ANAC e Polícia Federal apreendem em Boa Vista (RR) aeronave com 51 kg de ouro provenientes de garimpo ilegal, após suposto vôo TACA procedente do PA, em 06.12.25
Em nota no dia 03, a ANAC divulgou ação conjunta da agência e da Polícia Federal (PF), com o apoio da Força Nacional de Segurança Pública, realizada no dia 02, que resultou na apreensão de um avião monomotor Beechcraft Bonanza V35 no Aeroporto Internacional de Boa Vista (SBBV), em Roraima, que transportava 51,49 kg de ouro. O minério foi obtido por meio do garimpo ilegal.
A operação foi deflagrada após a inteligência da ANAC apontar irregularidades no plano de vôo da aeronave e mobilizar os agentes federais para uma inspeção imediata.
A fiscalização faz parte das medidas de desintrusão das terras indígenas Yanomami, coordenadas pela Casa de Governo, conforme o Decreto nº 11.390/2024.
O avião modelo Beechcraft Bonanza V35 decolou de Itaituba (PA) com destino ao aeródromo (privado) Condomínio Aeronáutico Monte Cristo (SJ3M), em Boa Vista (RR), mas alterou a rota para o “Atlas Brasil Cantanhede” (SBBV), também em Boa Vista. A mudança levantou suspeitas. A Polícia Federal foi acionada, e na abordagem encontrou 54 barras de ouro e uma pistola Glock calibre 38 a bordo. O avião tinha quatro ocupantes, sendo três passageiros e um piloto.
Boa Vista dista 51 MN de Itaituba. O aeródromo (privado) Condomínio Aeronáutico Monte Cristo (SJ3M) dista 7,7 MN a NW do centro de Boa Vista, e a 6,1 MN a NW do Aeroporto Atlas Brasil Cantanhede (SBBV), na TMA Boa Vista. O Condomínio Aeronáutico Monte Cristo (SJ3M) tem pista (10/28) de 18 x 500 m. de terra (com resistência de piso para aeronave com até 5.600 kg), em elevação de 270 pés, aprovada para vôo VFR diurno, com operação assistida do controle (APP) Boa Vista.
Segundo o relatório da ANAC, o piloto da aeronave possuía habilitações válidas, mas admitiu que o vôo foi contratado mediante pagamento – prática proibida para aeronaves registradas na categoria TPP (serviços aéreos privados), que não podem realizar transporte remunerado. A investigação apontou indícios de Transporte Aéreo Clandestino de Passageiros (TACA), infração prevista na Resolução da ANAC nº 472/2018.
Além do piloto, três passageiros estavam a bordo, incluindo um menor. Um deles afirmou já ter participado de vôos semelhantes.
Os envolvidos foram encaminhados à Superintendência da PF em Roraima, que instaurou inquérito policial e realizou a apreensão do ouro, da arma e da aeronave. Em nota, a Polícia Federal divulgou que os envolvidos poderão responder por crimes como usurpação de bem da União, extração ilegal de recursos minerais, associação criminosa e corrupção de menores.
A ANAC aplicou medidas cautelares, interditando a aeronave e suspendendo as habilitações do piloto. O caso segue sob investigação, podendo resultar em sanções administrativas e criminais.
A fiscalização de aeronaves privadas tem se tornado uma ferramenta estratégica no combate ao garimpo ilegal na Amazônia. Vôos clandestinos são frequentemente utilizados para transportar ouro extraído de forma irregular em terras indígenas, burlando controles e alimentando redes criminosas.
A parceria entre ANAC e Polícia Federal busca desarticular essa logística, garantindo maior controle sobre planos de vôo e operações suspeitas, especialmente em regiões críticas como Roraima e Pará.
