Beechcraft Baron 58 TPP tem dois incidentes em pouso em cerca de dois meses, de estouro de pneu em “Marte”/SP e por falha de triquilha em Aquidauana/MT, em 13.12.22


No último dia 05 (dez., uma segunda), o bimotor Beechcraft Baron 58 PR-WGO (registro de produção sn TH-1398, fabricação 1984) decolou do aeródromo Fazenda São Sebastião (SIWU), em Aquidauana, no MS, com destino ao aeródromo “Aeroclube de Aquidauana” (SSHA), neste município do MS, a 76,5 MN a sudeste. A bordo estavam cinco pessoas, sendo quatro passageiros e um piloto.

Após a decolagem, foi observado que o trem de pouso do ‘nariz’ não travou em cima, tendo a luz “em trânsito” permanecido acesa. Após tentativa de novo ciclo de abaixamento e recolhimento do trem, a indicação de pane persistiu.

O piloto optou por seguir até o destino e, para o pouso, realizou o corte dos motores antes do toque. Após o toque, o trem do ‘nariz’ cedeu gradualmente, com a aeronave fazendo a corrida de pista de pouso se mantendo na pista, até a parada completa. O avião sofreu dano leve, os cinco ocupantes saíram ilesos.

A ocorrência está listada no painel SIPAER, de CENIPA, como incidente de falha de trem de pouso, às 14:10Z (10:10LT). Os trabalhos relativos à investigação aeronáutica (pelo CENIPA) da ocorrência estão finalizados, o avião foi liberado para o operador.

O avião é de propriedade e operação de Pessoa Física, registrado na categoria do transporte privado (TPP), com último registro de compra/transferência em julho de 2022. O avião é aprovado para até cinco passageiros e MTOW de 2.494 kg, para operação IFR diurno/noturno. O Certificado de Aeronavegabilidade (CA) foi emitido em setembro de 2019, o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) foi renovado em novembro – ora com validade até novembro de 2023.

Na FIR Curitiba/SBCW (jurisdição do CINDACTA-II), a 119 MN a NW Campo Grande (SBCG) e 75 MN a leste-sudeste de Corumbá (SBCR), o aeródromo privado “Fazenda São Sebastião” (SIWU) tem pista (14/32) de 25 x 800 m., de grama (com piso com resistência para aeronaves com até 5.000 kg), em elevação de 348 pés, para operação VFR diurna.

Na FIR Curitiba/SBCW (jurisdição do CINDACTA-II), o aeródromo privado “Aeroclube de Aquidauana” (SSHA) dista 62 MN a oeste de Campo Grande (SBCG). Em elevação de 620 pés, o aeródromo tem pista (06/24) de 30 x 700 m., de cascalho (com piso com resistência para aeronaves com até 5.700 kg), para operação VFR diurna.

No dia 16 de outubro (domingo), o bimotor decolou do aeródromo privado “Estância Santa Maria” (SSKG), em Campo Grande/MS, com destino do Aeroporto “Campo de Marte” (SBMT), em São Paulo, para um vôo do transporte privado, apenas com piloto. Na corrida após o pouso, às 19:22Z (16:22LT), constatou-se que o pneu da ‘perna’ esquerda do trem de pouso havia estourado. O avião não teve danos. 

Ao momento, o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) do avião tinha validade até dezembro.

A ocorrência está listada no painel SIPAER, do CENIPA, como incidente de estouro de pneu. No tocante da investigação aeronáutica, o avião foi liberado para o operador. Os trabalhos relativos à ocorrência pelo CENIPA estão finalizados.

Conforme boletins METAR, o tempo no “Campo de Marte” (SBMT) era bom, em condição VMC. Ao momento do pouso, pelo METAR vigente, a visibilidade era de 10 km ou superior, céu com dois estratos de nuvens esparsas, a 2.100 pés e a 2.300 pés; o vento era sudeste (160º/182º) fraco (entre 06 a 08 KT), com variação de direção de 090º, com direções extremas de 110º/132º e 200º/222º (média de 155º/177º), a temperatura era de 22ºC e a pressão atmosférica de 1.016 hPa.

