Alta do QAv/JET-A no EUA resultando preços assombrando operadores aéreos nas bombas de abastecimento, em 16.04.22


Os preços do combustível de aviação continuam a subir como resultado das interrupções no fornecimento de petróleo bruto causadas pela guerra Rússia-Ucrânia.

No EUA, o querosene de aviação, QAv, ou JET-A, atingiu preço que acredita-se ser um recorde no paí, com um alta para US$ 12,16 por galão (US$ 3,21/litro) no Aeroporto Teterboro, de Nova Jersey, de acordo com dados atuais de preços de varejo da AirNav, conforme nota da mídia AIN no dia 12 (terça).

“O mercado de combustível para jatos na região Nova York-Nova Inglaterra saltou dramaticamente acima US$ 2 por galão hoje”, observou o vice-presidente de vendas da Avfuel, Joel Hirst. “Você está bem acima de US$ 7 apenas no custo negociado do combustível no mercado de Nova York. Não há transporte, nem taxas de embarque, esse é apenas o custo-base”, completou Hirst.

Com base na cotação do Dólar no fechamento do mercado financeiro brasileiro nesta quinta dia 14, subindo 0,16% para R$ 4,696, após oscilar entre R$ 4,688 e R$ 4,741, o preço de US$ 3,21/litro de venda no no Aeroporto Teterboro corresponde ao R$ 15,1/litro. O preço-base (livre de encargos) de US$ 7/galão (US$ 1,85/litro) corresponde a R$ 8,68/litro. A margem no preço final é de 74%.

Os preços subiram mais rápido em alguns Estados que cobram impostos de combustível como uma porcentagem do preço por galão em vez de um valor fixo por galão. Esses custos devem, por sua vez, ser repassados ​​pelas bases de serviços logísticos aeroportuários (FBO) aos seus clientes. “Eles não têm escolha”, disse Hirst, “eles estão no meio disso agora”.

O Jet-A no nordeste dos EUA é abastecido por três vias: o Oleoduto Colonial, que Hirst disse estar funcionando a plena capacidade para o JET-A, a partir das refinarias na área da Filadélfia, e os destilados importados da Europa.

De acordo com Hirst, é a última via, do combustível importado da Europa, que está causando os problemas de menor disponibilidade e alta de preço, já que os países ocidentais estão evitando a produção de um milhão de barris por dia de petróleo bruto da Rússia.

“Essa escassez é o que elevou o preço na Europa na comercialização e distribuição lá, e assim as importações que normalmente entram no mercado de Nova York foram desviadas e destinadas para a Europa para garantir o abastecimento de combustível de aviação e diesel”, disse Hirst. “As importações são uma parte muito grande do que é necessário para manter toda aquela região em equilíbrio. Você tira um dos três daqui e começa a ficar para trás”, Hirst pontuou.

Hirst observou que outro ponto de “gargalo” na cadeia de suprimentos é o número de navios-tanque que podem transportar combustível a granel.

Ele prevê que os preços “extremos” durarão aproximadamente mais duas semanas, já que os navios voltam a chegar aos portos do nordeste carregados de combustível.

“Vai voltar tão rápido quanto subiu”, disse Hirst para a mídia AIN. “Normalmente, assim que começamos a fazer com que as importações comecem a criar o reequilíbrio de combustível, esses números negociados começarão a cair em grande valor, mas provavelmente estamos olhando para um período de 10 a 12 dias antes de vermos esse efeito acontecer”, completou Hirst.

O relatório da Airnav observou que o preço médio nacional do JET-A na segunda (11) foi de US$ 6,09 por galão (US$ 1,61/litro), acima da média de US$ 4,35 vista há um ano, à medida que a aviação continuava a emergir da crise do Covid.

Enquanto o mercado de Nova York está experimentando preços recordes, outras regiões do EUA também estão notando picos nos preços de combustível. A Nova Inglaterra registrou um pico hoje de US$ 11,29 o galão, seguido pelo Alasca (US$ 10,69/galão), a região do Pacífico Ocidental (US$ 10,56/galão), o sul dos EUA (US$ 10,51/galão), e a região dos Grandes Lagos (US$ 10,38/galão). Esses preços de referência são os maiores valores cotados em cada área, normalmente encontrados em locais de alto tráfego, com o Alasca vendo o preço médio mais alto em US$ 7,34 por galão. Dependendo da distância do destino pretendido, preços descontados ainda podem ser encontrados na maioria das regiões, com a Airnav listando o preço mínimo encontrado no leste do EUA de US$ 3,45 por galão.

“Esta é uma situação muito específica, mas acho que você ainda verá interrupções e volatilidade regionais por um tempo”, disse Hirst.

No Brasil, reajuste de preços
No Brasil, no início de abril, a ABAG postou nota em seu portal divulgando o reajuste de preço de venda da gasolina de aviação (AvGas) e do querosene de aviação (QAv) aplicado a partir do dia 01 (de abril) nas refinarias pela Petrobras.

No caso da gasolina de aviação (AvGas), o preço na refinaria passou de R$ 5,52/litro para R$ 6,48/litro, uma alta de 9,31% (R$ 0,96).

O querosene de aviação (QAv) tem preço dependendo da refinaria e do ponto de entrega. O aumento foi de 18,6%, acima da projeção de reajuste de 17%.

A justificativa da Petrobras foi a volatilidade do barril de petróleo provocada pela guerra na Ucrânia.

No período de 1º de janeiro a 1º de março, o valor do combustível aeronáutico já acumula alta de cerca de 38%, segundo dados da Petrobras.

A ABAG observa que os constantes aumentos de combustível têm um impacto direto no custo de hora/vôo já que cerca de 40% do valor é representado pelo custo do combustível, que por sua vez têm uma parcela de mais de 50% indexadas ao Dólar. E que esse aumento impacta diretamente a aviação geral, principalmente o pequeno operador como aviação agrícola, táxi-aéreo, operadora aeromédico, escola de aviação entre outros.

A ABAG, em defesa do setor e de seus associados, busca constantemente junto das autoridades soluções para diminuir o custo de operação para que a aviação geral possa crescer de maneira sustentável, colaborando no desenvolvimento social e econômico no Brasil.