ATR “pegará carona” na Airbus e Leonardo para projeto de seus aviões com tecnologia de combustível de hidrogênio, e divulga a recuperação do seu mercado e seus planos estratégicos, em 27.09.21


A ATR considerará o hidrogênio combustível como parte de seu esforço para melhorar o desempenho ambiental de seus aviões regionais, embora contará com os acionistas Airbus e Leonardo para pesquisar e desenvolver a tecnologia.

“Estaremos pegando carona em nossos grandes acionistas”, disse Stefano Bortoli, CEO da ATR, durante uma reunião na sede da fabricante de turboélices, franco-italiana, em Toulouse. “Somos muito pragmáticos. Somos uma empresa com 1.200 colaboradores, não temos 1.000 engenheiros para dedicar à pesquisa e desenvolvimento, não temos grandes laboratórios ou grandes plataformas de teste”, Bortoli explicou e justificou.

A ATR considerará “toda” tecnologia, incluindo híbrido-elétrico, que reduza as emissões de CO2 e a integre em sua plataforma, desde que se prove “disponível e acessível”, insistiu Bertoli.

Sob um projeto chamado ZEROe, a Airbus começou a desenvolver três conceitos para uma aeronave comercial movida a hidrogênio com emissão zero que poderia entrar em serviço em 2035. Um dos projetos se concentra em um turboélice bimotor movido a combustão de hidrogênio em motores de turbina a gás modificados que pode acomodar até 100 passageiros e voar a um alcance projetado de até cerca de 1.000 MN.

A solução de hidrogênio deve ser avaliada, corroborou o engenheiro-chefe da ATR Daniel Cuchet, embora tenha alertado que os colegas da Airbus ainda não determinaram o melhor caminho para o uso do hidrogênio. Além disso, o hidrogênio pode não funcionar para o ATR. “Não estamos construindo uma aeronave para engenheiros”, Cuchet salientou. “Nossos clientes desejam uma aeronave robusta, econômica e versátil. Nem todos os nossos operadores estariam interessados ​​em usar hidrogênio porque não é viável para eles, por razões econômicas ou porque a infraestrutura de hidrogênio relevante não estará instalada. Muitas de nossas aeronaves pousam em pistas não pavimentadas em ilhas remotas”, Cuchet explicou.

Até que a tecnologia do hidrogênio esteja madura, misturar e eventualmente substituir o querosene convencional de base fóssil por combustível de aviação sustentável (SAF) é uma “boa solução de curto prazo”, afirmou Cuchet. Todas as aeronaves ATR (AT42 e AT72) já receberam a certificação para voar com uma mistura (Jet-A/SAF) 50/50, e a ATR pretende obter a certificação operação com combustível 100% SAF até 2025.

Assim como para outras fabricantes, 2020 marcou um ano ruim para a ATR, uma fabricante de aviões turboélices para o transporte regional. A situação está melhorando e as entregas começaram a acelerar depois de uma quase paralisação no ano passado. Cerca de 25 aviões – uma combinação de aparelhos do modelo ATR42, ATR 72 e o ATR72F (para a FedEx) – agora estão na fila para a montagem final. Isso se compara a uma média anterior pré-Covid de 10 aparelhos, de acordo com o chefe da linha de montagem final, Bertrand Villeneuve.

A ATR pretende entregar “pelo menos” o dobro de aviões neste ano do que em 2020, quando entregou apenas 10 aparelhos aos clientes. Além disso, o número de pedidos deve exceder o baixo nível de encomendas do ano passado – de três aviões líquidos. Neste ano, a ATR assinou um acordo com a cia. aérea grega Sky Express para seis novos ATR72-600, mas espera anunciar mais pedidos na feira aeronáutica de Dubai em novembro.

A ATR se concentrará no segmento de 30 a 50 assentos para voltar a crescer, afirmou Bertoli. A divisão de participação no negócio entre os modelos – ATR42/ATR72 – agora está em 20/80, mas pode evoluir para 40/60 seguindo a nova estratégia, disse o vice-presidente comercial sênior Fabrice Vautier. A ATR estima que cerca de 900 aeronaves de 30 a 50 assentos precisarão ser substituídas nos próximos cinco a sete anos, com o EUA, Austrália, Canadá e Japão sendo os principais mercados-alvo. “Estaremos defendendo com vigor a liderança que construímos nesse segmento”, enfatizou Bertoli, acrescentando que o segmento apresenta pouca concorrência.

A previsão exclui a China, onde a ATR vê muito espaço para crescimento, principalmente para turboélices de 30 lugares para atender ao segmento de aviação geral do país e turboélices de 50 lugares para conectar aeroportos regionais. No entanto, o acesso ao mercado está se mostrando difícil. A ATR continua aguardando que a Administração de Aviação Civil da China emita licenças para o ATR42 voar no país. A fabricante esperava a validação da certificação Tipo do ATR42-600 na China no outono de 2020, e agora deposita suas esperanças em meados de 2022. Bertoli absteve-se diplomaticamente de especular sobre os motivos do atraso, dizendo apenas que “todos os tópicos técnicos foram resolvidos em tempo útil”. [EL] – c/ fontes