Bombardier tadeando o mercado com o programa de aeronaves usadas ‘certificadas’ de fabricante, com resultados iniciais positivos, em 20.10.22
Pouco mais de um ano após o lançamento de seu programa de aeronaves usadas certificadas – CPO – Certified Pre-Owned – como aeronaves “novas”, a Bombardier está motivada pelos resultados iniciais positivos, descobrindo que os jatos participantes do programa estão vendendo cerca de 50% mais rápido do que outros que não estão no programa.
A Bombardier anunciou o programa de aeronaves usadas certificadas (CPO) em julho de 2021, no qual adquiriria jatos Learjet, Challenger ou Global em troca ou no mercado, para submeter os aparelhos à inspeção, atualizações e renovações e para posterior venda. As aeronaves do programa CPO terão garantia e suporte operacional da Bombardier de um ano.
Chris Milligan, vice-presidente do programa de aeronaves usadas e operações de vôo da Bombardier explicou que a rede de serviços da fabricante canadense realizava de 120 a 140 inspeções pré-compra por ano e, ao longo do tempo, assistiu a um processo “um pouco difícil e complicado” entre os compradores, vendedores e corretores. A rede de serviços da fabricante também viu o que aconteceu depois que o comprador adquiriu a aeronave, às vezes tendo que esperar meses para que atualizações fossem realizadas, disse Milligan. “Pensamos que poderíamos criar uma experiência totalmente nova para um comprador, especialmente nos dias de hoje, quando você tem vários compradores de primeira viagem tocando nosso produto pela primeira vez”, explicou Milligan, para acrescentar: “[Com o CPO] Nosso foco é sempre que você compra, você está voando para longe e colocando [a aeronave] em serviço. É uma solução pronta para uso para o proprietário apoiada pela fabricante e sabendo que foi completamente revisada”.
Milligan observa que o trabalho numa aeronave pode ser extenso antes de chegar ao mercado, abrangendo novos interiores, pintura nova, aviônicos atualizados e sistema de conectividade em vôo, além de reparos, melhorias e inspeções detalhadas.
As aeronaves envolvidas no programa CPO são apenas as adquiridas pela Bombardier. Executivos da fabricante disseram que os clientes que compraram aeronaves no mercado aberto ainda podem receber essas atualizações coordenando com sua rede de centros de serviços, mas esses jatos não farão parte do programa CPO.
Peter Bromby, vice-presidente de vendas mundiais da Bombardier, disse que o programa CPO recebeu “nada além de feedback positivo”.
A Bombardier não atualizou seus números de vendas para o programa, mas alguns meses depois de anunciar o programa, no ano passado, os executivos da fabricante observaram que a Bombardier já havia vendido quatro aeronaves e tinha mais quatro em andamento. Além disso, a Bombardier está descobrindo que os corretores estão colocando aeronaves CPO no topo da lista de aeronaves disponíveis para compradores.
Além disso, o programa traz um preço premium. Os executivos da Bombardier deram exemplos de algumas das aeronaves vendidas no ano passado, incluindo um Challenger 300 de fabricação 2006, com cerca de 5.300 horas de vôo, e um Challenger 605 fabricação 2008 e um Global XRS que foi originalmente entregue em 2010. Todos tiveram um extenso trabalho de substituição desde aviônica até armários, e renovação de assentos. Esses foram os exemplos perfeitos para o programa, aqueles que atingiram ou estavam se aproximando da “meia-idade”.
“Nosso foco principal não é apenas combinar um comprador com um vendedor”, disse Milligan. “Nosso foco principal é realmente colocar nossos braços ao redor do avião, atualizá-lo, incrementá-lo e construir o tipo de qualidade e pedigree nesse avião na marca de 10 anos, 15 anos, na marca de 5 anos, em qualquer que seja a marca de vida. A Bombardier não aceitará todas as aeronaves no programa – elas devem atender aos padrões de qualidade para contar como CPO”, acrescentou Milligan.
O momento da Bombardier de entrar nesse nicho de mercado com este programa (CPO) veio quando as vendas de “seminovos” dispararam.
O mercado de aeronaves usadas da Bombardier historicamente tem girado em torno de 440 transações por ano, mas atingiu um recorde de 555 (uma alta de 115 negócios, 26%) em 2021, o maior já registrado, disse Thomas Fissellier, diretor de aquisição de aeronaves usadas e suporte de vendas da fabricante canadense. Com o tempo, a mistura de jatos Challenger e Global está aumentando na fatia desse bolo, apontou Fissellier. Isso e o fato de que o mercado de aeronaves usadas normalmente é três a quatro vezes maior do que o mercado de aeronaves novas apresentou-se como uma forte oportunidade, Fissellier falou. A dinâmica do mercado levou a “algumas boas tendências de preços e valor residual, o que definitivamente foi um vento favorável”. No entanto, acrescentou Fissellier, “toda aquisição de avião foi realmente uma luta do nosso lado” com estoques apertados.
As vendas estão diminuindo um pouco a partir de 2021, reconhece Fissellier, mas ele dizendo que isso pode ajudar a aumentar o conjunto de aeronaves disponíveis que a Bombardier pode buscar para o programa CPO. Mesmo assim, a Bombardier acredita que o mercado geral para suas aeronaves usadas ainda estará acima dos níveis históricos neste ano em cerca de 500 e continuará assim daqui para frente, retornando a um crescimento anual composto de 6%. “Na verdade, estamos muito bem posicionados para capturar essa oportunidade de crescimento”, disse Fissellier.
No auge do mercado, a Bombardier recebia várias ofertas de aeronaves para o CPO em poucos dias. Agora, ainda está recebendo essas ofertas, mas em uma ou duas semanas. Embora um pouco mais lenta do que o “frenesi ofertador” no auge do mercado, a demanda continua forte, disse Bromby.
Uma parte importante do crescimento desse nicho de mercado de comercialização de aeronaves são os compradores de “primeira viagem”. Bromby disse que os compradores pré-pandemia, de novo conceito ou de primeira viagem, representaram cerca de 7% a 9% dos negócios de jatos Bombardier usados – de “segunda mão”. Isso subiu para cerca de 40% a 43% no auge da pandemia, mas agora está em cerca de 21%. “Os compradores de conceito ainda estão por aí”, apontou Bromby. “Muitos deles migraram de clientes de fretamento por demanda (encomenda) – charter ad hoc –, ou apenas pessoas que procuram meios diferentes de viajar, tentando ficar longe das companhias aéreas”, completou Bromby. [EL] – c/ fontes