Avião do transporte comercial, em pouso, atropela e mata 3 capivaras no Aeroporto de Vitória (ES), em 30.06.24


Três capivaras foram mortas atropeladas por um avião da companhia aérea Azul no aeroporto de Vitória/Eurico de Aguiar Salles (SBVT), no ES, na noite de segunda dia 24.

Segundo a Zurich Airport Brasil, operadora-concessionária do aeroporto, a pista precisou ser fechada para o recolhimento das carcaças dos animais e limpeza do pavimento, e o tráfego precisou ser direcionado para segunda pista do aeroporto. Na noite do mesmo dia, a pista foi retomada para operação.

De acordo com a Zurich, a equipe de manejo de fauna do aeroporto, que realiza monitoramento e afugentamento constante de espécies que possam causar incidentes, acompanhou a ocorrência.

A Azul informou que a aeronave que fazia o vôo Belo Horizonte-Vitória colidiu em duas capivaras, e não três como reportado pela Zurich. Segundo a cia. aérea, os animais invadiram a pista durante o pouso. A aeronave não sofreu danos e o desembarque dos clientes aconteceu normalmente.

A Azul opera o vôo 2614, partindo de Belo Horizonte/Confins (SBCF) às 21:40LT (00:40Z) com chegada m Vitória prevista para 22:45LT (01:45Z), com aeronave EMBRAER ERJ-190.

Para o horário normal do vôo, o tempo no aeroporto era muito bom, uma noite com visibilidade “ilimitada” (de 10 km ou superior), sem nuvens de significado operacional abaixo de 5.000 pés (desde às 18:00LT/21:00Z), com vento norte fraco-moderado, com temperatura do ar de 24°C, após uma tarde de tempo bom, com nuvens entre esparsas  poucas com base a 3.000 pés, sem qualquer fenômeno e temperatura do ar pouco abaixo de 30°C

METAR SBVT 250000Z 03009KT CAVOK 24/20 Q1017=
METAR SBVT 250100Z 02009KT CAVOK 24/20 Q1017=
METAR SBVT 250200Z 02010KT CAVOK 24/20 Q1017=
METAR SBVT 250300Z 01008KT CAVOK 24/20 Q1017=

Após obras de ampliação geral, o “Eurico de Aguiar Salles” (SBVT) ganhou uma nova pista – 02/20 (de 45 x 2.058 m., de asfalto, com resistência de pavimento PCN 86) -, em adição à pista original – 06/24 (de 45 x 1.750 m., de asfalto, com resistência de pavimento PCN 45). As pistas são independentes, com as cabeceiras 20 e 24 contíguas. As duas pistas (02/20 e 06/24) contam com sistemas de luzes laterais a cada 60 m., com luzes de cabeceiras e  luzes indicadoras de cabeceira. O tipo de operação por pista/cabeceira, conforme a certificação do aeroporto:
1 – Pista de pouso e decolagem 02/20 – código de referência: 4D;
     cabeceira 02: VFR Diurno/Noturno e IFR não-precisão Diurno/Noturno;
     cabeceira 20: VFR Diurno/Noturno e IFR não-precisão Diurno/Noturno;
2 –
Pista de pouso e decolagem 06/24 – código de referência: 4C;
     cabeceira 06: VFR Diurno/Noturno e IFR não-precisão Diurno/Noturno;
     cabeceira 24: VFR Diurno/Noturno e IFR CAT-I Diurno/Noturno;

Para operação de pouso, existem procedimentos de aproximação IFR por navegação por satélite RNP para as quatro cabeceiras – incluindo procedimentos RNP-AR para cabeceiras 06 e 20; existem procedimentos balizados por VOR para pista 02 e 24, enquanto a cabeceira 24 conta com procedimentos ILS/LOC. Todas as cabeceiras são dotadas de luzes de indicação de rampa de aproximação.

ROTAER informa a concentração de pássaros (urubus) em todos os setores do aeroporto.

Segundo o portal de notícias g1, não é a primeira vez que uma capivara é atropelada por um avião no aeroporto de Vitória. Em 2014, quando o aeroporto operava apenas com a pista 06/24, uma capivara foi morta após atropelada por um avião. Na época, uma equipe de biólogos, contratada pela INFRAERO (então a operadora do aeroporto) para cuidar das questões ambientais, prometeu estudar a situação local para saber as causas que levou a capivara a sair do seu habitat natural, localizado nas imediações do aeroporto.

Já em 2021, outra capivara morreu atropelada por um carro na avenida Dante Michelini, que dá acesso ao Aeroporto de Vitória. Na ocasião, agentes da Guarda Municipal disseram que o animal havia saído da área do aeroporto.

O problema das capivaras no Aeroporto de Vitória foi assunto de uma reportagem no Jornal Nacional em 2015.

De acordo com Marcelo Tavares, biólogo e professor do Departamento de Ciências Biológicas da UFES, o aeroporto fica localizado em uma área de manguezal. “Ali na região do aeroporto tem o mangue, né? Na verdade, o mangue está entre o aeroporto e a praia e uma parte dos copos de água ali entra dentro da área do aeroporto. Então ali é pra ter caranguejo também”, disse o biólogo.

Por causa da proximidade, além de capivaras, outros animais também podem aparecer, como caranguejos.

Em março do ano passado, um vídeo de um vôo do transporte comercial que circulou nas redes sociais (com a fala de um comandante para os passageiros) revelou que uma aeronave com destino do Aeroporto de Vitória foi obrigada (por instrução de controlador) a arremeter na aproximação após o reporte da tripulação da aeronave precedente da presença de caranguejos na pista. A Zurich divulgou que uma equipe de fauna do terminal foi acionada e que na verdade apenas um caranguejo estava na pista. E que logo após a retirada do animal, as operações continuaram normalmente; o avião que precisou arremeter pousou em segurança cerca de 10 minutos depois da fala gravada do comandante (do vídeo de um passageiro), justificando aos passageiros a arremetida.

De acordo com a Prefeitura de Vitória, o município possui uma área territorial de aproximadamente 96,54 km². Deste total, aproximadamente 12 km² são compostos por áreas de manguezal, tornando a capital capixaba a cidade com o maior manguezal urbano da América Latina.