Chefe da FAA defende que a questão de rede 5G traz “foco nítido” na necessidade de olhar além da indústria da aviaçãoe modelo de parcerias proativo para fazer frente à dinâmica da evolução tecnológica, e aponta ações em prol de fomento da segurança da aviação geral, em 25.01.23
As preocupações em torno da implementação da rede 5G colocaram em “foco nítido” como a indústria da aviação está indissociavelmente encadeada com outras e como a indústria deve trabalhar mais rapidamente e de maneira ágil para antecipar os riscos que a inovação emergente pode representar, disse o administrador interino da FAA, Billy Nolen, em um webinar no dia 18 organizado pela RTCA (de Radio Technical Commission for Aeronautics, uma associação fundada em 1935 como Comissão Técnica de Rádio para a Aeronáutica).
Nolen disse que quando ingressou na agência (FAA) há um ano, grande parte do diálogo envolvia a rede 5G e “como vamos evitar cair em algum tipo de grande crise”.
Mas Nolen observou que, acreditando que a rede 5G e a aviação comercial poderiam coexistir, a FAA procurou não apenas o setor de telecomunicações, mas também as agências governamentais. Nolen sustentou os feitos de “grandes progressos” como resultado de parcerias colaborativas. E acrescentou: “Temos que nos engajar cedo e com frequência. Então, nós definimos isso como um modelo”.
A FAA, no entanto, também precisa analisar o que pode ser feito coletivamente para tornar os processos mais rápidos, como conduzir uma nova geração de padrões de desempenho de rádio-altímetro, à medida que o setor de telecomunicações já olha além de 5G, para a 6G e além. “Estamos acostumados a esse horizonte de 7 a 10 anos para fazer as coisas, mas agora temos que pensar em metade desse tempo ou até menos, porque essa é realmente a taxa e o ritmo em que a tecnologia está avançando”, Nolen disse.
Para isso, a indústria precisa se manter “parceira”, Nolen sustenta. “Dependemos do setor para fornecer conhecimento técnico de como nossos sistemas essenciais e críticos podem continuar a operar com segurança, eficiência e eficácia, seja a 5G ou algum outro fator de risco potencial. Temos que garantir a segurança enquanto estamos preparados para que nossa forma de operar mude novamente, e a aviação não pode mais se dar ao luxo de se tratar como uma sociedade fechada”, falou Bolen.
A indústria deve considerar outros setores, como telecomunicações ou fornecedores de serviços de eletrônica e eletricidade, que alimentarão futuras aeronaves elétricas, defendeu Nolen. “Precisamos dessa tensão criativa, dessa troca de filosofias entre as diferentes indústrias”. Em segundo Nolen, esta mesma abordagem deve ser adotada também com a comunidade global de aviação com uma abordagem harmonizada.
Embora a FAA deva dedicar seu tempo para manter a segurança como sua missão primordial, a agência também deve ser propositiva e agir rapidamente sempre que possível, defende Nolen, apontando a indústria de drones como exemplo.
A FAA no final do ano passado licenciou seu milionésimo drone no EUA e está projetando que até 2025 poderá ver 2,5 milhões aparelhos.
Ao mesmo tempo, a FAA deve se preparar para a mobilidade aérea avançada (AAM – Advanced Air Mobility). Para esse fim, Nolen ecoou os sentimentos de outros líderes do setor ao dizer: “Não consigo imaginar um momento mais emocionante do que este em que estamos agora”.
A FAA está adotando uma “abordagem muito propositiva e orientada” usando três abordagens: certificação, operações e integração no espaço aéreo.
Com relação à certificação, Nolen disse: “Temos um caminho bastante direto que é algo em que somos realmente muito bons”. Quanto às operações, segundo Nolen a FAA está analisando a natureza de vôo e deseja garantir que os pilotos estejam preparados para a capacidade de vôo (elevação) vertical e vôo para frente (frontal), bem como a possibilidade de autonomia, para o segmento de mobilidade aérea avançada (AAM – Advanced Air Mobility). A integração deve ser perfeita com uma abordagem harmonizada com tais operações fora do EUA, disse Nolen.
A FAA está ciente de que alguns no setor de de mobilidade aérea avançada (AAM) têm esperanças para 2023, mas com base em conversas com o setor, o ano de 2024 ou início de 2025 pode ser mais provável para a entrada de operações deste segmento. “Vamos ver como isso funciona”, Nolen disse. “Posso dizer … nunca sacrificaremos a segurança pela tecnologia, mas estamos cientes de que trabalharemos juntos de uma maneira muito ambiciosa e objetiva para garantir que possamos reunir tudo com segurança e em escala”, completou Nolen.
Ao fazer assim, a FAA deverá considerar o equipamento obsoleto e o que não é mais necessário. “Esse é um dos exercícios que realmente estamos analisando”, disse Nolen, mas ele alertou que, dada a complexidade do sistema de espaço aéreo e a interconectividade de seus sistemas, “temos que ter cuidado sobre como separamos a velha tecnologia para estarmos certos que não haja efeito de imitação e certificarmos-nos de que não haja uma consequência não intencional de impor restrições à tecnologia mais recente”. “Mas é um exercício que vale a pena avançar porque pode liberar recursos”, afirmou Nolen.
No webinar, Nolen ainda abordou uma série de outros assuntos, desde força de trabalho e reautorização (reaprovação) da FAA até sustentabilidade e segurança geral da aviação.
Sobre este último tópico (segurança geral da aviação), Nolen observou como a FAA, em colaboração com a indústria, vem difundindo modelos baseados em risco na aviação geral. A agência também tem realizado “cada vez mais divulgação”, observando que “nos últimos meses de 2022, a equipe de segurança da FAA realizou 566 seminários com mais de 13.000 participantes”. Nolen citou a feira de aviação anual EAA AirVenture, em Oshkosh, no Wisconsin: “Estamos usando todos os caminhos e todas as ferramentas em nossa caixa de ferramentas”.
Nolen também destacou o papel da tecnologia e como certos equipamentos chegam às aeronaves leves bem antes das aeronaves de maior porte, dada a diferença nos requisitos de certificação. “Você tem um iPad, você tem um Garmin, você tem sua exibição de mapa/carta em movimento … Aproveitamos isso para melhorar a segurança na aviação geral. Então vamos continuar fazendo isso”.
Nolen disse que é realmente “apaixonado” por mudar para um modelo totalmente preditivo para impedir os acidentes antes que aconteçam.
Nolen elogiou ainda mais o progresso nos sistemas de gerenciamento de segurança (SMS – Safety Management System). Embora a FAA tenha emitido a proposta de torná-lo obrigatório para fabricantes e operadores no segmento do transporte público não-regular, sob demanda, PART-135 e ainda PART-91/SAE, muitos operadores e agentes já adotaram voluntariamente esses programas. “Achamos que é um grande passo à frente. A aviação executiva sempre levou a segurança muito, muito a sério”. [EL] – c/ fontes