ANATEL avalia instalação de filtros em rádio-altímetros anti-5G em aviões, mesmo diante de risco desprezível de interferências da telefonia no equipamento aeronáutico, em 14.01.22


Fonte: Folha de SP/DefesaNet – 12/01/2022
A ANATEL avalia a necessidade de instalação de filtros em equipamentos de aeronaves para evitar interferências com a chegada da telefonia 5G a partir de julho deste ano.

No final do ano passado, a fabricante brasileira EMBRAER enviou um ofício para a ANATEL questionando sobre possíveis interferências em rádio-altímetros pelo sistema 5G, que será prestado na faixa de frequência de 3,5 GHz. Segundo técnicos da ANATEL, o pedido da EMBRAER é resultado de uma preocupação global dos fabricantes de aeronaves.

No EUA, a FCC, agência federal de telecomunicações equivalente à ANATEL, também foi acionada devido ao início do serviço 5G no país.

Segundo técnicos da ANATEL, esses equipamentos aeronáuticos (rádio-altímetros) operam entre 4,2 GHz e 4,4 GHz, muito distante da faixa de 3,5 GHz.

Segundo o conselheiro Moisés Moreira, que comandará um dos grupos de trabalho de implantação do sistema 5G, o assunto quanto a aeronaves vem sendo acompanhado pela Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação (SOR), responsável por, entre outros assuntos, fazer a gestão do espectro de radiofrequências no país. “Essa gestão do espectro inclui a interação com outros países e o acompanhamento de discussões sobre possíveis problemas de convivência entre diferentes serviços e sistemas, bem como a definição de medidas para mitigar eventuais interferências”, disse Moreira. Ainda segundo ele, a convivência entre os serviços de telefonia e dos rádio-altímetros é uma questão debatida internacionalmente há diversos anos. “Essa discussão ganhou maior repercussão nos EUA com a iminência da ativação do 5G por lá”, disse Moreira.

No Brasil, os rádio-altímetros operam entre 3,70 GHz e 3,90 GHz – com um espaço de até 200 MHz, conhecido como “banda de guarda”. No Brasil, o risco de interferência do sistema 5G (que será prestado na frequência de 3,50 GHz) está afastado porque a “banda de guarda” conta com pelo menos 500 MHz.

Basicamente, “banda de guarda” é a faixa de freqüência sem uso entre dois canais de forma a evitar interferências mútuas – é utilizada entre frequências adjacentes para não haver a necessidade de lidar com desvios de frequência dos osciladores locais e minimizar a interferência entre canais adjacentes.

É uma faixa de frequência estreita que separa duas faixas de frequência mais ampla. Isso garante que os canais de comunicação usados ​​simultaneamente não sofram interferência, o que resultaria na diminuição da qualidade de ambas as transmissões. O conceito de banda de guarda se aplica para comunicações com e sem fio e também simplifica o processo de filtragem de sinal para hardware, software ou ambos.

Mesmo assim, com o risco de interferência do sistema 5G (que será prestado na frequência de 3,50 GHz) do sistema 5G no Brasil estando asfastado, a ANATEL estuda a possibilidade de instalação de filtros nesses equipamentos (rádio-altímetros). Esses filtros impediriam que os aparelhos sofrerem qualquer tipo de interferência, no momento de uma aproximação em um aeroporto com antenas de telefonia da rede 5G na região. Para isso, no entanto, a ANATEL terá de incluir os aviões comerciais no projeto de limpeza da faixa de 3,50 GHz, algo que dependerá de deliberação do Conselho diretor da agência.

A chamada “limpeza da faixa” é uma espécie de filtragem para evitar qualquer tipo de interferência dos serviços.

Antes do leilão do 5G, ocorrido em novembro do ano passado, a faixa de 3,5 GHz era ocupada pela radiodifusão e milhares de antenas parabólicas captavam sinais abertos das principais emissoras nos rincões mais afastados do país.

Para evitar que a telefonia de quinta geração (5G) atrapalhe a recepção de sinais, as operadoras que venceram o leilão depositarão recursos na conta da Entidade Administradora da Faixa (EAF) de 3,50 GHz, que será criada para levar adiante as medidas de mitigação de interferências.

Um dos projetos pré-definidos no edital do 5G estabeleceu a distribuição de kits de recepção das parabólicas, que passarão a operar em outra frequência. A instalação de filtros em aeronaves seria uma nova demanda, não prevista anteriormente pelos técnicos da agência porque não há necessidade, segundo um dos técnicos que participam dos estudos.