METAR SBMT 161800Z 15008KT 9999 FEW049 22/18 Q1017=
METAR SBMT 161900Z 16006KT 110V200 9999 SCT021 SCT023 22/18 Q1016=
METAR SBMT 162000Z 16008KT 9999 SCT019 SCT021 21/18 Q1017=
METAR SBMT 162100Z 15006KT 9999 SCT019 SCT021 21/18 Q1017=

Verifica-se que a direção predominante (160º/182º) e a direção mínima 110º/132º resultariam componente de proa no pouso na pista 12, com desvio de 60º e 10º com relação ao eixo; a direção máxima 200º/222º resultaria um vento quase transversal.

Em altitude de 2.371, o “Campo de Marte” tem pista (12/30) de 45 x 1.600 m., de asfalto (com resistência PCN 16). O aeroporto é controlado e opera vôos VFR diurno/noturno – com aprovação para operação VFR Especial com Teto de 1.200 pés e homologação para pouso com operação VFR com Teto de 1.500 pés e visibilidade de 5 km, incluindo para circular, e, para aviões, sendo permitidas à noite operações de decolagem somente pela pista 12 e de pouso somente na pista 30.

A pista 12, para pouso, tem interdição dos primeiros 300 m. (a pista 30, para decolagem, tendo interdição dos últimos 300 m.), em virtude de obstáculos no segmento junto da cabeceira 12. As “distâncias declaradas” para decolagem são:
– pista 12: TORA = 1.450 m. ; ASDA = 1.600 m. ; TODA = 1.450 m.
– pista 30: TORA = 1.300 m. ; ASDA = 1.600 m. ; TODA = 1.300 m.

ROTAER informa a concentração de pássaros (urubus) no setor sul do aeroporto e no circuito de tráfego. E também a incidência de pipas junto das cabeceiras (12 e 30) e no circuito de tráfego, principalmente nos finais de semana e feriados.

Conforme carta VAC, o circuito de tráfego – no caso de aviões, de CAT A até C – é pelo setor sul da pista, à altitude mínima de 3.600 pés (1.229 pés AGL) para aviões CAT A e B e de 3.700 pés (1.329 pés AGL) para aviões CAT C, com “perna do vento” pela direita para pista 12 e pela esquerda para pista 30.

Conforme notícia do site g1, por informação da INFRAERO, a pista (12/30) precisou ser “fechada” por cerca de meia hora, a partir das 16:22LT. “A equipe de operações da INFRAERO chegou prontamente no local e prestou todo o apoio necessário”, segundo reprodução da matéria de nota da INFRAERO. Ainda segundo a matéria, não houve impactos das operações e a pista foi liberada às 16:56LT, após o avião ter sido rebocado e as vistorias de pista protocolares teriam sido executadas.

Em rota direta (RM 132º), a viagem seria de 475 MN. Ambos os aeródromos – “Estância Santa Maria” (SSKG), em Campo Grande/MS, e o Aeroporto “Campo de Marte” (SBMT), em SP – são autorizados para operação VFR e as duas terminais (TMA) – Campo Grande e SP – operam vôos VFR por meio de Corredores Visuais (REA).

Uma rota planejável seria a partida do “Estância Santa Maria” (SSKG) via corredor “I”, a partir da posição “LAGOS” (até o Portão de Saída “VISTA”), e seguir direto em um segmento de 379 MN para a posição “CERQUILHO” (a 65 MN no RM 130º de SBMT), e seguir na REA “C” até a posição “SANTANA” (a 16 MN no RM 125º de SBMT), seguir na REA “O” até a posição “PERUS” (a 8 MN no RM 148º de SBMT), seguir na REA “D”, conforme pista em uso no “Campo de Marte” (Portão “PENTEADO”, entrada no circuito para pouso na pista 12, ou Portão “ABRIL”, para operação na pista 30), numa rota somando 480 MN, toda na FIR Curitiba.

