Airbus afirma que o ecossistema é necessário para cumprir o cronograma de 2035 para aviões do transporte por hidrogênio, em 26.09.21
A Airbus continua trabalhando em um novo conceito para aviões alimentados a hidrogênio e acredita que pode colocá-los em serviço comercial a tempo de cumprir sua meta ambiental previamente declarada de 2035. Mas isso exigirá o desenvolvimento de um ecossistema complexo que vai além dos limites atuais do fluxo principal indústria aeroespacial, disse Guillaume Faury, o CEO da fabricante européia, durante o seminário “Pioneering Sustainable Aerospace” (“Pioneirismo aeroespacial sustentável”), que aconteceu nesta semana que se encerrou, em sua sede em Toulouse.
“Estou confiante de que a Airbus pode cumprir esse compromisso [de um avião movido a hidrogênio entrar em serviço em 2035], mas o avião é apenas parte do desafio. Não podemos fazer isso sozinhos”, disse Faury aos repórteres.
Alcançar a meta de vôos com emissão zero exigirá o apoio de autoridades reguladoras e certificadoras dessas novas energias e as aeronaves que usam esses novos combustíveis e a cooperação de produtores de energia e fornecedores de infraestrutura, disse Faury. Uma grande preocupação, observou Faury, é a escalabilidade e disponibilidade de hidrogênio para abastecer aeronaves em todo o mundo.
Para promover o uso de hidrogênio em aeroportos e montar uma rede européia de aeroportos para acomodar futuras aeronaves a hidrogênio, a Airbus anunciou, em 21 de setembro, uma parceria com a empresa francesa de soluções e tecnologias de gás industrial Air Liquide e a operadora aeroportuária Vinci Airports.
O aeroporto Lyon-Saint Exupery da França será o “sítio-piloto” do projeto e receberá uma estação de distribuição de gás hidrogênio em 2023 para abastecer os veículos (terrestres) de serviço do aeroporto e de seus parceiros. Esta primeira fase testará as instalações e a dinâmica do aeroporto como um “hub de hidrogênio”.
Entre 2023 e 2030, a parceria trabalhará na implantação de infraestruturas de hidrogênio líquido que permitirão o abastecimento de hidrogênio nos tanques das futuras aeronaves. E até 2030, as três parceiras estudarão a possibilidade de equipar a rede européia de 25 aeroportos da Vinci Airports com as instalações de produção, armazenamento e abastecimento de hidrogênio necessárias para uso de serviços de solo e em aeronaves.
De acordo com Faury, “o hidrogênio é feito para a aviação porque não precisamos mudar as leis da física”. Sob um projeto chamado Zero E (de emissão zero), a Airbus revelou três conceitos para possíveis aviões movidos a hidrogênio em setembro de 2020. O Airbus acredita que levará cerca de cinco anos para desenvolver e amadurecer a tecnologia e espera tomar uma decisão final sobre a plataforma de tecnologia de hidrogênio mais adequada em 2024 ou 2025.
O lançamento do programa está previsto para acontecer por volta de 2027, disse Faury, salientando que vai exigir grandes investimentos da Airbus e dos seus fornecedores. “Agora, é pesquisa. É muito cérebro e nenhum dinheiro”, brincou o executivo. Até o lançamento do programa, “vamos precisar de muito dinheiro”. Ele estimou que levará cerca de oito anos para passar do lançamento do programa à entrada em serviço. “A credibilidade da entrada em serviço de 2035 é alta, e cada vez maior”, concluiu.
Os executivos da Airbus se abstiveram de fornecer uma previsão sobre o papel dos aviões movidos a hidrogênio na frota futura, observando que a tecnologia na primeira fase será aplicada apenas em vôos regionais e de curta distância. “Vai demorar muito até vermos aviões movidos a hidrogênio dominando a frota”, afirmou o diretor comercial Christian Scherer. “Veremos combustível de aviação sustentável por várias décadas para [vôos] de longa distância”, acrescentou Sabine Klauke, diretora-técnica/chefe do setor técnico da Airbus.
Em fevereiro, a Airbus se juntou à Air France-KLM, ao grupo de aeroportos ADP e à agência de desenvolvimento Choose Paris Region para solicitar manifestações de interesse em criar centros de hidrogênio para apoiar novas operações de aeronaves. [EL] – c/ fontes