Dados da consultora americana de mercado de aviação executiva JetNet apontam para “incertezas” e menor nível de otimismo e estabilização de atividade e do mercado de aeronaves usadas, em 26.09.24
Em post no dia 25, Curt Epstein, editor-sênior da mídia AIN, escreveu que a última pesquisa trimestral da consultora americana de mercado de aviação, especialista em inventário de dados JetNet mostra crescente incerteza e pessimismo no setor de aviação executiva.
O artigo de Epstein foi escrito em meio e em repercussão do Jetnet iQ Global Business Aviation Summit (Seminário Global de Aviação Executiva JetNet iQ), que aconteceu nos dias 24 e 25, em Nova Iorque (EUA).
Epstein revela que Rolland Vincent, fundador da pesquisa iQ e chefe da Rolland Vincent Associates, falando no dia 25 durante seminário anual da consultora JetNet iQ, observou que na pesquisa do terceiro trimestre quase 60% dos 400 entrevistados indicaram que sentiam que o setor ainda não havia atingido o ponto mais baixo no atual ciclo de negócios, superando em quase 2 para 1 aqueles que acreditam no ciclo em alta.
No EUA – o maior mercado de aviação executiva do mundo – o otimismo líquido do setor atingiu seu ponto mais baixo desde o surto inicial da Covid em 2020, com pouca variação entre os segmentos de operadores de aeronaves.
“Estamos em um lugar um pouco estranho”, disse Vincent. “Parte disso são tensões geopolíticas, incertezas nas eleições presidenciais com certeza, mudanças nas taxas de juros, inflação, todos esses tipos de coisas e apenas tensões gerais em torno da riqueza. Acho que tem a ver com os desafios dos que têm e dos que não têm que estamos vendo em nossa sociedade novamente”, avaliou Vincent.
Apesar desse pessimismo de curto prazo, os entrevistados da pesquisa da JetNet indicaram que, nos próximos 5 a 10 anos, metade esperava aumentar a utilização de suas aeronaves, enquanto 46% previam aumentar sua frota atual de aeronaves executivas.
Embora o produto interno bruto (PIB) do EUA continue crescendo, o número de operações de jatos executivos no EUA caiu de um pico de 5,4 milhões em 2022 para um patamar de pouco mais de 5 milhões nos últimos dois anos, enquanto a frota de jatos executivos do país “pairou” acima de 15.000 unidades nos últimos três anos.
O estoque de usados para quase todos os segmentos da indústria de aviação continua aumentando, com exceção de grandes jatos executivos de ultralongo alcance, que se estabilizaram em aproximadamente 6,4% da frota no mercado, e jatos “pessoais”, que caíram para 7,2% de disponibilidade em agosto.
Vincent observou a estabilização contínua no mercado de jatos usados, já que algumas aeronaves semi-novas começaram a aparecer no mercado pela primeira vez em vários anos. “O mercado está se movendo e está se normalizando de volta para sete a oito por cento da frota”, disse Vincent durante a sua apresentação no seminário. “Queremos começar a ver números como esse porque com pendências de dois anos, [usados] é outra maneira de atrair pessoas para o setor”, destacou Vincent.
Embora as fabricantes de aeronaves tenham sido eficientes em manter seus preços sob controle diante da inflação nos custos, como materiais e mão de obra, Vincent espera ver aumentos nos preços, ele observando: “Teremos que observar isso porque só podemos ir até certo ponto antes de vermos a demanda cair”.
Atualmente, o mercado de aeronaves executivas mantém carteira de pedidos (backlog) de US$ 51 bilhões. As taxas book-to-bill estão caindo de suas máximas pós-Covid para uma relação 1 : 1 mais normal. “Estamos em uma posição muito boa do ponto de vista de fábrica nos últimos dois anos, recebendo mais pedidos e preenchendo essa carteira [backlog]. Agora temos que entregar; transformar isso em dinheiro é um desafio”, apontou Vincent.
A JetNet prevê que 2024 terminará com 808 entregas de jatos executivos e, em sua última previsão do setor, a consultoria prevê entregas de 8.644 novos jatos executivos na próxima década, com um valor de US$ 262 bilhões. Isso representa uma redução líquida de 40 jatos (4,7%) em relação à previsão do ano passado. Desse total, os segmentos de jatos leves e grandes de ultralongo alcance constituem as maiores porções, com 22,6% e 22,2%, respectivamente. A previsão também prevê a desativação de quase 4.000 jatos nos próximos 10 anos.
Para o mercado de turboélices, a previsão de 10 anos prevê a entrega de 4.332 turboélices – quase 10% deles bimotores – no valor de US$ 25 bilhões, ponderados contra a desativação de quase 3.500 aeronaves. [EL] – c/ fonte