Ainda na fase de estudos de design, EMBRAER revê cronograma e deixa sem prazo lançamento de novo transportador turboélice, em 31.01.23


Os planos da fabricante brasileira EMBRAER para um novo transportador turboélice se ajustaram com a reconsideração dos seus executivos de suas metas de cronograma para um lançamento de produto. Enquanto continuam os estudos sobre as características técnicas do avião, a meta de lançamento anterior de meados deste ano parece improvável, uma vez que as negociações com fornecedores em potencial vão além das expectativas originais, disse Arjan Meijer, CEO da EMBRAER Commercial Aircraft (unidade de negócio de aeronaves do transporte comercial da EMBRAER), para a mídia especializada de aviação AIN no dia 26.

Conforme nota postada pela AIN, Meijer revelou: “Não vamos cumprir os prazos que demos antes e não vamos dar um novo prazo porque não queremos ficar numa posição defensiva”. Meijer acrescentou: “Não estamos lá com os provedores de sistema por todo o conjunto. Estamos tentando atingir o ponto de design do turboélice em todos os aspectos diferentes, então, se não chegarmos lá, não lançaremos. Precisamos de mais tempo”.

A nota pondera que, no entanto, o atraso não mudará necessariamente a data de entrada em serviço de 2028 que a EMBRAER projetou pela última vez, por comentário adicional de Meijer. “Podemos atrasar e ainda atingir a [meta] de 2028”, explicou Meijer. “Mas, neste momento, não sei quanto tempo precisamos … Nem sempre é útil cumprir um prazo. Você precisa deixar essas coisas evoluírem”.

Segundo pontua a AIN, obviamente, um longo atraso na entrada em serviço pode afetar o mercado total de um turboélice convencional, dada a provável introdução de tecnologia como energia híbrida-elétrica em meados da década de 2030.

De fato, a ATR revelou planos para introduzir um turboélice com motorização híbrido em 2030, embora esse projeto continue sendo objeto de estudo de engenharia e analistas de mercado e poucos detalhes sobre suas características técnicas tenham sido divulgadas.

Conforme a nota da AIN, de fato, o chefe de engenharia da EMBRAER, Luis Carlos Affonso, estimou que existe uma ‘janela’ de 15 anos entre a introdução de um turboélice convencional e um motorizado por novas tecnologias. Enquanto isso, Meijer disse que acredita que levará mais tempo para novas tecnologias de propulsão, como híbrido-elétrico e hidrogênio, avançarem o suficiente para alimentar com eficiência um turboélice maior e mais pesado, adequado para transportar entre 70 e 90 passageiros, como a propõe a EMBRAER para um novo modelo de transportador. Um chamado roteiro de sustentabilidade publicado pela EMBRAER no ano passado mostra a introdução de um turboélice movido a hidrogênio em 2045.

O novo projeto de turboélice convencional proposto pela EMBRAER já evoluiu significativamente desde sua concepção em 2017. Mais notavelmente, com a mudança de posição de instalação dos motores, de sob as asas para a parte traseira da fuselagem – um movimento destinado a facilitar as tarefas de manutenção, redução de nível do ruído para a cabine e simplesmente melhorar a estética do avião. Com a substituição dos motores de baixo das asas para a parte traseira da fuselagem, a EMBRAER já começou a considerar a adaptabilidade de seus planos atuais a futuros desenvolvimentos de propulsão, como o hidrogênio. Enquanto isso, a decisão de usar uma fuselagem metálica baseada na solução desenvolvida para os jatos da Família EJets original reduzirá o risco de desenvolvimento, disse Meijer.

Em termos de onde entre as ofertas de produtos de aeronaves comerciais da empresa o turboélice se encaixará, dada uma aparente sobreposição com os atuais EJets, os executivos da EMBRAER dizem que não vêem risco de ‘canibalizar’ seu mercado de jatos com o novo transportador turboélice. Embora planeje projetar o menor dos dois modelos para acomodar 70 assentos numa configuração de classe única, a EMBRAER vê as cias. aéreas escolhendo uma aplicação multiclasse com capacidade para mais de 50 assentos, principalmente no EUA. O modelo de 90 assentos encontrará nicho em mercados como a Ásia, onde características como uma melhoria de velocidade de 20% em relação aos modelos ATR atuais e maior capacidade de assentos irão ajudar a ‘corroer’ a atual posição dominante da concorrente franco-italiana, de acordo com tese da EMBRAER. [EL] – c/ fontes