Cias. aéreas do EUA alertam para possível “caos” se 5G não for limitado perto de aeroportos e pedem terceiro adiamento, em 19.01.22
Fonte: g1 – 18/01/2022
Presidentes de 10 cias. aéreas do EUA emitiram um alerta na última segunda (17) às autoridades para alertar sobre o possível “caos” que representaria a ativação de rede 5G nas proximidades de aeroportos, em uma carta obtida pela agência de notícias AFP.
A estréia de uma nova faixa da nova tecnologia está prevista para a próxima quarta (19), depois de ser adiada duas vezes por causa das preocupações de interferências que a rede pode causar em aeronaves.
“Escrevemos para pedir urgentemente que a 5G seja implementada a partir de 19 de janeiro em qualquer local, exceto a 2 milhas [cerca de 3,2 km] das pistas de aeroportos, como foi definido pela FAA [autoridade de aviação federal]”, destaca a carta, também assinada pelas gigantes de logística FedEx e UPS. “Em um dia como o último domingo, mais de 1.100 vôos e 100.000 passageiros estariam sujeitos a cancelamentos, desvios e atrasos”, temem os presidentes das empresas aéreas, incluindo American Airlines, Delta e Southwest.
1 – O que está acontecendo?
As aéreas afirmam que o uso da Banda C (faixa que utiliza o espectro entre 3,70 GHz a 6,425 GHz) na 5G poderia interferir em componentes eletrônicos da aeronave, especialmente os rádio-altímetros. Esse equipamento opera por rádio-frequência nas aeronaves e usa faixa de frequência próxima a da 5G.
As cias. aéreas defendem uma pausa “até que a FAA possa determinar como essa implantação pode ser realizada com segurança e sem interrupções catastróficas”.
Preocupada com possíveis problemas de interferência com os rádio-altímetros, a FAA emitiu diretrizes que limitam o uso desse equipamento e outros integrados ao rádio-altímetro em algumas situações e na última sexta (14) pediu à AT&T e à Verizon que adiassem a ativação da Banda C perto de um número indeterminado de “aeroportos prioritários” enquanto um estudo mais aprofundado é realizado.
Essa pesquisa irá determinar exatamente quantos aviões podem ser impactados. Por enquanto, a autoridade permitirá que aviões com rádio-altímetros precisos e confiáveis operem em regiões com 5G. Mas os aviões com rádio-altímetros mais antigos não poderão fazer aterrissagens em condições de baixa visibilidade.
2 – O que dizem as operadoras?
O CTIA , um grupo da indústria de redes sem fio dos EUA, divulgou que a 5G é segura e acusou a indústria da aviação de espalhar o medo e distorcer os fatos.
A organização divulgou que a Banda C já foi implantada em cerca de 40 países, sem relatos de interferência prejudicial com equipamentos de aviação.
A agência de notícias Associated Press disse ainda que o CEO da AT&T, John Stankey, e o CEO da Verizon, Hans Vestberg, se ofereceram para reduzir alcance de suas redes 5G perto dos aeroportos, como está sendo realizado na França.
3 – O que acontece agora?
A AT&T e a Verizon poderão lançar a 5G na Banda C neste mês sob as licenças já concedidas pela FCC. As cias. aéreas têm até sexta (20) para dar às operadoras de telecomunicações uma lista de até 50 aeroportos onde acreditam que o alcance da 5G deve ser reduzido até 05 de julho, segundo a Associated Press.
Até julho, as operadoras de telecomunicações conversarão com a FAA e as cias. aéreas sobre possíveis medidas a longo prazo em relação ao serviço 5G próximo dos aeroportos.
Entretanto, nos termos do acordo com a FAA, a AT&T e a Verizon terão competência exclusiva para decidir se serão feitas quaisquer mudanças no serviço.
4 – Por que isso está acontecendo somente nos EUA?
No EUA, a Banda C da 5G vai até 3,98 GHz, próximo da frequência dos rádio-altímetros, que operam entre 4,2 GHz e 4,4 GHz.
Na União Europeia, a Banca C vai de 3,4 GHz a 3,8 GHz, enquanto na Coreia do Sul, o alcance é de 3,4 a 3,7 GHz, segundo a Reuters.
No Brasil, por exemplo, as operadoras podem operar até a faixa de 3,7 GHz – com uma “banda de guarda” bem maior, que reduz os riscos de interferência.
Quanto maior a frequência, mais rápido o serviço tende a ficar – por isso, as operadoras querem tirar proveito de toda a Banda.
A preocupação é que a chamada “banda de guarda”, que funciona como uma faixa de segurança entre as frequências, é menor do que em outros países.
“Esse maior distanciamento em frequência, chamado de banda de guarda, acarreta melhores condições para a convivência, e menor risco de interferências no território brasileiro”, afirmou Moisés Moreira, conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e presidente do Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência (GAISPI).