,925 do “6X”], você repete isso muitas vezes na bancada [de testes] antes de fazer isso de verdade”, Duchateau disse.

Cada vôo de teste é seguido por um extenso debriefing. “Então é hora de escrever relatórios”, detalhando quaisquer problemas descobertos, disse Duchateau. “Quando você vai para a escola de pilotos de teste, aprende a voar, mas também a escrever esses relatórios”, ressaltou Duchateau.

O regime de testes também visa identificar fatores humanos que podem impactar o desempenho de piloto. Em alguns vôos, os pilotos usam vídeo-óculos para que os engenheiros que monitoram os vôos de teste em tempo real possam ver para onde os pilotos estão olhando e para onde suas mãos se movem para garantir que o layout da cabine de comando seja intuitivo e fácil de interagir. Além disso, o programa de teste é concebido para descobrir maneiras pelas quais pilotos menos experientes podem encontrar dificuldades para pilotar o jato.

“Como pilotos de teste, temos que esquecer os egos. Não queremos ser os melhores pilotos, só queremos entender o que pode dar errado, o que pode ser enganoso”, disse Duchateau. “Você tem que se colocar na situação de um jovem entrando no avião e tentar facilitar a vida dele. Esse é o verdadeiro trabalho de um piloto de testes”, revela Duchateau.

O programa de certificação do Falcon 6X utilizou quatro aeronaves de teste, acumulando um total de cerca de 1.700 horas de vôo em cerca de 600 vôos – números em linha com as projeções iniciais. A fase final do programa, denominada “Missão 1”, levou a aeronave “ao redor do mundo”, voando perfis de operação típicos, com uma variedade de pilotos nos comandos, registrando cerca de 200 horas em mais de 90 vôos.

Quando chegar a certificação, “tomaremos uma taça de champanhe, mas não é o fim da história”, disse Duchateau. “Ainda temos a [certificação da] aproximação rampada [steep approach] e vamos estender a limitação de vento cruzado. Vamos tentar estender o envelope em todos os lugares que pudermos. Então ainda não acabou”, Duchateau revelou. [EL] – c/ fonte