No caso de uma Plano de Vôo com mudança de regra (com trecho intermediário em regra IFR), uma alternativa de rota seria do Portão de Saída “VISTA” (REA “I”), após saída do “Estância Santa Maria” (SSKG), no limite da TMA Campo Grande, interceptar e seguir na projeção da aerovia Z14 (FL mín. 150), na radial 137 do VOR Campo Grande (GRD)/curso 318 do VOR Presidente Prudente (PRR), seguir na radial 130 do VOR Presidente Prudente (PRR)/curso 310 do VOR Sorocaba (SCB) até uma distância do bloqueio do auxílio (por exemplo, 25 MN antes, no limite da TMA-SP1), como ponto de mudança de regra, para VFR), seguir para a Posição “RAPOSO” (a cerca de 22 MN do limite da TMA-SP1 e junto do rádio-auxilio VOR SCB, e a 43 MN no RM 112º de SBMT), para seguir na REA “A”, até a posição “FURNAS” (a 28 MN no RM 091º de SBMT), para seguir pela REA “N” até a posição “ANHANGUERA” (a 7 MN no RM 115º de SBMT), e seguir para o “Campo de Marte”, conforme pista em uso (Portão “PENTEADO”, a 3,3 MN no RM 130º de SBMT entrada no circuito para pouso na pista 12, ou Portão “ABRIL”, a 3,6 MN no RM 116º de SBMT para operação na pista 30, ou para o Portão “LUZ”, a 1,7 MN no RM 024º de SBMT, para operação nas duas pistas), numa rota somando 486 MN.

O painel SIPAER ainda lista outras duas ocorrências, de incidentes, com o avião, por trem de pouso e estouro de pneu.

No dia 16/11/2018, o avião, com apenas um piloto a bordo, decolou de Ribeirão Preto (SBRP), em SP, com destino do aeródromo privado “Fazenda Campo Vitória” (SDVA), em Vargem Grande do Sul, em SP, a cerca de 64 MN a SE. Após a decolagem, o piloto solicitou retorno em virtude da impossibilidade de recolhimento do trem de pouso. O pouso foi efetuado em segurança, o avião não teve danos. O CENIPA lista a ocorrência como incidente do tipo “trem de pouso”, registrado no horário de 14:05Z (11:05LT).

No dia 11/11/2017, às 16:48Z (13:48LT), na corrida após pouso no Aeroporto Mário Ribeiro (SBMK), em Montes Claros/MG, o pneu do trem de pouso principal esquerdo esvaziou. O avião procedia de Salvador/Aeroporto Dep. Luís Eduardo Magalhães (SBSV), com dois ocupantes (1 passageiro e 1 piloto). O avião teve danos leves. O CENIPA lista a ocorrência como incidente do tipo “estouro de pneu”.

Em altitude de 2.192 pés, o Aeroporto Mário Ribeiro (SBMK) tem pista (12/30) de 45 x 2.100 m. de asfalto (resistência PCN 34). A pista é equipada com sistema de balizamento, com a cabeceira 12 sendo dotada de sistema de indicação de rampa de aproximação PAPI. O aeroporto tem homologação para operação VFR diurna/noturna e IFR diurna/noturna – contando então com procedimentos de operação IFR de saída e aproximação por navegação e por satélite para as duas cabeceiras (com IAC NDB apenas para pista 30); à época, operava com serviços de informação de tráfego aéreo (AFIS) com expediente de 08:00-04:00Z (05:00-01:00LT).

Boletins METAR mostram que o aeroporto operava com tempo prejudicado por chuva fraca persistente, levando à redução de visibilidade para 4 km (ao momento do pouso), com céu esparso com base a 700 pés e céu nublado em dois estratos a 1.100 pés (Teto) e a 4.500 pés – portando em condição IMC; o vento era de NW fraco, temperatura do ar de 22ºC e pressão atmosférica (QNH) de1.012 hPa.

METAR SBMK 111400Z 00000KT 4000 -RA BR BKN010 BKN035 OVC090 22/19 Q1013=
METAR SBMK 111500Z 06002KT 4000 -RA BR SCT010 BKN035 OVC090 22/20 Q1013=
METAR SBMK 111600Z 00000KT 7000 -RA SCT007 BKN011 BKN045 22/20 Q1012=
SPECI SBMK 111620Z 31003KT 4000 -RA BR SCT007 BKN011 BKN045 22/20 Q1012=
METAR SBMK 111700Z 35003KT 4000 -RA BR SCT007 BKN011 BKN045 22/20 Q1011=
SPECI SBMK 111730Z 01004KT 3000 RA BR SCT007 SCT011 BKN020 22/21 Q1011=
SPECI SBMK 111742Z 36004KT 1000 +RA BR BKN010 BKN020 OVC090 21/21 Q1011=
METAR SBMK 111800Z 36003KT 3000 -RA BR BKN007 BKN015 OVC090 21/21 Q1011 RERA=