Aeroflot por encomendar 300 aeronaves comerciais de produção russa, em 11.06.22
Matéria da mídia AIN noticiou que a transportadora aérea estatal russa Aeroflot planeja assinar um acordo-estruturado com a outra estatal russa United Aircraft Corporation (UAC) cobrindo a venda de 300 aeronaves de transporte comercial, disse uma fonte da transportadora de bandeira russa a jornalistas sob condição de anonimato, acrescentando que as partes agendaram uma cerimônia durante o Fórum Econômico Internacional em São Petersburgo, que acontecerá entre 15 a 18 de junho, para marcar o acordo. A maioria das aeronaves encomendadas pertencerá às Famílias de jatos Sukhoi SSJ100 e Irkut MC-21; a Aeroflot também terá um pequeno número de jatos Tupolev TU-214. As encomendas não compreenderão o jato quadrimotor Ilyushin IL-96 e o bimotor turboélice IL-114. O valor do negócio totalizaria cerca de US$ 15 bilhões a US$ 16 bilhões após todos os descontos.
Nem a Aeroflot nem a UAC comentaram oficialmente o acordo, que ocorre em um momento em que a indústria russa está buscando urgentemente alternativas à disponibilidade de aeronaves e peças da indústria aeronáutica ocidental. No entanto, a corporação ROSTEC, que controla a UAC, deu a entender quanto ao comentado acordo iminente que a corporação de fato “planeja assinar alguns acordos com companhias aéreas” neste verão (russo).
De acordo com o diretor geral da ROSTEC, Sergey Chemezov, sua organização planeja entregar 110 aviões civis até 2025 e 500 até 2030. A maioria iria para o Aeroflot Group, que, além da unidade principal com sede em Moscou, inclui a Rossiya, com sede em St. Petersburg e a Podeda, a transportadora de baixo custo com base no aeroporto de Vnukovo em Moscou.
O grupo Aeroflot Group já é o maior operador de jatos russos. A Aeroflot opera nove jatos SSJ100 e a Rossiya voa outros 70 aparelhos do modelo. O grupo decidiu tornar a Rossiya a única responsável pelo Tipo no ano passado mas ainda não concluiu a transferência de suas aeronaves para a subsidiária. Enquanto isso, a Rossiya continua comprometida em se tornar a primeira operadora do novo jato Irkut MC-21, embora a fabricante tenha adiado as primeiras entregas até o final de 2023 ou início de 2024.
As sanções dos EUA contra a Rússia tornaram o MC-21-300 – com motor Pratt & Whitney PW1400G – indisponível, o que significa que o UAC fornecerá apenas MC-21-310 – com motorização (russa) PD-14 e aviônica também da indústria russa.
A UAC divulga que possui estoque suficiente de peças importadas para montar 20 novos SSJ-100 antes da produção do modelo migrar para a versão SSJ-100NEW, que incorporará motorização (PD-8) e aviônica de produção russa.
As circunstâncias forçaram a UAC e o Aeroflot Group renegociar acordos anteriores, incluindo dois acordos assinados em 2018.
Nestes acordos de 2018, a transportadora de bandeira russa (Aeroflot) fez um pedido firme de 100 SSJ-100 para complementar um contrato anterior de 50, incluindo uma cláusula-piloto que exigia que a fabricante retomasse algumas das aeronaves entregues anteriormente. No segundo acordo de 2018, a Aeroflot fez um pedido firme de 50 jatos MC-21 com entrega entre 2021 e 2026, com uma opção para mais 35 jatos. Na verdade, o Aeroflot Group ainda quis mais e ampliou o plano de frota e operação do modelo com mais MC-21 extras via arrendamento operacional das financeiras VEB-Leasing, Sberbank Leasing, Ilyushin Finance, GTLK e outros arrendadoras locais.
A entrada da Aeroflot é responsável pela maioria da carteira de pedidos reivindicada pelo UAC de 175 jatos Irkut MC-21.
Hoje, a Aeroflot não pode se garantir do suporte das fabricantes para seus jatos Airbus e Boeing por causa das sanções do EUA e da União Européia em vigor desde março deste ano, desencadeadas como reposta pela invasão da Ucrânia pela Rússia. Em abril passado, a EASA colocou a Aeroflot e 20 outras transportadoras russas na “lista negra” por motivos de segurança. Separadamente, mais de 60% da frota da Aeroflot está sujeita a ações legais por arrendadores ocidentais que querem retomar suas aeronaves.
Em um contra-ataque, o governo russo ordenou que as transportadoras locais mantivessem suas aeronaves Airbus e Boeing no país. Por causa do risco de reintegração de posse, os aviões efetivamente não podem voar em serviços internacionais, deixando as aeronaves fabricadas na Rússia como a única opção para a Aeroflot. [EL] – c/ fontes