Centro de Treinamento da ANAC, em Brasília (DF), recebe avião Aero Boero para exposição permanente, junto a um protótipo de um Phenom 100, em 10.05.25

Em nota no dia 07, a ANAC divulgou que o seu Centro de Treinamento em Brasília (DF) recebeu para exposição permanente um avião monomotor Aero Boero AB-115, se juntando a um protótipo do jato executivo EMBRAER Phenom 100, que está em exposição desde 2023.
O avião monomotor a pistão Aero Boero fez parte da formação de uma geração de pilotos brasileiros.
A Aero Boero S.A. foi uma empresa argentina, fabricante de aviões leves, empregados principalmente no treinamento de pilotos. Em 1986, o extinto Departamento de Aviação Civil (DAC) demonstrou preocupação com a situação da frota de aeronaves de instrução dos aeroclubes brasileiros, que era constituída, em sua maior parte, de aviões construídos entre as décadas de 40 e 60, pelo monomotor a pistão equivalente “Paulistinha” – entre os modelos CAP-4, desenvolvido e fabricado pela Companhia Aeronáutica Paulista, e P-56C, posteriormente (a partir de 1956) produzido pela sucessora Neiva.
Entre os anos de 1987 e 1994, o Governo Federal adquiriu 366 aeronaves Aero Boero. Conforme apontado no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), foram 366 aviões, sendo 306 aeronaves AB-115 (84%) e 60 aparelhos AB-180. As aeronaves foram doadas para equipar e reforçar as frotas dos aeroclubes do país naquela época.
Os dois modelos (-115 e -180) são um mesmo projeto de avião de asa alta e perfil NACA 23012. A asa e a nacele são feitas de liga de alumínio reforçado, e as pontas das asas em fibra de vidro, enquanto o resto da fuselagem e empenagem são revestidos em tela com tratamento anticorrosivo, com sua estrutura em tubos de aço soldados. A versão de aeronaves de instrução-treinamento, a mais comum, contém dois assentos em configuração tandem, com o aluno-piloto no assento dianteiro, e o instrutor no assento traseiro. Atrás do assento traseiro há um compartimento para bagagens, com uma capacidade de no máximo 25 kg. Ambos os ocupantes entram e saem por uma única e larga porta no lado direito da cabine. Os comandos de vôo são duplicados, sendo o manche central, manete de potência, pedais do leme e do freio mecanicamente conectados aos do assento traseiro; o manche e a manete de potência do assento traseiro podem ser removidos para levar passageiros. Os comandos de voo primário são atuados por cabos e polias. Os ailerons são fabricados de liga de alumínio, enquanto o leme e profundor são feitos de tubos de aço revestidos em tela. Os flapes tem quatro posições (0º, 15º, 30º e 45º), e são atuados mecanicamente por uma alavanca na parte superior esquerda da cabine. O compensador do profundor está localizado no bordo de saída do mesmo, e é atuado por uma alavanca do lado esquerdo da cabine. O leme e o aileron esquerdo também possuem abas de compensador, porém estes só podem ser ajustados em solo. A aeronave possui trem de pouso do tipo convencional. Cada uma das rodas do trem principal é fixada em três pontos: duas juntas articuladas, e um amortecedor. As rodas são feitas de liga de alumínio e magnésio, equipadas com freios independentes atuados hidraulicamente. A aeronave, entretanto, não possui freio de estacionamento – quando estacionada, deve ser necessariamente calçada. A bequilha é conectada ao leme por duas molas, mas também pode girar livremente quando destravada. A capacidade de combustível é de 115 litros, sendo o combustível utilizável apenas 110 litros, alimentado por AvGas. São dois tanques de combustível feitos de alumínio, fixados por cintos metálicos na raiz de cada lado da asa. A quantidade de combustível é medida por dois vidros mostradores separados, um em cada lado da cabine. Há também duas seletoras de combustível, uma para cada tanque, podendo ser independentemente abertas ou fechadas.
O Aero Boero AB-115 foi produzido de 1969 a 1975. O modelo é equipado com motor Lycoming O-235-C2A, de 4 cilindros opostos, arrefecido a ar, de 115 HP, com hélice bipá metálica de passo fixo Sensenich 72 CK-050. O sistema de injeção de combustível utiliza um carburador FACET MA 3PA, equipado com aquecimento. O motor também é equipado com um alternador Prestolite, dois magnetos Bendix Scintilla S5LN e um motor de arranque Prestolite. O lubrificante é armazenado no cárter. O sistema de lubrificação também inclui um radiador de óleo na entrada de ar do motor. No quesito instrumentos, o AB-115 é equipado com o básico, certificado para VFR diurno.
O Aero Boero AB-180 foi produzido de 1967 até 2000. Trata-se da variante do AB-115 com motorização de maior potência, com motor Lycoming O-360-A1B, de 4 cilindros opostos, refrigerado a ar, de 180 HP. O modelo é utilizado por aeronave-rebocadora para planadores.
O Aero Boero exige muito dos pilotos, desde o táxi e, principalmente, no pouso, por se tratar de um avião com trens convencionais. Contudo, é considerada excelente para a formação dos profissionais.
Outra aeronave em exposição no CT da ANAC é um protótipo do EMBRAER Phenom100, que foi a primeira aeronave a passar por todo o processo de certificação civil inicial após a criação da ANAC, no dia 09/12/2008.
O modelo exposto é um mockup (representação visual) em escala real e passou por alguns ensaios de desenvolvimento e certificação, que envolvem a qualidade de vôo (congelamento aerodinâmico da configuração, característica de estol, estabilidade e etc), a performance (velocidade de estol, performance de subida e decolagem etc.) e os sistemas (motor, combustível, piloto-automático e etc).