Dados da WingX sugerem que o potencial aumento no número de aeronaves executivas pode não ser viável pela redução de absorção no advento de uma iminente recessão econômica – e o desequilíbrio oferta/demanda pode sinalizar queda no setor da aviação, em 12.03.25


Em post no dia 11 na plataforma online da mídia, Charles Alcock, editor-chefe da AIN articulou que a trajetória amplamente ascendente da aviação executiva pode ser truncada devido aos temores de recessão que se espalham para o oeste através do Atlântico até a América do Norte, de acordo com os primeiros indicadores de mercado monitorados pela especialista em dados WingX.

Em uma apresentação para a conferência anual da BBGA – British Business and General Aviation Association (associação da aviação geral-executiva britânica) no dia 11, o diretor administrativo da WingX, Richard Koe, alertou que a indústria pode em breve ter mais aeronaves oferecidas do que pode ser suportado pelos níveis de demanda.

“O número médio de horas voadas por aeronave está atualmente entre 60 e 65 horas de vôo por mês”, apresentou Koe. “Mas estamos começando a ver uma pequena lacuna entre o número de aeronaves que chegam ao mercado e os níveis de atividade, e agora há preocupação sobre uma potencial recessão no EUA, e o mercado de fretamento é onde veremos a virada primeiro”, disse Koe.

No mesmo dia, a consultoria de aviação britânica Altea sinalizou que o mercado pode ter atingido um ponto alto, prevendo uma queda nos valores de aeronaves usadas neste ano. “Por exemplo, 2024 viu os preços pedidos para aeronaves de cabine larga de longo alcance caírem em média 8%”, disse o sócio da Altea, Andrew Butler. “Se este ano seguir a mesma trajetória, a indústria de jatos executivos pode se encontrar em uma situação em que espelha o mercado estável testemunhado após a crise financeira por volta de 2010”, acrescentou Butler.

Desde a eleição presidencial em novembro, a indústria do EUA tem estado em forte modo de crescimento, reforçando a posição dominante do país respondendo por cerca de dois terços (67%) do mercado global pela maioria das métricas. Mas Koe apontou as perdas do mercado de ações desta semana e as preocupações comerciais sobre o impacto do tarifário sobre importações adotado pelo EUA como potenciais disruptores da demanda da aviação executiva.

Os dados de atividade de vôo da WingX para jatos executivos e turboélices em janeiro e fevereiro mostraram que a América do Norte manteve um crescimento de 1,9% na comparação com o mesmo período no início de 2024. Em contraste, a Europa caiu 0,6%, e a Ásia-Pacífico e a Australásia ficaram estáveis, enquanto a América Latina cresceu 5,7%, a África cresceu 6,1% e o Oriente Médio 0,2%.

De acordo com Koe, janeiro foi o mês mais movimentado que a WngX registrou, e a aviação executiva global aumentou em volume em 35% desde os níveis pré-pandêmicos em 2019.

Dentre os números gerais, a atividade de vôo por fretamento (PART-135) cresceu mais lentamente em 20% durante este período.

Na Europa, a WingX observou flutuações significativas nas condições de mercado. “O Reino Unido tem sido, relativamente, um mercado mais forte com crescimento de 4%, mas a Europa Central e Oriental caiu de um penhasco devido ao colapso da demanda russa lá”, explicou Koe. “Mas houve um grande aumento [na atividade de vôo] na Turquia e no sudeste da Europa devido à presença russa lá, e o sul da Europa ao redor do Mediterrâneo viu um crescimento transformador”, apontou Koe.

No geral, o setor de aviação executiva da Europa declinou na era pós-Covid. A Alemanha foi a mais atingida com uma queda de 18%, enquanto a Itália e a Espanha registraram crescimento de quase 30%, em um cenário misto, de contrastes fortes.

Comparando os modelos operacionais, os dados da WingX mostram que o segmento de aeronaves gerenciadas (sob gestão) é responsável pela maior parcela da atividade de vôo, com a solução de compartilhamento de aeronaves mostrando o crescimento mais forte em 59% desde 2019. “[Por outro lado], os departamentos de vôo corporativo estão pequenos e estão caindo”, disse Koe.

As frotas de propriedade compartilhada aumentaram 12,2% entre 2019 e 2024 e a uma taxa maior de 16,2% desde o início de 2024. Nos mesmos períodos, as frotas corporativas diminuíram 3,8% e 9,1%, respectivamente. As frotas gerenciadas cresceram 5,7% entre 2019 e 2024, enquanto a frota de aeronaves particulares aumentou 5,7% e a frota de operação fretada apenas 0,1%.

Nos últimos seis anos, os dados da WingX mostram que o setor de jatos superleves na Europa cresceu 30,9% e os jatos supermédios 39,4%. Durante o mesmo período, jatos pesados, modelos médios, jatos do transporte comercial na versão executiva e jatos “de nível básico” tiveram declínios de dois dígitos. Koe destacou os modelos (jatos leves) EMBRAER Phenom 300 e Pilatus PC-24, (jatos médios) Cessna Citation Latitude e Bombardier Challenger 300/350 como os mais procurados até agora neste ano. [EL] – c/ fonte