COMAC vendo entregas do jato regional ARJ-21 chegando ao número de 70 e ainda amargando percalços na campanha de certificação do C919, em 18.02.22
Seguindo o exemplo do MD-82 e programas subsequentes da McDonnell Douglas lançados para montagem na China na década de 1980, o jato regional ARJ-21 (de 90 assentos), produzido pela COMAC (Commercial Aviation Corporation of China) desde o início da fabricante chinesa em 2009, alcançou uma medida de sucesso no mercado nacional, com 66 aparelhos do modelo entregues até o final de 2021, segundo dados da Ascend by Cirium.
Reportagens do jornal chinês Global Times divulgaram, em dezembro, que a cia. aérea regional indonésia TransNusa, controlada pela a China Aircraft Leasing Group Holdings, serviria como cliente de lançamento internacional do ARJ-21 em 2022. A mídia noticiou ainda que a China Aircraft Leasing Group Holdings, detentora de 36% da Transnusa, havia concordado na aquisição de 60 ARJ-21 para entrega até 2026.
Lançado em 2002 por um consórcio liderado pela empresa de defesa Aviation Industry Corporation of China (AVIC), o programa ARJ-21 viu o protótipo fazer seu primeiro vôo em 2008, com a primeira entrega para a Chengdu Airlines em 2015. A Administração de Aviação Civil da China (CAAC) emitiu o certificado de produção do ARJ-21 em 2017.
Em suas projeções de mercado no período 2020 a 2039, a COMAC registra que, até o final de 2019, a China (excluindo Hong Kong, Macau e Taiwan) operava um total de 59 jatos regionais. Com a retirada gradual da série ERJ-145, da EMBRAER, e a entrada do ARJ21-700, a COMAC registra que a frota de jatos regionais China atingiu gradualmente o estágio em que as aeronaves ARJ-21-700 e Bombardier CRJ-900 se destacaram como os principais tipos turbofan.
Segundo a COMAC, a operadora chinesa One Two Three Airlines, subsidiária da China Eastern Airlines (CEA), operava três ARJ-21 no final de 2020 e esperava receber seis jatos do modelo em 2021 e oito em 2022. “Até 2025, o tamanho da frota de aeronaves chegará a 35 ”, divulga a COMAC.
O primeiro ARJ-21 da China Southern Airlines (CSA) entrou oficialmente em serviço comercial em 15 de julho de 2020. A Air China adquiriu seu quarto ARJ-21 em março de 2021, em arrendamento da CNAC Beijing Financial Leasing Company.
“Com a assinatura dos contratos de compra de aeronaves ARJ-21-700 pelas três principais cias. aéreas da China e a entrega da primeira, bem como a melhoria da capacidade de produção das aeronaves regionais COMAC, a proporção de aeronaves ARJ-21-700 na frota regional da China continua a aumentar”, divulga a COMAC.
Os dados das frotas da plataforma Cirium indicam que a COMAC entregou 66 ARJ-21 a oito operadoras até o final de 2021, disse Rob Morris, chefe global da consultoria Ascend by Cirium, para a mídia AIN, que postou matéria a respeito do avanço do programa do jato regional chinês.
“Houve marginalmente menos entregas registradas no ano passado: 21 em comparação com 23 em 2020”, disse Morris, para seguir: “Os mesmos dados registram uma carteira de pedidos firmes de 361 aeronaves [de 13 cias. aéreas e seis clientes lessoras – para arrendamento operacional] para o ARJ-21. Espera-se que as entregas aumentem significativamente em 2022 e, o mais importante, incluam as primeiras entregas de exportação para a TransNusa, na Indonésia”.
Voltando-se ao modelo C919, o novo jato de corretor único (fuselagem estreita) da COMAC, projetado para concorrer com o Airbus A320 e o Boeing 737, Morris citou uma carteira de 303 aeronaves de cinco cias. aéreas e nove clientes operacionais. “Esperamos que o primeiro C919 seja entregue à China Eastern Airlines em algum momento de 2022, embora mais atrasado em relação à última previsão de final de 2021, conforme anunciado pela COMAC no início do ano passado”, disse Morris.
Até o momento, na campanha de certificação, “por reportes que emergiram no final do ano passado, o C919 completou menos de 50 vôos entre os mais de 200 que foram planejados e necessários para a homologação (na China)”, salientou Morris.
À luz da quantidade aparentemente significativa de trabalho restante, Morris citou o risco de mais atrasos, além de 2022, se a COMAC não melhorar significativamente o nível de progresso atual. “Não está claro se uma regulamentação mais rigorosa da FAA e EASA é a causa desse atraso, mas, considerando os atrasos significativos já vistos no programa ARJ, parece mais provável que a relativa falta de experiência da COMAC seja um fator causal”, observou Morris. Ainda segundo Morris, também houve relatos mais recentemente de que “o projeto da aeronave está sendo revisado como consequência de alguns testes, e isso também pode adicionar mais adiamento do programa”. [EL] – c/ fontes